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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

02 junho, 2025

Gratidão

Aleatoriamente um toque de poesia
Meu momento Nandinha

Hoje… 
hoje eu só queria conversar.
Sem pressa, sem amarras, só eu, você e esse Céu imenso que parece guardar histórias em silêncio.
Queria agradecer. Não com palavras decoradas, mas com o coração aberto, como uma casa que deixa a porta entreaberta para a brisa entrar.

Agradecer pelo tempo em que morei juntinho do mar e a
brisa me acordava de mansinho, e o barulho das ondas era como um colo materno, me embalando.
Aquele tempo tinha cheiro de maresia e oração. E mesmo quando tudo era difícil, havia sempre um instante de paz escondido entre o som das conchas.

Senhor do alto agradeço pelas pessoas que cruzaram meu caminho, 
gente simples, de alma grande.
Gente que me ensinou a amar sem medida,
a olhar nos olhos sem medo, a dividir o pouco como se fosse banquete,
a sorrir mesmo com o coração machucado.

Ah, só você via Pai, quantos gestos pequenos mudaram minha vida.
Foram eles que me mostraram que o amor verdadeiro não faz barulho, ele se revela em silêncios compartilhados, em mãos dadas sem motivo, em lágrimas acolhidas sem julgamento.
Lembra de quando eu corria até você?
Confusa, sem entender as dores do mundo, as minhas?
Era você Pai. Era você o tempo todo que apaziguava meu coração.
Na sombra que me refrescava, na luz que me guiava, no abraço que eu não via, mas sentia nas calçadas, nas esquinas, nos bancos de praça. Naqueles momentos em que ninguém me via de verdade… você via.

Obrigada.
Por me carregar quando meus pés cansaram.
Por ter me deixado aprender o suficiente para entender e compreender, mas nunca ao ponto de desistir.
Obrigada pelas vezes em que sussurrou respostas dentro de mim, quando o mundo gritava confusão ao redor. E quando aprendi a sujar meu rosto de graxa para me proteger? Risos...
Era tudo você!

Hoje, decidi vir aqui fora, na noite.
Enquanto lá dentro, as crianças se preparam, para ouvir a história de todas as noites.
Antes da oração. Eu quis ficar sob o Céu limpo, de alma lavada.
Quis sentir de novo as nuvens formando figuras, aquelas que só nós dois sabemos interpretar.
Tem uma que parece teu rosto, outra parece um barco… lembra como a gente se divertia com isso? Tá bom! Eu imaginava que você descia daí do Céu e vinha brincar comigo na terra.

Hoje é o meu momento contigo, Pai.
O meu momento Nandinha.
Daqui até aí. 
Outra vez nós dois aqui do lado de fora na tela do mundo que você criou.
E sabe… não quero cortar meus cabelos, mesmo que seja um desejo de André.
Ontem ele perguntou por que, e então eu disse:
Porque aprendi a gostar do agasalho que ele virava quando as noites eram frias.
E até hoje, quando bate o vento frio, enrolo eles no pescoço como cachecol, igual antes.
Tem gestos que ficam com a gente pra sempre 
como memória, como afeto, como proteção.

E mesmo que eu cresça em humanidade, tropece, chore, me cale…
há um pedaço meu que continua criança, 
aquela que acredita em você Senhor do alto,
que fecha os olhos para sentir a tua presença,
que chama por você quando não entende o mundo.

Fica aqui comigo mais um pouquinho.
Fica nesse silêncio cheio de amor.
Fica nessa oração que não termina com “amém”,
porque a conversa com você não acaba nunca.

Boa noite, Pai.
Obrigada por tudo.
Amanhã eu volto aqui,
pra gente olhar de novo as nuvens,
e quem sabe, rir de mais alguma figura que só você consegue ver antes de mim.

Te amo. Sempre.
Nandinha

7 comentários:


  1. Meu Deus, essa postagem está difícil, querida! Fernanda, maravilhosa tua postagem, que linda tua gratidão!
    Fernanda, só pra você... eu tenho muita dificuldade em conviver
    com a ingratidão! Não sei conviver com pessoas que nem um tiquinho
    são capazes de serem gratas pelo que tiveram na vida. Geralmente são
    pessoas que só pensam nelas. Observo muito esse tipo de gente, não são
    capazes de se doarem, tudo está ruim. Eu fujo! Junto desse sentimento, vem o
    egoísmo, Também insuportável.
    A gratidão é um dos sentimentos mais belos, mais humanos, nada de egoísmo.
    Eu era assim, com meus pais, e com minha mãe também era bom, fazíamos muitas coisas juntas, compras juntas, passeios na semana juntas...
    Tive pais excelentes.
    Pronto, querida amiga, essa é minha opinião sobre esse horrendo sentimento de existência: são elas e somente elas, essas pessoas incapazes de dizerem: obrigada por tudo!
    Beijinho, amiga querida.

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    1. Querida Tais, que bom te ler por aqui…
      Senti a força do teu desabafo, e também a beleza que pulsa nas entrelinhas da tua vivência com teus pais isso, por si só, já revela o quanto a gratidão habita em ti com raiz profunda. É mesmo doloroso lidar com a ingratidão. Ela fere não apenas pelo que falta do outro, mas porque confronta aquilo que há de mais bonito e natural em nós: o desejo de vínculo, de reciprocidade, de reconhecimento simples.
      Mas às vezes penso e aqui divido mais como reflexão do que como resposta que há pessoas tão desconectadas de si, tão atravessadas por dores ou medos antigos, que nem sabem mais agradecer…
      Não por maldade, mas por uma espécie de cegueira emocional, uma carência de alma. Não é fácil lidar com isso. E, como você disse, o egoísmo costuma vir junto, ocupando espaços que poderiam ser de afeto. Mas talvez, mesmo nesses encontros difíceis, a gente possa escolher não se contaminar. A gratidão continua sendo nossa. E é ela que nos salva do endurecimento. Obrigada por partilhar com tanta verdade e afeto.
      Você trouxe um testemunho lindo sobre a gratidão vivida no cotidiano e isso, sim, é um presente raro.
      Amei amiga!
      Obrigada 🙏🏻

      Beijinho com carinho,
      Fernanda

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  2. This is one of the most tender and soul-deep reflections I’ve read in a long time. Your words carry both reverence and raw honesty—like a whispered prayer under an open sky. The way you speak to God so personally, so freely, makes the ordinary feel sacred. Thank you for letting us sit quietly with you in this moment.
    www.melodyjacob.com

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  3. Querida Melody,

    Receber suas palavras foi como ouvir uma canção suave no meio do silêncio dessas que tocam a alma e ficam ecoando, mesmo depois que cessam.
    Obrigada por ter lido com o coração aberto e por ter reconhecido nesse texto algo de oração e verdade. Há momentos em que escrevemos quase como quem acende uma vela: com mãos trêmulas, mas fé inteira. Saber que isso encontrou você e ressoou aí dentro me emociona profundamente.
    Que a luz que nos visita em palavras siga encontrando morada em nós nas entrelinhas, nos dias simples, nas conversas com Deus.

    Obrigada
    Beijinho

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  4. Uma bonita e comovente conversa com Deus. Lembrei-me da música cantada pelo Gilberto Gil e que também é muito bonita.

    Se eu quiser falar com Deus...

    Já li textos de psicologia defendendo que a oração, a reza, a meditação(e nem importa qual Deus se creia), são muito benéficos à mente e ao coração. Acalma. Agradecer é sempre terapêutico.
    Parece que ao falar com Deus, estamos falando ao mesmo tempo com nosso ser mais íntimo.

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  5. Uma postagem profunda, delicada e recheada de ternura. Você disse com sinceridade o que lhe vai na alma. Dá pra sentir o coração pulsando, as palavras brotando, a gratidão sentida no fundo do coração. Sim, Fernanda, eu também vejo a gratidão como um sentimento belo e necessário; um sentimento forte que repele o egoísmo e nos humaniza. É comovente ver como você encara o sagrado, sua fala com Deus traduz delicadeza, poesia e amizade.
    Parabéns por este lindo poema!
    Beijos, amiga.

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  6. Querida amiga Fernanda, Deus é tudo para mim. Minha relação com Ele é de filha/amiga. Sinto-O como minha mãe, sim, porque seus cuidados para comigo são matriciais desde sempre. Inclusive foram suas mãos que me ampararam ao nascer, foi Ele que esteve a meu lado num parto de alto risco. Ele se faz visível...
    A cada dia que passa, sinto que, sem o Pai Amado, eu não estaria mais viva, literalmente falando.
    Sua conversa é como devemos ter diariamente, não mais Ele precisa.
    Sou a leprosa agradecida...
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Beijinhos fraternos de paz e bem

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)