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08 outubro, 2025
Nas Pegadas do abstrato
3 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Boa tarde de paz, querida amiga Fernanda!
ResponderExcluirNão é fácil e só conseguimos pela sua Graça que nunca nos falta...
Ele é Deus e Trino, com 3 Pessoas que nos revestem de muito amor e força.
"Com serviço. Não com troféus, mas com cicatrizes."
Assim é o seguimento ao Mestre.
Tomemos sua Cruz e O sigamos por amor.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos fraternos
Belo texto sobre o Nazareno. Já te disse que eu fiz teologia, né? Então, não há personagem do qual eu mais li do que Jesus. Li dezenas de livros sobre cristologia, a historicidade de Jesus, as diferenças visões dos primeiros cristãos, até a normatização da doutrina cristã nos concílios da Igreja, que creio ter engessado a pessoa de Jesus. Jesus é um só e também é muitos.
ResponderExcluirVocê destacou no seu texto o Jesus pé no chão, o Jesus humano, demasiadamente humano que se identificou com o humano em nós, e ao fazer isso, pode nos redimir através de um chamado à humanidade de cada um, ao tomarmos a cruz e negarmos o egoísmo. Seguir a Jesus não é fácil. Ele teve problemas com seus próprios primeiros 12 discípulos.
Hoje para mim o que mais me toca nos Evangelhos é a suma mensagem existencial. Seguir a Jesus como condição para uma vida mais autêntica.
Ao mesmo tempo, rejeito a visão mais belicosa do Jesus apocalíptico. Aquele que virá com olhos de fogo e com a vingança de Deus contra os ímpios. Essa visão não bate bem com o Jesus dos Evangelhos, apesar de que narrativas evangélicas também nos mostra Jesus algumas vezes proferindo possíveis condenações a quem rejeita o seu reino.
Mas para mim, essa é a força de Jesus. Uma personalidade tão marcante certamente teria provocado várias interpretações sobre sua pessoa e sobre sua missão.
Fiquemos com o Jesus da cruz, da renúncia ao poder pelo poder, ao Jesus amigo de prostitutas e cobradores de impostos, ao Jesus que contrariando a lei do seu povo, tocava em cadáver para lhes restituir a vida e ao Jesus da ressurreição, ato que promove a potência da esperança no devir.
Eduardo, querido amigo,
ExcluirFiquei aqui lendo e relendo teu comentário.
Que prazer ler, tão profundo e fundamentado!
É evidente a riqueza da tua experiência teológica e o carinho com que estudaste a figura de Jesus. Fico tocada pela maneira como observaste o Jesus humano, o Nazareno que caminha conosco, que sente, se identifica com nossas fragilidades e nos convida à renúncia do egoísmo para vivermos de forma mais autêntica. Concordo contigo: seguir a Jesus é um caminho que exige coragem e entrega. Ele se aproximou de todos amigos e marginalizados, justos e pecadores e isso nos mostra que a verdadeira missão não é sobre poder ou imposição, mas sobre amor, compaixão e transformação do coração. O Jesus dos Evangelhos nos desafia a enxergar o outro, a perdoar, a amar sem medidas, mesmo quando isso contraria normas sociais ou religiosas. Também partilho do teu desconforto com a visão apocalíptica e belicosa. Esse Jesus “de olhos de fogo” parece distante da proximidade e da ternura que os Evangelhos nos apresentam. A força do Nazareno está na humanidade que Ele revela, na cruz que assume, no amor que oferece e na vida que restitui aos que sofrem, aos marginalizados, aos esquecidos. Gratidão por partilhares tua perspectiva tão rica e fundamentada. Conversas assim iluminam e aprofundam nosso olhar sobre Ele e nos lembram que a mensagem de Jesus é viva, plural e eternamente relevante.
Com carinho 🙏🏻🤗