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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

07 junho, 2025

O Céu e as Crianças

Aleatoriamente um toque de poesia

Aisha já estava de pijama, deitada em sua cama de lençóis floridos, com seu coelhinho de pelúcia nos braços. O quarto cheirava a lavanda e luar. Ela olhou para a porta, esperançosa:

Mamãe, não teremos história hoje?
Sorri com carinho, entrando no quarto com passos calmos:
Desculpa, filha… hoje quem vai contar história é a vovó, tá?
Aisha fez um biquinho:

 Ah, mamãe… mas você que conta as histórias diferentes.

Sentei na beirada da cama, passei a mão nos cabelos dela e sussurrei:
Tá bom. Amanhã à noite eu vou contar uma bem bonita. Será sobre o Céu e as Crianças, tá bom?
Aisha sorriu satisfeita, fechou os olhos e adormeceu imaginando nuvens de algodão.

Na noite seguinte, depois do banho e do copo de leite com mel, Aisha correu para o quarto:

Mamãe! A história do Céu!
apaguei as luzes, deixei só o abajur aceso e começei, com voz bem suave suave:
Dizem que bem além das estrelas, onde o céu beija o silêncio, existe um lugar só das crianças…
Lá, os sonhos são sementes e crescem em árvores de brilho. As nuvens viram balanços, e os anjinhos ensinam canções que ninguém esquece. As crianças do céu têm asas leves, mas gostam mesmo é de escorregar nos arco-íris. À noite, elas olham para a Terra e mandam beijos de luz para quem amam.

Aisha abriu os olhos, encantada:
Elas existem mesmo, mamãe? Então Manu tem asas? E o papai também?

Sorri com lágrimas nos olhos e respondi:
Sim, filha. Às vezes, eles vêm nos visitar. Quando sentimos uma alegria de repente, um cheirinho de flor do nada ou quando o céu muda de cor só pra gente sorrir… pode ser a maninha e o papai, ou uma criança do Céu brincando por perto.

Aisha fechou os olhos e sussurrou: Tomara que eles venham brincar comigo nos sonhos.
Então, cobri-a com o cobertor de estrelas, respondi baixinho:
Eles já estão aí, minha flor, porque você pensou neles. Dorme bem.
Mamãe te ama!

Te amo mais mamãe!

4 comentários:

  1. Querida amiga Fernanda, quanta ternura!
    Para uma noitinha de sábado, ler algo assim tão bonito enche de carinho nosso coração.
    Fui lendo seu diálogo com sua filhinha e me lembrando dos meus pequeninos e, mais ainda, dos netinhos, até por telefone eu contava historinhas... inventava cenários, nas ruas, fazíamos teatro com historinhas... numa cidade pacata onde morei e eles iam me visitar. era tão bom e bonito!
    Você tem o dom de encantar seu leitor.
    Gosto de pessoas com o coração meigo, que aliviam as penas do mundo atual.
    Muito obrigada por tão belo diálogo.
    Tenha um final de semana abençoado!
    Beijinhos fraternos de paz e bem

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  2. Lindo,doce e emocionante, Nanda! Como é boa essa fase de contar historinhas e cobrir com o cobertos...Adorei! beijos, chica

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  3. Muito legal isso.
    O universo das crianças é assim: habitados por mundos encantados. Para elas tudo é possível. Um elefante cor-de-rosa voando é uma festa. Até que chega um dia em que perdemos a capacidade de encantar.

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  4. Que postagem maravilhosa, dá saudades da minha infância, dos meus pais, que não estão mais comigo, lembrança de meus filhos pequenos, que pediam histórias... mas cresceram e já é outro mundo! Diferente, mas muito lindo, também. Mas vivemos outras histórias. A vida é assim...
    Sempre lembro das histórias que meu pai adorava contar, eu ria desatinada, ele sempre era o super homem!! E eu fazia que acreditava, mas enfim, era muito divertido.
    Maravilha, querida amiga.
    Beijinhos!

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)