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25 maio, 2025
“Todo velho já foi novo"
15 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Todo o velho já foi novo. É uma verdade. E o que é preciso é que saibamos encontrar a paz em cada dia que passa. Envelhecer com sabedoria, sabendo que cada ruga do rosto é um caminho onde a angústia se deteve. Gostei muito deste seu texto.
ResponderExcluirUma boa semana.
Um beijo.
Um beijo.
Querida Graça,
ExcluirSim… que beleza há em suas palavras: “cada ruga do rosto é um caminho onde a angústia se deteve.” Que imagem forte e terna ao mesmo tempo.
Envelhecer em paz é uma dádiva que se cultiva, dia após dia, com aceitação, afeto e lucidez.
Fico feliz que o texto tenha tocado você assim.
Receba meu carinho e o desejo de uma semana serena, com muitos momentos de luz interior.
Um beijo com gratidão,
Fernanda
Linda verdade,Nanda! Aqui hoje tenho o meu Kiko, completando 82 anos e ambos fomos novinhos, quando a fam´pilia iniciou! Tão lindo o percurso! beijos, chica
ResponderExcluirChica querida, que bonito testemunho de vocês dois! Que bênção esse amor que atravessa o tempo e floresce na memória e no presente. Um abraço carinhoso ao Kiko pelos 82
ExcluirQue Deus o abençoe com muita saúde e alegrias.
E a vocês pelo percurso cheio de afeto! Beijos com carinho, Nanda.
Todos chegarão a velhos, se lá chegarem...
ResponderExcluirMagnífica crónica, gostei de ler.
Boa semana.
Beijo.
Olá Jaime, obrigada amigo! Abraço!
ExcluirQuerida amiga Fernanda, eu também já fui moça e bonita (rs...).
ResponderExcluirFico com pena dos que cometem o idadismo achando que terão vinte anos eternamente, ou quarenta...
Felizes os que chegamos aos setenta!
É inacreditável como não envelhecemos no ânimo, na generosidade, na vontade de viver...
Quando chegar minha velhice... quero continuar escrevendo e lendo... no mínimo.
Já me bastará.
Tendo a saúde mental em dia, a velhice será ótima.
Gostei muito do que escreveu sobre todo idoso já ter feito isso ou aquilo.
Verdade! Nossas virtudes e sombras estão dentro de nós, em nossas rugas e sorrisos.
Não adianta nos fazermos de santinhos...
A Palavra de Deus é clara: Aquele que diz que não tem pecado é um mentiroso.
Particularmente, gosto muito da idade que estou vivendo. O autoconhecimento aflora, desabrocha.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos fraternos de paz
Querida Roselia,
ExcluirQue alegria imensa ler suas palavras há nelas a força serena de quem viveu, sentiu, chorou e ainda escolhe sorrir com verdade.
Sim, amiga, felizes aqueles que atravessam os anos e descobrem que o tempo, longe de nos apagar, nos revela. A juventude do espírito não se mede na pele, mas no ânimo como bem disse você, na coragem de continuar se encantando com a vida, mesmo sabendo que ela é breve. E que verdade preciosa: nossas rugas guardam tanto o que fomos como o que ainda somos. Virtudes, sombras, quedas e recomeços… tudo está ali, pulsando. O idadismo é cego, porque não sabe enxergar a sabedoria que se esconde atrás dos cabelos brancos, das histórias contadas com calma, do olhar que aprendeu a esperar. A Palavra nos ensina com firmeza e amor reconhecer nossas imperfeições é o início da liberdade. E o autoconhecimento, como você tão bem colocou, floresce justamente quando a pressa se vai. Eu também desejo isso: escrever, ler, continuar partilhando. Isso já é muito isso já é graça.
Obrigada por caminhar junto com tanta leveza e fé.
Uma nova semana linda pra você também, com muitos sorrisos.
Com carinho e paz,
Fernanda
Olá, Fernanda!
ResponderExcluirTenho 75 e meu marido 80. Estamos no auge da velhice. Longe estão os tempos em que éramos jovens e bonitos, na juventude até os feios são bonitos, não é?rsrsrsrs. Não concordo muito com isso, mas em todo o caso, deixa assim... rsrsrs, o bom é que já fui jovem e bonita e posso até comprovar(!) tenho um material fotográfico daqueles! Mas como não morri cedo, aqui estou, encarando a velhice. Braço é braço!
A partir de uma certa idade, digamos 70, com saúde física e mental mental em boas condições, tudo é lucro. Por isso, não me queixo, só agradeço, estou no lucro. Eu e meu marido, 57 anos juntos. Mas a velhice não é mole não. Esse povo que acha que vai viver muitos anos e não vai envelhecer, coitados, vão tomar um susto daqueles. É bom irem expulsando os espelhos de casa, só para começar.
Gostei muito do que você escreveu nesse post. Uma abordagem ótima sobre a passagem do tempo e as modificações pessoais, que vamos enfrentando na caminhada. O sol e a sombra de todos nós.
Bjssss, Marli
Querida Marli,
ExcluirAh, como é bom ler você! Seu comentário tem aquela mistura perfeita de sabedoria e bom humor, que só o tempo sabe temperar.
Sim, é isso mesmo quem acha que vai viver muito sem envelhecer está sonhando com um espelho mágico que só existe nos contos de fadas… e mesmo nesses, a verdade sempre vem! Adorei o “material fotográfico daqueles”! Que maravilha poder olhar para trás e se reconhecer com orgulho, sem negação, sem pressa de apagar nada. É como você disse: quem passou dos 70 com saúde está mesmo no lucro e que lucro precioso é esse!
E 57 anos juntos… isso sim é patrimônio afetivo! Uma história inteira, daquelas que merecem ser contadas em capítulos, com sombra e sol, como você tão bem disse. Obrigada por esse comentário tão vivo e sincero. É disso que o mundo precisa: da beleza real, contada com verdade e coragem.
Beijos cheios de carinho,
Fernanda
Olá, querida amiga, mas que texto lindo!
ResponderExcluirOlha, lembro que desde minha adolescência, que já vai muito longe rss, eu sempre gostava muito dos mais velhos, de estar com eles e de conversar. De ouvir suas histórias. Sentia muito carinho por eles .
Gostava deles pela sua experiência, pela sua delicadeza, e não falavam as bobagens que os adolescentes falavam na época. Sabiam o que diziam. Era a vivência que me apaixonava. E eles gostavam de mim, notavam que eu gostava muito deles, de ouvir suas histórias. Seu viver.
A verdade é que os mais velhos trazem a experiência de vida e não buscam mais mentir, são verdadeiros!
Teu texto é excelente, senti carinho do começo ao fim.
Essa foto está divina! Sim, amiga, uma conversa entre os mais velhos é
muito interessante, contam as coisas com sinceridade e conhecimento. Contam a vida!
Sempre é uma conversa agradável. Claro, para alguns precisamos dar um desconto...
Também quero blogar o tempo que der... A blogueira mais velha do mundo tinha 106 anos, em 2019, uma sueca. Que tal, heim?
Aplaudo teu texto tão lindo, e tão atual!
Uma feliz semana, muita paz e saúde!
Beijinhos. 🌹 💥🌻
Querida Tais,
ExcluirEste seu comentário é um presente! Senti cada palavra como um abraço caloroso da memória, desses que a gente guarda com ternura. Que bonito saber que, desde tão jovem, você já reconhecia nos mais velhos um tesouro e que esse respeito vinha do coração, do encantamento verdadeiro pela vivência deles. Sim, é isso mesmo: há uma beleza serena na fala dos que viveram muito. Uma sabedoria despretensiosa, um olhar que atravessou o tempo. E como é bom poder escutá-los! Adorei saber da blogueira sueca de 106 anos que inspiração! Que a gente siga escrevendo, compartilhando e tocando vidas enquanto Deus permitir. Isso já é eternidade em forma de afeto.
Obrigada, de coração, pelo carinho com o texto e pela presença sempre tão generosa. Uma semana linda pra você também, com saúde, leveza e alegrias no caminho.
Beijinhos com afeto,
Fernanda
Muitos idosos tem esse hábito de contar sua vida a pessoas estranhas. Eu tive um momento desses também em um hospital. Ela chegou do nada e começou a falar e falar e falar... a mim coube escutar. Deixei até também uma crônica sobre esse encontro.
ResponderExcluirTeu penúltimo parágrafo está perfeito.
Minha doce Fernanda,
ResponderExcluir"Não me entrego, não" é o título da peça, encenada por Othon Bastos e Juliana Medella. O título diz tudo, não é verdade? É um espécie de monólogo contracenada pela sua memória encenada por Juliana Medella. Ele conta sua história desde os verdes anos para centenas de espectadores que o ouvem com o mesmo carinho que Taís Luso ouvia os velhinhos da sua mocidade. Em silêncio. É comovente o exemplo de vida que nos dá Othon Bastos. Que vida ele leva! Que lição nos dá!
Ele tem 92 anos. Esteve no palco por quase duas horas representando com um vigor de fazer inveja. 73 de carreira. Fez entre outros Deus e Diabo na Terra do Sol e no teatro Um grito parado no ar de Gianfrancesco Guarnieri. Como diz Flavio Marinho é um mapa-múndi de uma vida. É um exemplo de envelhecer com dignidade. E digo mais, ainda me emociona o espetáculo decorridos mais de 72 horas da representação. Vê-lo-ia de novo ainda se permanecesse em cartaz.
Ah, quase esquecia de dizer-lhe: seu texto é uma pérola.
Meu abraço,
Querido Eros,
ResponderExcluirQue beleza receber teu comentário mais que palavras, ele é um tributo vivo à arte, à memória e à dignidade do tempo. Fiquei emocionada com tua descrição do espetáculo. Senti como se eu também estivesse na plateia, em silêncio, sendo tocada por aquele tipo raro de verdade que só o palco bem vivido sabe oferecer.
“Não me entrego, não” que título! E que afirmação de vida para um ator que, aos 92, segue emprestando seu corpo à eternidade da cena. Othon Bastos, como tu bem disseste, é um mapa-múndi, uma travessia. Representa não apenas personagens, mas a persistência do espírito que não se curva ao tempo, mas o transforma em testemunho. E saber que, mesmo três dias depois, ainda te emociona isso diz muito sobre o que realmente nos marca: o que reverbera na alma, o que nos alcança no fundo, onde moram as verdades mais nossas. Obrigada pelo afeto com que leste meu texto e pelo gesto tão generoso de me chamar de “pérola”. Recebo com carinho, como quem segura um presente feito à mão. Um abraço apertado, com a mesma ternura com que Taís escutava seus velhinhos.
Fernanda 😉