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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

05 setembro, 2025

O rombo estimado

Aleatoriamente um toque de poesia


Tema muito delicado, não queria escrever sobre isto mas...
Enquanto um amigo, defendia seu cargo, 
 eu não consegui ficar calada.


Dizem que o Brasil tem um rombo na Previdência. Eu digo que o verdadeiro rombo está no pacote de fraldas geriátricas. Quem já precisou comprar sabe: cada ida à farmácia é uma negociação entre a dignidade do idoso e a falência da família.

As prateleiras brilham com embalagens coloridas, tamanhos variados, promessas de conforto, “tecnologia de absorção” e até toque de algodão. No entanto, o preço parece coisa de outro planeta  ou de um cofre suíço. Sai-se de lá com duas sacolas pequenas e a sensação de que comprou uma joia rara.

Mas não é luxo, é necessidade. E necessidade diária. Quem cuida de um idoso sabe que não é só a fralda que pesa: é a logística, a rotina, a paciência, o afeto, o olhar para além da fragilidade. A fralda, nesse cenário, é apenas o símbolo mais visível de um cuidado que não pode ser terceirizado.

No fim, o rombo estimado não está só no bolso. Está também na ausência de políticas públicas que pensem no envelhecer com dignidade, no silêncio de quem nunca fala sobre isso, na pressa dos mais jovens que esquecem que, cedo ou tarde, todos caminhamos para o mesmo destino.

E talvez a grande lição seja essa: cada fralda trocada é também um gesto de amor. Um lembrete de que o corpo envelhece, mas a ternura, quando existe, não se gasta nunca.

Falam tanto em rombo da Previdência, como se os aposentados fossem os culpados por esvaziar cofres. O que ninguém conta é o rombo do outro lado: o que a Previdência faz no bolso do idoso. Esse, sim, é estimado em lágrimas e fraldas.

O idoso trabalha a vida inteira, contribui religiosamente e, quando chega a hora de descansar, recebe uma aposentadoria que mal cobre o pacote da farmácia. A Previdência não só fecha as contas no vermelho, como ainda fecha os olhos para quem mais precisa.

Aí o sujeito precisa escolher: fralda ou mistura? Remédio ou conta de luz? Tudo isso depois de ter sustentado o país com impostos e suor. O rombo não está no INSS, está na dignidade arrancada, um boleto de cada vez.

Enquanto isso, nos gabinetes refrigerados, falam em reforma, déficit, porcentagens. Mas ninguém ousa perguntar como é que um idoso sobrevive com o que sobra. Talvez porque não sobre nada.

No fim, o Brasil não tem Previdência: tem pós-vidência. Um sistema que promete cuidar, mas só comparece na hora de cobrar.

O governo, esperto, inventa nome bonito: “benefício”, “reajuste”, “auxílio”. Tudo com cara de presente, como se fosse favor dar de volta ao idoso o que ele já pagou a vida inteira. Um teatro de mágica malfeita, em que o coelho nunca sai da cartola  mas a nota fiscal sempre chega.

E tem mais: enquanto o aposentado faz malabarismo para comprar um pacote de fraldas e o comprimido da pressão, surgem manchetes sobre supersalários, auxílios-moradia e reembolsos de vinho importado. É como se o país inteiro dissesse ao idoso: “você que lute, vovô”.

O resultado? A velhice vira prova de resistência. Não é só viver mais é sobreviver com menos. Menos dinheiro, menos respeito, menos cuidado. Quem deveria ser honrado pelo caminho percorrido acaba tratado como peso.

E aí voltamos à palavra que tanto assombra: rombo. Talvez o maior rombo do Brasil não seja nas contas públicas, mas na consciência coletiva. Porque país que não cuida dos velhos cava a própria cova moral.

Eu, particularmente, fico muito decepcionada por eles. Passaram a vida inteira acreditando que haveria um amparo, uma rede de proteção para a velhice, e o que encontram é uma corda bamba esticada sobre um abismo. O idoso olha para o contracheque e percebe que aquilo que deveria ser um descanso virou castigo.

Não é justo. Não é humano. A Previdência, que deveria ser mãe cuidadosa, virou madrasta indiferente. E ainda tem quem fale em números frios, em tabelas que não sabem o que é trocar uma fralda, carregar uma sacola pesada ou dividir o último trocado entre pão e remédio.

Fico decepcionada porque não se trata só de dinheiro trata-se de respeito. Respeito ao tempo vivido, às rugas conquistadas, ao esforço que construiu ruas, escolas, cidades inteiras. Cada idoso carrega nas mãos a história de um país que parece ter esquecido de agradecer.

E se há um rombo, ele está no coração de um sistema que perdeu a capacidade de enxergar pessoas. Porque dinheiro se recupera, mas dignidade, quando se perde, não volta nunca mais.
Falam em déficit, números e reformas. Mas o maior rombo da Previdência não está nas contas: está no bolso e na dignidade dos idosos.

Depois de uma vida inteira de trabalho e contribuição, recebem uma aposentadoria que mal paga fraldas, remédios e contas básicas. O país envelhece, mas não amadurece: promete cuidado e entrega descaso.

O rombo real não é financeiro  é moral. Porque um país que não respeita seus velhos, cava a própria falência ética.Deus do Céu!!!

E é isso que mais me dói: ver um país que envelhece, mas não amadurece Que se gaba de estatísticas de longevidade, mas não oferece condições dignas para que esses anos a mais sejam vividos com alegria. É como dar de presente um tempo vazio, sem ferramentas para preenchê-lo com qualidade.

Eu penso que cada idoso merece mais do que sobrevida: merece vida. Merece ser lembrado não como número, mas como alguém que já foi criança, trabalhador, sonhador. Merece não apenas uma fralda no corpo, mas o abraço de uma sociedade que entenda que o cuidado é dever coletivo.

Porque um dia seremos nós. E quando esse dia chegar, espero que não encontremos apenas pacotes caros nas farmácias e benefícios minguados no banco. Espero que encontremos respeito, reconhecimento e, sobretudo, amor.

No fim, talvez o maior rombo da Previdência não esteja no dinheiro, mas na falta de gratidão. E essa, meu amigo, é uma dívida que nenhuma reforma será capaz de pagar.

É muito fácil: eles não mexem na aposentadoria do Congresso. Lá, o benefício é gordo, vitalício e blindado contra qualquer déficit. Enquanto isso, o aposentado comum conta moedas para pagar a sua estadia no mundo. Dois pesos, duas medidas.

Todo país tem déficit público. O que muda é a escolha de onde cortar. Aqui, sempre cortam no lado mais frágil: o do idoso que já deu tudo de si. No andar de cima, ninguém sente o baque. O déficit deles é de champanhe francês; o do povo é de feijão no prato quando tem como comprar.

Essa matemática, perversa e seletiva, só confirma o óbvio: a Previdência não é problema de números, é problema de prioridade. E no Brasil, o idoso nunca foi prioridade. É visto como despesa, nunca como patrimônio.

E assim seguimos, com discursos bonitos em tribunas e idosos esquecidos em filas. O Congresso dorme tranquilo com suas aposentadorias intactas, enquanto a população envelhece exausta, gastando o que não tem para manter um mínimo de dignidade.

Crueldade viu?


Fernanda

18 comentários:

  1. Boa noite de paz, querida amiga Fernanda!
    uma abordagem necessária.
    Paguei o IASERJ até quase me aposentar quando ele 'faliu'... resultado, tenho que morrer na mão do Plano de Saúde e dizer graças a Deus por ele...
    Estou há um ano e nove meses sem um reajuste de 50 reais que seja no Estado do RJ...
    A inflação não estacionou no tempo em questão...
    Mercado? Só o básico para não faltar o essencial aos idosos, lugar em que me encontro. Frutas e legumes são fundamentais...
    Rezar para não ficar doente porque remédios: Deus me livre e guarde! Farmácia e outro lugar que fujo...
    Fraldas descartáveis ainda não preciso, penso como os que usam devem padecer se têm independência ainda, senão, os familiares têm que fazer a pare deles...
    Dependendo do governo, podem deixar de pagar a aposentadoria dos idosos e é meu medo, mesmo não recebendo pelo INSS.
    Roubalheira após roubalheira temos presenciado passivamente. o que fazer?
    Nem todo lugar tem academias populares e os idosos precisam pagar caro para ter aceso ao pilates, musculação e fisioterapia que o plano não cobre em todos os lugares. Eu, por exemplo se precisasse e não pudesse pagar, teria que ir á capital, imagine!!!
    É mais fácil cortar tudo dos idosos para que morram logo do que cortar as viagens caríssimas e outros tantos absurdos ás nossas custas...

    Eu não gosto de reclamar do meu soldo pois assim diz a Palavra, mas que é difícil para os outros que vivem de salário mínimo é, nem sei como vivem, sinceramente.
    Daí o índice de violência que temos visto.
    Se o idoso não tiver o suporte da família que o cuide e complete suas finanças, não sei como será.
    Você tem toda razão no que diz de peito aberto.
    Deus tenha piedade dos idosos em condição desfavorável na fila da UPA e tal.
    Agradeço a Deus por sobreviver com certa dignidade, trabalhei muito até me aposentar, mas sou consciente de quem até trabalhou como eu tem que ter todo cuidado para se administrar pelo alto nível inflacionário.
    Quem tem sensibilidade se dói pelo seus semelhantes sofridos, mesmo que tenhamos o básico com comodidade.

    CRUELDADE SIM!

    Tenha um anoitecer abençoado!
    Beijinhos fraternos




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    1. Querida Roselia, boa noite!

      Suas palavras me tocam fundo porque são o retrato da realidade de tantos idosos que, depois de uma vida inteira de trabalho, ainda precisam lutar por dignidade. O que deveria ser tempo de descanso e cuidado, muitas vezes se torna campo de batalha contra o descaso e a indiferença.
      É cruel, sim, como você bem disse. Mas também é necessário dar voz a essa dor, porque silenciar só favorece a continuidade da injustiça. Que Deus fortaleça você e a tantos outros que enfrentam essas provações, e que nossa sensibilidade nunca se perca diante do sofrimento alheio. Receba meu carinho e minha prece para que seus dias sejam leves, apesar das pedras no caminho.

      Beijinhos fraternos,
      😘

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  2. Olá, amiga Fernanda.
    O tema é sem dúvida muito delicado. Felizmente, ainda não cheguei a esse ponto. Mas há muita gente que precisa desse "instrumento". E, efetivamente, tal como as fraldas dos bebês deviam ser muito mais baratas. Enfim...

    Deixo os meus votos de um feliz fim de semana, com tudo de bom.
    Beijinhos, com amizade.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com
    https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

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    1. Mário

      É verdade, meu amigo, o tema é mesmo delicado e, infelizmente, cada vez mais presente na vida de muitos que chegam à idade madura. Como você bem disse, deveria ser algo simples e acessível, como acontece com os bebês. Mas ainda é tratado como um peso, quando, na verdade, é só uma necessidade humana.
      Agradeço seu olhar sensível e amigo. Que o seu fim de semana também seja de paz, alegria e muito bem-estar.
      🙏🏻

      Beijinhos com carinho e amizade,

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  3. O seu texto é um manifesto poderoso indignado, sensível e corajoso. Com lucidez e emoção, você transforma a realidade negligenciada dos idosos em denúncia poética e social. Não é apenas uma crítica: é um apelo por humanidade.
    "Um grito necessário em meio ao silêncio cruel. Seu texto expõe o rombo que realmente importa: o da dignidade esquecida. Que ecoe onde ainda houver consciência." Beijos

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    1. Anna

      Que alegria ler suas palavras tão generosas! Você captou exatamente a intenção: transformar a dor em voz, o silêncio em apelo por humanidade. É um tema duro, mas precisa ser dito e receber a sua leitura tão lúcida e sensível me confirma que vale a pena escrever de peito aberto.
      Obrigada pelo carinho, pela força e pela delicadeza do seu olhar. Que esse grito continue ecoando em nós, para que nunca nos acomodemos diante da crueldade.

      Beijos com afeto e gratidão

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  4. Meu Deus dos céus, que belíssimo texto, tão verdadeiro, verdades na cara de um país que não liga para seus idosos que a vida toda pagaram caro para sua aposentadoria, para terem vida digna, mas é isso que vemos, sim, Fernanda: um lado rico que se fez e faz tudo para se manter; o outro lado... que se vire, não interessa mais!
    A bagunça se instalou nesse país, lindo por natureza, ah que beleza 🎵 , como é cantado, mas que na verdade, não liga para seu povo, tudo se torna difícil lá na ilha da fantasia. E é visto como o país do Carnaval de luxo, de seu aclamado Futebol e outras festanças mais. Mas nossos políticos darão jeito nisso tudo que falta, sim, falarão bonito em época de eleições, quando farão suas lindas promessas!
    Te aplaudo daqui, querida Fernanda, que belíssimo texto deixaste aqui.
    Um ótimo fim de semana, querida!
    Beijinhos e meu carinho, e 'vamu que vamu' seguir em frente, vendo e vivendo...

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    1. Taís

      Suas palavras me enchem de força! Você traduziu tão bem essa realidade triste: um país de tantas belezas e riquezas, mas que insiste em virar as costas para quem mais precisa de cuidado e dignidade. É revoltante ver promessas que se repetem a cada eleição e pouco (ou nada) se cumpre. Agradeço imensamente seu carinho e esse aplauso generoso que recebo com o coração aberto. Seguimos, sim, minha amiga, com coragem e esperança, porque desistir não é opção. Um ótimo fim de semana também para você, com paz e alegrias.
      Beijinhos e meu afeto,

      😘

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  5. Dignidade da pessoa humana.
    Uma incógnita em muitas realidades diferentes, em TODOS os países, em TODOS os tempos, e em TODAS as histórias de vida. Das crianças que sofrem violência, fome e abandono, até os idosos, que “vivem” como você muito bem relatou.
    Penso que a humanidade como um todo está doente de amor, e estes aí, e muitos outros problemas sociais, são os sintomas desta maldita doença, a falta de amor.
    Um dos milhares de exemplos, é aquele “homenzinho foguete”, o ditador da Coreia do Norte, que vive no luxo, enquanto seu miserável país investe em guerra, e larga seus próprios soldados imersos na ignorância, com desnutrição e o corpo cheio de bicheiras.
    Não precisamos percorrer notícias de cada país para conhecer suas mazelas, pois a falta de amor é generalizada. Até entre miseráveis, há os que tornam mais miseráveis ainda os seus próprios pares.
    A humanidade... ahh humanidade!
    Fico pensando... nos tempos do antigo testamento, o quanto triste ficou Deus com a humanidade, que quis exterminar sua própria criação.
    Fico pensando... nos tempos de hoje, o quanto triste está Deus com a humanidade, cuja conduta se tornou incomparavelmente pior, e acumulou atrocidades impensáveis.
    Fico pensando... se Deus fosse um ser maligno, o que seria de nós...
    Fico pensando... ainda bem que Deus é Amor, puro amor.
    “Ainda bem” sim!
    Ainda bem que temos roupas, comida e morada? Ou Graças a Deus temos roupas, comida e morada?
    Podemos dar graças a Deus por tudo, mas a quem podemos dar graças por Deus ser Amor? Não temos a quem fazer isso, não há nada maior que Ele.
    Mas temos a forma mais digna e genuína de sermos gratos a Deus por seu Amor: Reconhecê-Lo e viver em conformidade com a Sua vontade, praticando a justiça, a misericórdia e o perdão, enfim, amar ao próximo. Essa é a solução para esta humanidade tão desumana.


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    1. Pai!

      Ler suas palavras me emociona e me fortalece. Você conseguiu traduzir em verdade e sensibilidade o que sinto: a humanidade sofre de falta de amor, e os sintomas estão por toda parte da indiferença às crianças ao abandono dos idosos. Mas também é verdade o que disse: Deus é Amor, e é essa certeza que nos sustenta. Que possamos sempre viver em conformidade com a Sua vontade, para que a justiça e a misericórdia sejam mais fortes do que a crueldade do mundo. Obrigada por me ensinar, não só com palavras, mas com o exemplo, que amar ao próximo é o caminho. 🙏

      Com carinho e gratidão sempre,
      sua filha,

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  6. Olá, Fernanda!
    Gostei muito da tua abordagem. Perfeita.
    Sobre o envelhecimento há muitas variáveis, mas ainda penso que o principal problema é o dinheiro, ou melhor, a falta de. A velhice é cara, os velhos precisam de dinheiro. E muito dinheiro. E cadê o dinheiro? Está no bolso dos ladrões que governam o país. Os ladrões estão sempre com a burra cheia, roubam à bandeira despregada e abandonam os velhos a Deus dará... totalmente sem recursos. Arrobam a previdência e fica tudo por isso mesmo. E por aí vai.
    Um beijo, querida.

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    1. Querida Marli

      Você disse tudo com uma clareza que corta fundo. A velhice, que deveria ser tempo de cuidado e serenidade, acaba se tornando uma luta diária porque, como você bem destacou, falta o essencial: recursos para viver com dignidade. Enquanto isso, vemos a corrupção enchendo bolsos errados e esvaziando a vida de quem trabalhou tanto.
      Obrigada pelo carinho e por reforçar essa verdade tão dura, mas necessária de ser lembrada. Que possamos seguir unindo vozes, porque o silêncio só favorece a injustiça.

      Um beijo cheio de amizade e gratidão 🙏🏻

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  7. Querida Fernanda, quando acabei de ler o teu texto, senti dentro de mim uma grande revolta. Que mundo é este que construímos?
    Será que tudo tem que ser assim?
    O teu texto pode ser aplicado em todos os países. Não é só no Brasil que os velhos são tratados como algo que só dá despeza, uma despeza inútil, que penaliza a contabilidade do estado. Eu recuso-me a ser velho assim!... Quero envelhecer com dignidade e com o reconhecimento de tudo quando fiz enquanto tive capacidades.
    Infelizmente a sociedade desumanizou-se. Perderam-se os valores morais e humanistas. Vivemos numa verdadeira selva de predadores que atentam contra os mais frágéis. Ah... Aprendi tanto com os meus avós! Grande parte do que sou hoje devo a eles e isso eu nunca vou esquecer! Jamais esquecerei o brilho dos seus olhos quando me abraçavam!
    Mas lamantávelmente, acho que estamos num caminho sem retorno... O poder, desumanizou a Criatura! O homem transfigurou-se em algo que eu não consigo definir.
    Acredito e tenho Fé que uma Mão Divina está atenta e saberá, na altura própria acabar com este desvario!

    Um carinhoso abraço!

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    1. Querido Albino

      Suas palavras é quase como um grito de quem não se conforma com a crueldade que se repete no mundo inteiro. Também acredito que o envelhecer deveria ser sinônimo de dignidade, reconhecimento e respeito nunca de descaso. É triste ver como os valores humanos se perderam e como os mais frágeis acabam sendo os primeiros a sofrer nessa “selva de predadores”, como você tão bem disse. Mas a lembrança dos seus avós, do brilho nos olhos deles ao abraçá-lo, mostra que ainda há sementes de amor que resistem no coração humano. E eu também creio, como você, que a Mão Divina não se ausenta. No tempo certo, a justiça maior se fará presente.
      Obrigada pelo seu abraço carinhoso e pela partilha tão verdadeira. Receba também o meu, cheio de amizade e esperança.

      🤗🙏🏻

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  8. Fernanda, sua indignação é mais do que justificável, mas o Brasil não cuida mal só da velhice, cuida mal também da infância, da juventude, de todo mundo. Temos uma das mais altas taxas de impostos do mundo e não temos um serviço público digno. E o nosso atual governo já aumentou e criou dezenas de impostos, mas ao que parece, só para manter sua máquina gastadora funcionando sem realmente mudar as estruturas do país.
    Eu não dependo do INSS, sou militar da reserva, mas também no nosso sistema há rombo. O país envelheceu e a economia não cresceu na mesma proporção, logo, o sistema sobre anualmente com rombos que precisam ser cobertos pelo Tesouro Nacional. Uma bomba de efeito retardado. Vários países europeus, desenvolvidos e com um nível econômico bem melhor que nós, tiveram que fazer reformas em suas previdências, não sem protestos. Mas a matemática é fria, se o sistema precisa de mais jovens contribuindo para manter a aposentadoria dos mais velhos, e o índice de natalidade cai a cada ano e a economia não cresce, a conta não fecha.
    Então, temos vários rombos: financeiros, de cuidados, de dignidade.

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    1. Querido Eduardo

      Você tem toda razão: o problema não se restringe à velhice. Nossa sociedade carrega rombos em muitas frentes infância, juventude, famílias inteiras desassistidas. É como se o descaso tivesse se naturalizado, e a dignidade fosse tratada como algo secundário, quando deveria ser o centro de qualquer política pública. Concordo também quando você traz a frieza da matemática. Sim, a conta não fecha, e isso é realidade. Mas é justamente por isso que deveria haver mais responsabilidade, transparência e prioridade na condução do país. Porque enquanto se remendam números, vidas se perdem na espera de cuidados básicos.
      Obrigada por enriquecer a reflexão com sua visão tão lúcida e completa. Que possamos, cada um de nós, manter essa indignação viva, para que não se torne silêncio.

      Com amizade e gratidão,
      🙏🏻 😘

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  9. Nanda,
    Faz tempo que perdi as esperanças com o nosso país do modo que ele é governado e que não há expectativas de mudanças. Mais de 30 partidos pululam "no mercado dos partidos políticos" e são financiados com recursos públicos.

    O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, conhecido como Fundo Partidário, se destina às despesas cotidianas das legendas. Ele é composto por multas e penalidades em dinheiro aplicadas de acordo com o Código Eleitoral e outras leis vinculadas à legislação eleitoral e por recursos financeiros que lhes forem destinados por lei. Também se constitui por doações de pessoas físicas efetuadas por meio de depósitos bancários diretamente em conta específica destinada a essa finalidade, além de dotações orçamentárias da União.

    A legislação em vigor estabelece que 5% do total do Fundo Partidário devem ser distribuídos, em partes iguais, a todos os partidos que tenham seus estatutos registrados no Tribunal Superior Eleitoral. Outros 95% do total do fundo são repartidos às legendas na proporção dos votos obtidos por cada uma delas na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, respeitados os requisitos de acesso da chamada cláusula de desempenho.
    Isto basta?
    Além das emendas impositivas (logo obrigatórias) pelas quais o Congresso submete o orçamento da União, os políticos brasileiros não pagam sequer a roupa branca (como diria Machado de Assis ou Eça de Queiroz).
    Do aluguel de imóvel mesmo quando não precisam... até as concubinas que muitos mantêm em Brasília. Log, não há dinheiro para proteger a velhice, a criança ou juventude... e a estratégia simples: é manter a povo na ignorância.
    Os falsos líderes religiosos fazem a sua parte...
    São tantas as mazelas, Nanda. São tantas que... prefiro deixar-te um abraço apertado em nome da nossa amizade.
    Mas seu texto é muito bonito, um libelo a favor do reconhecimento da velhice, do respeito aos idosos (sabia? estou nesse bloco, ainda sem fralda geriátrica, risos). Falta dignidade nesse país para quase tudo, exceto para o futebol que as bets despejam rios de dinheiro, patrocinando inclusive a seleção brasileira).
    .

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    1. Querido Eros,

      Sinto profundamente sua frustração e compartilho da sua indignação com o modo como nosso país é governado. Realmente, a quantidade de partidos políticos e o funcionamento do Fundo Partidário mostram um cenário desanimador. Mais de 30 partidos coexistem, financiados com recursos públicos, e é difícil não sentir que muitas vezes isso serve mais aos interesses dos próprios políticos do que ao bem coletivo. A distribuição dos 5% e 95% do Fundo, como você explicou, evidencia um sistema desigual e muitas vezes injusto: mesmo sendo legal, ele perpetua privilégios e mantém o povo à margem das decisões importantes. Quanto à sua pergunta “Isto basta?”, concordo com você: não basta. Conhecer a legislação e os mecanismos de distribuição do Fundo Partidário não muda a realidade do descaso cotidiano, nem protege a população dos desvios de recursos e da falta de políticas públicas eficazes. O que vemos é que, apesar de existir dinheiro para certas áreas, como o futebol e as apostas, falta para proteger a velhice, a infância e a juventude.
      Sobre os privilégios que você citou desde políticos que não pagam sequer a “roupa branca”, passando pelo aluguel de imóveis desnecessários, até a manutenção de concubinas em Brasília é realmente revoltante perceber como alguns ignoram completamente a ética e a dignidade. É como se os interesses pessoais fossem colocados acima de qualquer responsabilidade social, e isso nos faz questionar o futuro do país. A estratégia de manter o povo na ignorância, aliada ao papel de falsos líderes religiosos, infelizmente contribui para que muitas injustiças permaneçam invisíveis ou aceitas.
      Mesmo diante de tanta frustração, fico tocada com seu carinho e amizade. Que bom que conseguimos rir com seu “ainda sem fralda geriátrica”! Isso mostra que, apesar das dificuldades e das mazelas que nos cercam, ainda podemos encontrar leveza e celebrar a vida. Seu comentário também me lembra que é justamente nos pequenos gestos de cuidado, atenção e respeito principalmente aos idosos, à juventude e às pessoas ao nosso redor que construímos dignidade e resistência.
      Obrigada por compartilhar tão aberta e profundamente suas reflexões. Mesmo diante de tantas injustiças, sua sensibilidade e amizade são um bálsamo. Que possamos continuar cultivando esperança, afeto e atenção no nosso dia a dia, percebendo que cada gesto de cuidado, cada palavra de reconhecimento e cada abraço sincero são formas de construir um mundo melhor, mesmo que aos poucos.
      Um abraço apertado, com carinho e amizade,

      🤗😘🙏🏻

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)