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09 outubro, 2025
O Manto do Outono
12 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Olá, amiga Fernanda, o cálido Outono vem amenizar o calor deixado pelo verão, e também vem nos preparar para o inverno quando esse se aproxima, com o gélido tempo.
ResponderExcluirO Outono, é uma das estações mais bonitas no meu sentir, que nos traz lembranças e elevado estado de espírito. Não é sem motivo que o Outono vem inspirando artistas de todos os matizes.
O cinema fez bom uso desta estação do ano, a música e a poesia mais ainda. Quem não se lembra de As Folhas Mortas, que foi cantada por Yves Montand. Isso, e muito mais, Fernanda.
Um ótimo final de semana, Fernanda!
Meu abraço, amiga, parabéns pela bela postagem.
Querido Pedro!
ExcluirQue prazer ler tuas palavras cheias de sensibilidade e encantamento pelo Outono. Realmente, esta estação traz consigo uma beleza serena e reflexiva, capaz de inspirar a arte, a música e a poesia, assim como nosso próprio sentir. Fico feliz que tenhas apreciado a postagem e compartilhaste tua visão tão poética desta época do ano. Desejo-te um final de semana igualmente tranquilo e inspirador!
Meu abraço fraterno,🤗🙏🏻
Me emocionei, Fernanda. Lindo mesmo.
ResponderExcluirSérgio,
Excluirque bom saber que minhas palavras tocaram teu coração! Fico muito feliz com tua emoção é exatamente essa conexão que dá sentido a tudo o que escrevo. Obrigada por partilhares tua sensibilidade comigo.
Com carinho
🙏🏻
Que belo poema, Nanda! Gostei da sua paleta de cores, da sua paleta de imagens, Da cor terrosa que colocou em seu poema.
ResponderExcluirTrago Cecília para dialogar com o seu poema:
Canção de Outono
Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?
E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando aqueles
que não se levantarão...
Tu és folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
E vou por este caminho,
certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...
Cecília Meireles
Poesia completa: Volume 2. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.
Tenha um bom final de semana, minha querida amiga!
Eros, querido amigo,
ExcluirQue presente receber tuas palavras tão sensíveis e detalhadas sobre o meu poema! Fico encantada com o cuidado com que observaste minha paleta de cores e imagens perceber que o terroso, o outonal, se fez presente para ti me emociona profundamente. É exatamente essa atenção aos detalhes que faz com que a poesia cumpra seu papel: tocar o coração de quem lê.
A inclusão de Cecília Meireles nesse diálogo é preciosa. Sua “Canção de Outono” reverbera de maneira tão intensa com o meu sentir: folhas que caem, sentimentos que se dispersam, mas que deixam rastros de amor, de saudade e de reflexão sobre a fragilidade humana. Ao ler o poema dela, senti como se nossas vozes se entrelaçassem no mesmo jardim de outono, cada folha sendo guardada com ternura.
Agradeço imensamente por trazer essa referência e por partilhar tua sensibilidade comigo, fazendo do nosso diálogo literário um encontro de cores, sentimentos e memória poética.
Que teu final de semana seja pleno de inspiração, serenidade e folhas dançando com a brisa suave do outono!
Com carinho,
🥰🙏🏻
Oi, Fernanda!
ResponderExcluirQue lindeza de texto esse que escrevestes sobre o outono. Para mim, o outono é a estação mais bonita, mais aconchegante e que me torna mais feliz. O sol brilha mais, o céu tem um azul de doer e os pássaros cantam com mais empenho. É um movimento visceral da natureza, pelo menos na minha visão. No final do poema, leio uma oração muito profunda que, tenho certeza, saiu do fundo da tua alma. Assim como tu, eu também estou sempre rezando e pedindo para que eu possa, nas minhas andanças por esta terra, deixar rastros de beleza e amor.
Bjssss, Marli
Marli!
ExcluirVamos tomar nosso cafezinho e conversar um pouco 😊
É uma alegria ler tuas palavras tão sensíveis e cheias de vida! Fico encantada com a maneira como descreveste o outono o céu azul, o sol brilhante, os pássaros cantando com empenho… consegui sentir essa beleza junto contigo.
Fico feliz que a oração ao final do poema tenha tocado teu coração. É exatamente desse lugar profundo da alma que escrevo, com o desejo de deixar rastros de amor e beleza por onde passamos. Obrigada por compartilhar tua visão tão poética e por essa sintonia com meus sentimentos.
🥰🙏🏻
Bjssss,
Adoro o início do poema pq concordo tanto com ele
ResponderExcluirTudo na.voda tem uma.razao e acontece por uma.razao
Que bom que o início do poema tocou teu coração!
ExcluirFico feliz que sintas essa conexão com a ideia de que tudo na vida tem uma razão e acontece por um motivo. É exatamente esse entendimento que me inspira a escrever: acreditar que, mesmo nos desafios e nas incertezas, há sempre um propósito maior guiando nossos passos. Obrigada por partilhares tua percepção saber que as palavras chegam em outra alma torna toda a escrita ainda mais significativa.
🙏🏻
Olá, querida amiga Fernanda!
ResponderExcluirFui lendo e me sentindo uma folha, sendo levada ao léu pelo vento impetuoso e caindo numa terra estranha em que poderei servir de adubo às novas folhagens viçosas num futuro...
Não sou sempre hesitante, mas deixo o Espírito me conduzir para onde ele me deseja estar...
"A vida se constrói dessas pequenas quedas e repousos".
Estou num tempo de repouso, mas saí de uma queda quase fatal há poucos anos (mais uma).
Seja uma lição cada queda e cada estabilizar como um folha que voa ao léu, esperando seu próximo destino.
Uma linda prosa poética nos oferta.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos fraternos
P.S. "Palavra nasce no corpo, também brota no chão, cria raiz e folha e respira".
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