✿Aguarde os próximos capítulos...✿

Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

12 maio, 2025

O que deixamos quando partimos?

Aleatoriamente um toque de poesia
Herança

Há heranças que o tempo apaga são papéis, posses, paredes frias. Há outras que o tempo abençoa raízes invisíveis, plantadas com fé e silêncio. A herança material pode ser medida, contada, distribuída em partes iguais.

Mas a espiritual… ah, essa não se mede. É o gesto que ensinava sem palavras, o olhar firme e terno, a oração sussurrada no quarto, o pão repartido mesmo na escassez.

Bens podem ser herdados. Mas valores são absorvidos. A honestidade que molda, a compaixão que sustenta, a fé que acalma. Herança espiritual não entra em testamento, mas permanece no jeito do filho andar, na memória que aquece, no conselho que ecoa mesmo depois da partida.

Talvez Deus nos confie, enquanto vivemos, não só a tarefa de acumular, mas de semear. Porque o que fica de nós não é o que deixamos nas mãos, mas o que deixamos nos corações.


6 comentários:

  1. Você está certa. A herança espiritual, valorativa, humana, é a mais importante. A herança material, esta, quase sempre é disputada a tapas, quase sempre causa inimizades entre irmãos. Disputas, processos...a pose de uma boa herança espiritual faria com que a herança material fosse vista por uma outra perspectiva.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Eduardo.
      Penso se as famílias colocassem mais esforço em cultivar vínculos do que bens, haveria menos processos e mais abraços. Porque o que fica, no fim, não é o que se divide é o que permanece entre os que ficam.

      Obrigada pelo comentário amigo!

      Excluir
  2. É isso, Fernanda. O tempo não apaga tantas coisas, além dos papéis, das posses e das paredes frias. Aliás, você o diz com propriedade e mostra que, para a espiritual, não há fita métrica. Certa feita, fui ao Rio de Janeiro para realizar um trabalho e, ao voltar, um amigo e colega da universidade, me perguntou e aí: ”trouxe quantos centímetros de livros, Zé”. Respondi: “Trouxe 28cm para mim e quatro para você”, sua companheira me ajudou a escolher. E se pudéssemos medir desse modo a herança espiritual, ah, o mundo não teria graça. São as diferenças individuais que nos singularizam.
    Fique com o meu abraço, Fernanda!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eros, que beleza essa imagem dos “centímetros de livros” ela me atravessa com ternura e sentido.
      Porque, sim, se pudéssemos medir a herança espiritual em centímetros, talvez o mundo perdesse mesmo a graça. Há coisas que não cabem em régua, nem em cálculo: o afeto que se dá sem alarde, a lembrança que aquece em silêncio, a sabedoria que se compartilha só com o olhar.
      E é justamente isso que nos torna únicos essa medida invisível do que somos e deixamos no outro.
      Obrigada pelo abraço generoso e pelas palavras que me fizeram sorrir com o coração.

      Receba o meu também, com gratidão.

      Excluir
  3. Excelente reflexão! Gostei bastante de conhecer essa abordagem!

    Bjxxx,
    Pinterest | Instagram | Linkedin

    ResponderExcluir

depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)