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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

Amor sempre....

Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

16 maio, 2025

Quando o mundo me assusta

Aleatoriamente um toque de poesia
(Diário de Fernanda)

Às vezes o mundo me assusta.
Não só pelas guerras, pelos gritos ou pelas notícias que entristecem 
mas por esse ritmo apressado, essa pressa que atropela os sentimentos, essa urgência de seguir sem olhar para os lados.

As mudanças chegam com velocidade feroz.
Tecnologias novas, ideias novas, tudo tão rápido…
Mas onde ficou o afeto?
O tempo para ouvir alguém até o fim da frase?
O toque gentil em vez do julgamento?
O respeito com os que já viveram tanto e a paciência com os que ainda estão aprendendo a viver?

Vejo idosos sendo ignorados.
Crianças tratadas como incômodos.
E corações, todos eles, caminhando exaustos como se ninguém mais soubesse bem o que sente.

Falta pausa.
Falta cuidado.
Falta um olhar para dentro, antes de correr tanto para fora.

Porque há um vazio de autoconhecimento que vai crescendo por aí.
Pessoas que não se reconhecem, que não se escutam, que não se acolhem.
E quem não se conhece, muitas vezes machuca sem querer.
Julga sem pensar.
Passa por cima como se fosse normal.

Talvez o mundo precise, mais do que nunca, de delicadeza.
Não da que finge. Mas da que toca.
Da que senta ao lado. Da que pergunta “como você está?” e realmente escuta a resposta.

Se as mudanças viessem com mais amor, talvez o futuro fosse menos assustador.
Talvez o novo não fosse tão solitário.
E talvez a gente, enfim, aprendesse que evoluir também é cuidar.


4 comentários:

  1. Olá, querida amiga Fernanda!
    Li aqui com admirada coincidência com o que acabo de postar.

    Talvez o novo não fosse tão solitário.

    Até linkei seu post aqui:

    https://www.idade-espiritual.com.br/2025/05/solidao-do-amago.html

    Sabe, "há um vazio de autoconhecimento ", é tão verdadeiro o que disse aqui, com tanta sabedoria.
    Quando fiz o Eneagrama em 2000, tive uma clareza de quem eu era formidável.
    Sei do que sou capaz e ninguém me tira do meu ideal.
    Saber das nossas limitações e virtudes é assombradamente feliz.
    Não nos consideramos mais nem menos, em condição de olhar no olho nem de cima nem para baixo
    O afeto fica do lado esquerdo do peito, bem guardadinho para quem o mereça e deseja.
    Bom ler algo profundo de reflexão.
    Tenha dias abençoados!"
    Beijinhos fraternos de paz

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  2. Por vezes nos assustamos de verdade,Nanda! Impressiona! Bjs,chica

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  3. Obrigado pelo lúcido comentário ao meu “No café".
    Muito boa sua nova postagem. É você pontuando ritmicamente tantas coisas que nos obliteram ao longo do seu poema que, imediatamente, associei à música Sinal Fechado de Paulinho da Viola em que ele faz uma reflexão profunda sobre a vida moderna e a falta de tempo para as relações humanas. ”Me perdoe a pressa, é alma dos nossos negócios...”- diz Paulinho da Viola, enquanto você pergunta: "Mas onde ficou o afeto?". Cada um que responda em que ruela o deixou.
    Belíssimo texto. Você escreve bem e você sabe disso. Não é nenhuma novidade dizer-lhe.
    Um abraço,

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  4. Nossa sociedade hoje está cada vez mais fragmentada por vários motivos. Um deles, político, da excessiva compartimentação de pequenos grupos que alcançaram poder político. Num cenário assim, onde todos lutam politicamente contra todos, não dá tempo pra gentilezas. Todos hoje são inimigos de alguém: feministas, LGBT..., antifascistas, extremistas de direita, antifaracistas, extremistas religiosos...uma lista bem grande.

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)