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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

03 novembro, 2025

A água que entra no barco

Aleatoriamente um toque de poesia
Nas férias



Sempre achei curioso como a vida nos dá lições escondidas nas coisas mais simples. Hoje, olhando para o mar, pensei no barco que balança sobre as ondas. Às vezes, é o mar que nos sustenta; outras, é ele que nos ameaça. E percebi: a água que afunda o barco é a mesma que entra nele.

Quantas vezes carregamos dentro de nós sentimentos que, se bem conduzidos, nos mantêm à tona, e se mal medidos, nos afundam? A raiva que sentimos pode nos impulsionar a mudar, mas, se deixada solta, corrói por dentro. O medo nos alerta, mas quando nos domina, nos paralisa. A esperança nos sustenta, mas a ilusão nos engana. Tudo depende de como navegamos.

O barco não afunda porque a água exista,  afunda porque não aprendemos a lidar com ela. Se olharmos com atenção, podemos usar a mesma água que nos ameaça para nos manter de pé, ajustando as velas, remando com cuidado, aprendendo a flutuar mesmo em meio às tempestades.

No fim, o segredo não é evitar a água impossível, mas reconhecer que ela é parte da viagem. A mesma força que poderia nos arrastar para o fundo pode, se bem conduzida, nos levar adiante, nos ensinar a equilibrar o barco e nos mostrar que, às vezes, afundar é apenas um aviso de que precisamos aprender a navegar melhor.

E assim sigo, aprendendo a lidar com a água, sem medo, sem pressa, sabendo que ela pode tanto afundar quanto sustentar. Depende de mim.

Fernanda

2 comentários:

  1. Tão linda foto e tão lindo texto,Nanda! E é bom ter essa mania de aprender com tudo,né?
    beijos praianos, chica

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  2. Estou aqui nesta viagem, neste percurso de retorno às origens das coisas a partir da sua reflexão do binômio água e barco, ou mar e barco, ou desse reencontro com a imagem e a palavra poetizada.
    Gosto desse seu jeito de poetizar. Ainda que nos leve a refletir sobre a viagem que você leva a fazer e, durante o percurso, você não faz outra coisa senão elucidar imagens pelo organismo único e essencial do poema, sabendo que a imagem poética, poesia e poema são única e uma realidade: essa viagem que fazemos juntos aprendendo a lidar com a água esse objeto que você modula tão bem com outras palavras, com outras imagens.
    Aqui a gente respira a poesia penetrando o ser penetrando-a.
    Afetuoso abraço, Nanda!

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)