✿Aguarde os próximos capítulos...✿
21 maio, 2025
A água que simplesmente flui
5 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Que lindo! Não podemos desejar ser rochas sempre! É preciso deixar fluir... bjs,lindo dia chica
ResponderExcluirChica querida, exatamente isso…
ExcluirHá dias em que ser rocha pesa demais.
É preciso deixar a água correr, a emoção vir, a alma respirar. Obrigada pelo carinho de sempre!
Um beijo no coração e que o seu dia também seja leve e bonito!
Fernanda,
ResponderExcluirHá presenças que não precisam anunciar-se para transformar. São como a água: silenciosas, firmes, intensas. Em você há esse dom raro — a delicadeza que molda, a fluidez que ensina, a serenidade que move.
Como a água, você não confronta — contorna. Não resiste — compreende. Não se impõe — transforma. Sua força não está na rigidez, mas na entrega. Não passiva, mas sábia. Você nos recorda que ceder ao fluxo da vida é, na verdade, um ato de profunda confiança.
Há em seu jeito um convite à leveza, à liberdade e à autenticidade. Você é como o rio que, mesmo diante de muralhas, segue — e ao seguir, esculpe. É beleza em movimento. É força que acolhe. É essência que permanece.
Que você continue a fluir com a mesma graça com que encanta, inspirando todos ao redor a recordar o dom de ser rio, não rocha. Pois quem aprende a dançar com a correnteza reencontra o caminho de volta à própria origem — límpida, leve, livre. Gratidão pelas palavras tão lindas em meu simples espaço.
Com admiração e poesia,
Do amigo, Daniel.
Daniel querido,
ResponderExcluirReceber tuas palavras é como sentar à beira de um rio calmo e deixar-se banhar por águas que conhecem o caminho. Você descreve com tanta sensibilidade o que às vezes nem sei nomear em mim.
Esse jeito de contornar, de não ferir, de seguir mesmo sem alarde é também aprendizado diário, é escolha de coração.
A tua leitura é generosa, e nela me reconheço em partes outras, talvez, você tenha enxergado antes mesmo de mim.
Agradeço esse olhar límpido que não apenas vê, mas sente. Gratidão por transformar o que escrevo em espelho e rio, em ponte e abrigo. Que sigamos assim, fluindo e moldando, cada um com sua nascente.
E que essa troca siga sendo esse lugar tão bonito de encontro, leveza e verdade.
Com afeto e admiração,
Fernanda.
Querida amiga Fernanda, que sensação maravilhosa é ler aqui e sentir a água fluindo como se fosse ao vivo...
ResponderExcluirPost contemplativo que desperta boas sensações no interior, no eu ansioso de bons fluídos num mundo turbulento de ruídos opostos ao de uma cascata suave.
Confesso que me deixei tombar na correnteza de forma leve... frevor senti, limpeza de alma.
Deu para perceber a intensidade das palavras na pele.
Você aguçou os sentidos do leitor.
Tenha um final de semana abençoado e leve como a límpida água que corre mansamente!
Beijinhos fraternos de paz