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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

Amor sempre....

Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

03 maio, 2025

O Pequeno Homem-Aranha

Aleatoriamente um toque de poesia
Entrada de diário


Kalil veio correndo com os pés descalços, o rosto iluminado de entusiasmo e uma mãozinha estendida na minha direção. “Mamãe, olha!”, ele disse, com um brilho nos olhos que só criança feliz tem. Na palma suada da mão, uma aranha pequena, indefesa, quase invisível. Meu coração deu aquele salto instintivo de mãe, mas segurei o susto e respirei fundo. “Eu sou o Homem-Aranha!”, ele declarou com orgulho, como quem revela uma verdade universal. A turminha ali perto já olhava para ele como se fosse um herói de verdade.

José queria saber se ele já tinha lançado teia, Clara perguntou se a aranha era amiga ou inimiga. E Kalil, no centro de tudo, com a coragem de quem ainda não aprendeu a ter medo, continuava firme em seu papel.

A cena era engraçada, doce, e de um simbolismo profundo. Como é bom ver essa coragem que nasce do imaginário infantil, essa confiança de que se pode tudo até conversar com aranhas e salvar o mundo com as próprias mãos.

Peguei Kalil no colo, sussurrei que ele era mesmo muito valente e juntos devolvemos a aranha ao jardim, com todo o respeito que um super-herói dá aos seus aliados.

Depois André  deitou em sua pequena mãozinha uma aranha de plástico branca e ele ficou todo feliz. Porque às vezes, o susto é só um convite para olhar melhor. E rir depois

Ele me olhou sério e disse: “Mamãe, ela vai contar pros amigos que conheceu o Homem-Aranha de verdade”.

E eu sorri. Porque sim, ela vai. E eu também. Porque hoje, no quintal, fui testemunha de uma aventura épica dessas que só os pequenos são capazes de viver… e ensinar.


8 comentários:

  1. Olá, querida amiga Fernanda!
    Confesso que pude brincar mais com os meninos dos meninos... Tinha mais tempo, fiz tanta brincadeira e rimos tanto que chegava a ficar cansada de tanto rir com os pequerruchos.
    O tempo passa tão rápido e eles crescem depressa. Aproveitemos bem os meninos enquanto estão na infância. Que fase linda de encantos mil!
    Tenha um abençoado domingo!
    Beijinhos fraternos

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    1. Uma grande verdade, Roselia… eles crescem tão rápido que, às vezes, o coração nem consegue acompanhar! Obrigada pelo carinho de sempre, querida. Que teu domingo seja cheio de ternura, paz e pequenos encantos que fazem o “coração” sorrir.

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  2. Que amor,Nanda!
    Hoje vim em modo despedida agtradecer todos carinhos sempre! Mas o ciclo chica blogueira encerrou! Obrigadão por tudo! bjs, chica

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    1. Chica querida,
      Nem sei bem como começar… talvez porque despedidas mesmo as que acontecem em palavras sempre me embargam um pouco a voz. Hoje você veio se despedir dos blogs, e embora eu saiba que os ciclos mudam e os caminhos se renovam, é impossível não sentir um nó doce no peito.
      Você esteve aqui por anos. Foi presença, foi colo, foi riso compartilhado, foi afeto costurado em posts, comentários, histórias.
      Quantas manhãs mais leves porque te li. Quantos dias mais inspirados porque você esteve. Sua escrita tinha esse dom: de parecer vizinha, irmã, amiga de varanda. Gente que chega com café e coração.
      Mais que palavras, você semeou vínculos. Fez dos blogs um quintal de afetos, onde a gente podia correr descalça entre memórias, desabafos e alegrias simples. E mesmo agora, com sua partida desse cantinho virtual, sei que a sementinha que você plantou em cada um de nós segue viva, florescendo.
      Obrigada por tudo, Chica. Pela partilha generosa, pela constância, pelo carinho que sempre soube atravessar telas e tocar fundo. Você deixa saudade, mas também deixa luz.
      Vai e segue onde o coração mandar leve como você sempre foi.
      E, se um dia der saudade daqui volta. A gente vai estar esperando, de braços e olhos abertos.

      Com amor,
      Nanda

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  3. Os super-heróis sempre fascinaram as crianças e por vezes tantos adultos. Quando assim é tornam-se mais fáceis as brincadeiras. Gosto do seu jeito de escrever.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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    1. Olá, Graça!
      Os super-heróis realmente têm esse poder de fascinar, né? Encantam os pequenos… e a gente também acaba entrando na brincadeira!
      Muito obrigada pelo elogio, querida. Vindo de você, que é uma grande poetisa, é uma honra e um carinho que guardo com gratidão. Obrigada!

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  4. Essa fase onde eles não têm medo de nada é tão fascinante quanto perigosa. Aqui , quando meu filho tinha um ano e pouco, ele simplesmente se trepou no berço e se lançou no ar...como um super-heroi...ainda bem que eu estava no quarto e os reflexos estavam dia, pois dei um pulo da cama e o segurei ainda no ar. Ele riu pra valer..

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    1. Nossa! grande verdade, Eduardo. Mesmo que eles os pequenos ainda não tenham medo ou plena consciência dos perigos, nossa responsabilidade como adultos permanece. Precisamos, sim, agir com prudência, sempre. Aqui em casa, eles são curiosos, corajosos, cheios de energia… mas a gente aprende, com o tempo, a cuidar sem alardear. A proteger sem espalhar pânico. Porque o excesso de medo também machuca, confunde, deixa marcas. Então seguimos nesse equilíbrio delicado: orientando com firmeza, mas com doçura. Cuidando por eles, mas torcendo para que, um dia, cuidem de si com sabedoria, com coragem… e com o mesmo amor que hoje colocamos em cada gesto.
      Muito obrigada e bom domingo!

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)