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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

10 novembro, 2025

Ele, cuida!

Aleatoriamente um toque de poesia
O que Deus quis nos ensinar

Porque Deus trabalhou até o sexto dia e no sétimo descansou?
Se Ele poderia, num piscar de olhos, ter criado o universo inteiro mares, montanhas, estrelas, amores por que escolheu o tempo, a pausa e o processo?

Fico pensando que talvez o Criador, na Sua infinita paciência, quisesse nos ensinar algo que a pressa humana ainda não entendeu: que o fazer tem valor tanto quanto o resultado.
Deus não precisou de seis dias penso, mas quis precisar.
Quis experimentar o intervalo entre o gesto e a forma, entre o sopro e a vida.
Quis mostrar que até o divino respeita o ritmo das coisas.

Há um ensinamento minucioso nisso:
criar não é só realizar, é demorar-se.
É olhar o que se fez e dizer: “está bom.”
É descansar não por cansaço, mas por gratidão.

Talvez, quando Ele parou no sétimo dia, Deus não estivesse exausto.
Estava contemplando. Estava nos ensinando o prazer de olhar o caminho e perceber que o sentido também mora no meio, não só no fim. Estava dizendo, em silêncio: “Não é preciso correr. Até o sagrado tem etapas.”

E nós, que insistimos em acelerar tudo o perdão, o sucesso, o amor, a cura esquecemos que há um Deus que criou o tempo não como limite, mas como gesto de ternura.
Ele poderia ter feito tudo num instante, mas preferiu nos ensinar o milagre do passo a passo, a beleza da demora criadora, a arte do descanso confiante.

No fundo, Ele quis nos dizer:
 “Cria com calma. Vive com alma.
E quando o sexto dia da tua luta terminar,
descansa comigo.”

E foi aí que compreendi o descanso de Deus não foi um fim, foi um ensinamento vivo.
O sétimo dia não é sobre parar, é sobre celebrar o que já foi feito.
É um convite à confiança: o universo continua girando mesmo quando a gente decide não controlar tudo.

Porque há um instante em que o trabalho deixa de ser construção e vira fé.
É quando você entrega, solta, respira. Quando entende que nem tudo depende das tuas mãos, que há uma parte  Dvina que continua a obra enquanto você dorme.

E é aí que mora a sabedoria: trabalhar como quem serve, mas descansar como quem confia.
Deus quis nos ensinar que a criação sem pausa vira exaustão, e que o descanso sem propósito vira fuga.
O equilíbrio está em fazer com amor e, depois, silenciar com gratidão.

No sétimo dia, Deus nos mostrou que o mundo não precisa de pressa, precisa de presença.
E desde então, toda vez que a vida me exige demais, lembro d’Ele descansando não por fraqueza, mas por amor à própria criação.

E digo a mim mesma, baixinho:
“Já é o sexto dia, Fernanda.
 Agora, deixa Deus cuidar do resto.”
E Ele, cuida!


Fernanda

E vocês? 
O que vocês acham que Deus quis nos ensinar com o descanso do sétimo dia?

15 comentários:

  1. Olá Fernanda.
    Menina, tem dias que eu me pego confabulando comigo mesmo sobre Deus e sobre a Bíblia.
    Sou cristão evangèlico, mas tem coisas que a teologia quer explicar e não consegue.
    Será que Deus poderia mesmo, num piscar de olhos fazer tudo como fez em seis dias?
    E Jesus? Se Ele era mesmo um plano de Deus para a salvação de todos, porque também não foi num piscar de olhos?
    Teve que ter os patriarcas, depois a época da escravidão, depois o êxodo, depois as guerras, reinados, juízes, tempo de paz, tempo de contenda e só depois veio Jesus.
    Será que Deus pode mesmo fazer num piscar de olhos, ou ele faz as coisas com muita preparação, porqeu é assim que ele pode fazer?
    Como aquela pergunta malvada: Deus é capaz de fazer uma pedra tão grande que Ele não possa levantar?
    Perguntas que só saberemos quando o encontrarmos.
    Quanto a nós, meros mortais.
    Infinitamennte menores e menos capazes, as vezes um dia de descanço nem basta.

    Tenha uma linda semana.

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    1. André,

      que bom tuas perguntas. São as melhores, porque não se contentam com respostas prontas.

      Sobre tua primeira dúvida: sim, penso, que Deus poderia ter criado tudo num piscar de olhos. Mas escolheu o tempo, os dias, as pausas. Por quê? Porque o processo ensina. O “sexto dia e o descanso no sétimo” não mostram limitação, e sim propósito pedagógico: Deus quis nos mostrar o valor do ritmo, da ordem e da contemplação. A criação, assim, não foi um ato apressado, mas uma lição de paciência e sentido até o divino respeita o tempo das coisas.

      Quanto a Jesus, também poderíamos pensar: se Deus queria salvar, por que não o fez de uma vez? Mas o amor não acontece de uma vez ele se revela. A história de Israel, os profetas, as esperas e os enganos, tudo isso preparou os corações humanos para compreender o gesto de um Deus que se faz homem. A salvação não veio como espetáculo, mas como encontro. Jesus não “resolveu” o mundo com poder, mas o transformou com convivência, dor e ternura.

      Tu te perguntas se Deus precisa de tempo para agir. Eu creio que não, mas escolhe o tempo para se relacionar conosco. Ele não cria por pressa, mas por amor. O tempo é o espaço onde Ele nos convida a participar da obra: a plantar, esperar, aprender, confiar. Deus trabalha com processos porque o amor é processo e nos inclui neles.

      E quanto à tua “pergunta malvada” se Deus poderia criar uma pedra tão grande que Ele mesmo não pudesse levantar é um clássico paradoxo humano. A onipotência divina não é força bruta, é sabedoria perfeita. Deus não faz o impossível lógico, porque o que é contraditório não é criação, é absurdo. Ele não se contradiz e isso não limita Sua grandeza; ao contrário, revela que Sua perfeição é coerente e íntegra.

      No fim, como tu disseste com tanta simplicidade: “Perguntas que só saberemos quando o encontrarmos.” Talvez seja isso mesmo. Mas o bonito é que, enquanto caminhamos, perguntar é também um modo de crer. Quem pergunta a Deus, já O está procurando.

      E sim às vezes um dia de descanso não basta. Mas talvez o sétimo dia não tenha sido criado só para o corpo, e sim para o espírito aprender a repousar em Deus.

      Com carinho e respeito pela tua busca,
      Tedesejo tbm uma linda semana 🙏🏻

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  2. Linda essa ceerteza,Nanda! ELE cuida mesmo, de verdade! Podemos descansar e ir com calma... beijos, ótima semana, chica

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    1. Ah, Chica tão querida!

      É tão bom ler isso…
      A gente se perde às vezes nas pressas e esquecimentos, mas é verdade: ELE cuida, sempre. E quando a alma se lembra disso, tudo se acalma o coração volta a respirar no ritmo certo. Obrigada pelo carinho de sempre. Um beijo grande e uma semana cheia de luz! 😘🙏🏻

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  3. Boa noite de Paz, querida amiga Fernanda!
    Olha só a coincidencia...
    Parei o que estava fazendo à tarde (fora os intervalos que me 'obrigo' a esticar o corpo) e resolvi deitar no sofá e esticar o corpo...
    Em suma, descansar um pouco.
    A cada dia, procuro viver, dentro dele, o "Sétimo dia'...
    Não sou de ferro.
    Eu descanso NELE, todo santo dia.
    Ontem, no sentido literal, à tarde, tirei para terminar um livro (fiz meu Sétimo Dia).
    Tudo que Deus fez e como fez, é Perfeito.
    Assim que, "ora et labora"... e descansa!
    Aqui, eu descanso a mente...
    Seus escritos me inspiram e me alegram.
    Tenha um anoitecer abençoado!
    Beijinhos fraternos
    🙏🤝😇💐😘

    "..

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    1. Bom Dia, querida Roselia!

      O modo como você fala do descanso em Deus é de uma paz contagiante. É como se cada frase sua trouxesse um convite ao sossego do espírito. Esse “sétimo dia” que a gente precisa aprender a viver dentro de cada dia.
      Acredito que descansar não é parar, é confiar. É entregar o peso e lembrar que há um colo divino sempre pronto pra nos acolher.
      Fico feliz que o que escrevo te tragam alegria, os seus sem dúvida, me devolvem ternura. Um beijo com carinho e gratidão. Que o seu descanso siga sendo também oração. 🙏🏻

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  4. Um belo texto com suas reflexões que tem embasamento no parar para rever e prosseguir na arte da criação. Um repassar o passado com o presente nos olhos e um olhar lá na frente.
    Muito boa postagem e provocação Fernandinha.
    Carinhoso abraço e feliz semana leve e alegre.

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    1. Querido Toninho,

      que alegria ler suas palavras! Tão generosas, fico muito grata!
      Gosto dessa ideia que você trouxe “rever e prosseguir” porque é exatamente isso que me move ao escrever: olhar o passado com ternura, o presente com consciência e o futuro com esperança.A arte da criação nasce desse entrelaço de tempos, não é? Obrigada pelo carinho de sempre e pela presença tão gentil.
      Desejo também a você uma semana leve, serena e cheia de bons recomeços.

      🙏🏻

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  5. Nanda, minha querida, Nanda, como diz a amiga Rosélia, seus escritos me inspiram e me ensinam. E descubro que sei tão pouco de tudo e, sobretudo, de Deus, sei tão pouco do sopro e da vida da perspectiva que você a olha, sei tão pouco do gesto e da forma que nunca os pensei da perspectiva da criação divina. Mas reconheço, como Gonzaguinha, sou um eterno aprendiz.
    Confesso que o seu texto é muito bonito, é uma lição de vida, independe da presença de Deus, enquanto linguagem, é uma pérola, mas não seria uma pérola, dir-me-ás, se não fosse pela presença de Deus a inspirar-me.
    Fica com uma braço fraterno,
    José Carlos

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    1. Querido Eros,

      suas palavras me tocam profundamente. Há nelas uma humildade bonita, dessas que nascem de quem verdadeiramente busca compreender não apenas o texto, mas a alma por trás dele. Fiquei emocionada com o modo como você percebeu a presença de Deus, não como doutrina, mas como essência o sopro que dá sentido à criação, o silêncio que inspira a palavra.
      Acredito que todos somos aprendizes, como bem disse Gonzaguinha, e é nesse aprendizado contínuo que Deus se revela: quando escrevemos, quando lemos, quando deixamos o coração ser tocado. Obrigada por esse olhar tão generoso sempre e por caminhar comigo nesse diálogo de fé e beleza. Receba meu abraço fraterno e cheio de gratidão. 🤗🙏🏻

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  6. Querida Fernanda, falo muitas vezes da correria das pessoas, do querer ter sempre mais e mais, numa busca incessante pelo sucesso, por uma casa espectacular, pelo carro topo de gama, sem pensarem que há pequenas coisas tão importantes que são esquecidas nessa ânsia de tudo querer. E como ficam os filhos? Esquecidos, tristes e tantas vezes deprimidos. Os pais não têm tempo para enxergar os sinais que as crianças vão dando e por isso vemos tantos suicídios em jovens; têm tudo o que o dinheiro pode comprar, mas falta a tal " presença " de que tanto falas nos teus textos. Li uma vez, não sei onde ; " para ser-se feliz, basta ter o suficiente " e nunca mais esqueci essa frase. Aprendemos que Deus ao sétimo dia descansou e nesse ensinamento está implícita a necessidade de parar, não para nada fazer, mas para reflectir e admirar toda a beleza que encontramos à nossa volta; é preciso trabalhar, mas não fazer do trabalho a nossa prioridade maior. Quando a nossa caminhada acabar, tudo fica...
    O Augusto Cury diz num dos seus livros mais ou menos o seguinte" nós ficamos eternos no significado que damos à vida dos que connosco convivem "; que significado deixarão aqueles que não tiveram tempo sequer para um olá, uma visita à um amigo doente, um beijinho de boa noite aos filhos? Nenhum!
    Fui criada na igreja católica , apostólica romana e nela criei os meus filhos e quanto à pergunta que fazes, Querida Fernanda, estou como o André...tantas duvidas...tantas questões... Talvez, Amiga, eu não tenha a fé necessária...
    Mas tenho uma fé incrível no ser humano, apesar de tantas maldades cometidas. Somos, na grande maioria pessoas de bem que tentam ajudar e que respeitam os outros, mas há sempre uma " meia dúzia " de malvados que põem o mundo em alvoroço e medo, com guerras, fome , destruição da natureza e outros males. Mas são só " meia dúzia "...
    Devemos valorizar todos os outros, capazes de grandes maravilhas a nível humano.
    Fernanda, saímos daqui sempre mais ricos , mais preparado para as reflexões que temos de fazer nos nossos momentos de descanso. Obrigada!
    Beijinhos
    Emília 🌻 🌻

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    1. Querida Emília,

      Você costura pensamento e emoção com uma lucidez admirável e o faz sem perder a ternura. A sua reflexão é um verdadeiro espelho dos tempos: um retrato do mundo apressado, onde as pessoas confundem plenitude com acúmulo e sucesso com ausência de silêncio. O modo como você relaciona essa corrida moderna à dor das crianças é de uma sensibilidade rara. Tão poucos percebem que a falta mais cruel não é a de bens, mas a de presença essa palavra simples e quase sagrada que você destacou com tanta verdade.

      A lembrança de que “para ser feliz, basta ter o suficiente” é uma pérola. Em tempos de excessos, essa frase soa como um evangelho do equilíbrio e o seu modo de trazê-la à tona reforça o sentido espiritual da crônica. Quando cita o descanso de Deus no sétimo dia, você traduz o divino em gesto humano: o de parar, respirar, admirar o que já é. É um lembrete de que o descanso também é oração.

      A menção a Augusto Cury enriquece ainda mais a reflexão essa ideia de que nos tornamos eternos no significado que deixamos na vida dos outros é de uma beleza dolorida. E você pergunta com doçura e coragem: que significado deixa quem nunca teve tempo para amar? Essa pergunta soa como um chamado não de culpa, mas de consciência.

      E, ao confessar suas dúvidas, você mostra algo que poucos entendem: que a fé verdadeira não é ausência de perguntas, mas o desejo de continuar buscando mesmo sem respostas prontas. Sua confiança no ser humano, apesar de tudo, é uma forma altíssima de fé a mais rara e necessária nos tempos de hoje.

      Emília, seu comentário não é apenas uma resposta é uma extensão viva do texto.
      Um diálogo de almas, desses que não se apagam depois da leitura.
      Obrigada por transformar palavras em abrigo.

      🙏🏻😘

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  7. Oi, Fernanda! Uma reflexão notável, sem dúvida! Penso que mesmo as entidades celestes que habitam os reinos da criação carecem, por vezes, do descanso que tanto valorizamos, os simples mortais. Aqui em nossa realidade atual, a classe mais humilde do Brasil se esforça incansavelmente, como animais de carga, recebendo remunerações escassas ao final do mês. No frenesi atual, onde o anseio por tudo se torna urgente, as vidas parecem se desenrolar no ritmo automático de uma máquina. As pessoas, infelizmente, se veem distantes do prazer que reside na serenidade das pequenas alegrias cotidianas. É com pesar que observamos essa realidade, tão rica em possibilidades, sendo ofuscada pela pressa e pela indiferença. Abraço!

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  8. Oi, Fernanda! Uma reflexão notável, sem dúvida! Penso que mesmo as entidades celestes que habitam os reinos da criação carecem, por vezes, do descanso que tanto valorizamos, os simples mortais. Aqui em nossa realidade atual, a classe mais humilde do Brasil se esforça incansavelmente, como animais de carga, recebendo remunerações escassas ao final do mês. No frenesi atual, onde o anseio por tudo se torna urgente, as vidas parecem se desenrolar no ritmo automático de uma máquina. As pessoas, infelizmente, se veem distantes do prazer que reside na serenidade das pequenas alegrias cotidianas. É com pesar que observamos essa realidade, tão rica em possibilidades, sendo ofuscada pela pressa e pela indiferença. Abraço!

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)