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07 junho, 2025
O Céu e as Crianças
4 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Querida amiga Fernanda, quanta ternura!
ResponderExcluirPara uma noitinha de sábado, ler algo assim tão bonito enche de carinho nosso coração.
Fui lendo seu diálogo com sua filhinha e me lembrando dos meus pequeninos e, mais ainda, dos netinhos, até por telefone eu contava historinhas... inventava cenários, nas ruas, fazíamos teatro com historinhas... numa cidade pacata onde morei e eles iam me visitar. era tão bom e bonito!
Você tem o dom de encantar seu leitor.
Gosto de pessoas com o coração meigo, que aliviam as penas do mundo atual.
Muito obrigada por tão belo diálogo.
Tenha um final de semana abençoado!
Beijinhos fraternos de paz e bem
Lindo,doce e emocionante, Nanda! Como é boa essa fase de contar historinhas e cobrir com o cobertos...Adorei! beijos, chica
ResponderExcluirMuito legal isso.
ResponderExcluirO universo das crianças é assim: habitados por mundos encantados. Para elas tudo é possível. Um elefante cor-de-rosa voando é uma festa. Até que chega um dia em que perdemos a capacidade de encantar.
Que postagem maravilhosa, dá saudades da minha infância, dos meus pais, que não estão mais comigo, lembrança de meus filhos pequenos, que pediam histórias... mas cresceram e já é outro mundo! Diferente, mas muito lindo, também. Mas vivemos outras histórias. A vida é assim...
ResponderExcluirSempre lembro das histórias que meu pai adorava contar, eu ria desatinada, ele sempre era o super homem!! E eu fazia que acreditava, mas enfim, era muito divertido.
Maravilha, querida amiga.
Beijinhos!