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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

09 novembro, 2025

Onde Está Deus?

Aleatoriamente um toque de poesia



Hora da história
As crianças estavam sentadas em círculo, os olhos brilhando de curiosidade. A noite estava tranquila, e eu, a mãe, me sentei com elas, preparando-me para contar a história que tanto queriam ouvir.

Hoje vamos falar sobre Deus e onde Ele está, comecei, com um sorriso.
José, que sempre faz as perguntas mais diretas, pulou do lugar:
“Mamãe, sabe onde está Deus agora?”

E eu respondi:
José, Deus não está longe, não está escondido. Ele está em tudo o que vemos e no que não vemos. Está no vento que balança as árvores, no canto dos pássaros, no calor do sol e na água que nos refresca. Está no sorriso de quem amamos e até no choro de quem sofre, porque Ele entende cada emoção nossa.

As crianças se entreolharam, encantadas, tentando imaginar Deus em cada detalhe do mundo. Eu continuei: Deus também está dentro de cada um de nós. Quando ajudamos alguém, quando sentimos compaixão, quando fazemos algo com amor, estamos deixando que Ele se manifeste. Ele não precisa estar num lugar específico, porque Sua presença é tão grande que cabe em cada gesto, em cada pensamento, em cada coração.

Clarinha, curiosa, perguntou baixinho:
“Então, Ele está aqui, na gente?”
E eu disse, segurando sua mão: Sim, filha. Sempre esteve, sempre estará. 
A gente só precisa aprender a enxergar.

Nos dias seguintes, as crianças começaram a notar Deus em tudo. Pedro viu Deus no arco-íris que surgia depois da chuva; Aischa encontrou Deus no riso do irmão caçula; Sofia disse que sentiu Deus quando cuidou de um gatinho perdido; e José, curioso como Clarinha, percebeu Deus no barulho da chuva batendo no telhado. Cada gesto simples, cada detalhe da vida parecia carregar a assinatura de Deus.

Uma noite, enquanto todos se preparavam para dormir, eles se deitaram e sussurraram:
“mãe, hoje eu vi Deus em muitas coisas…”
E eu os abracei, sentindo que cada um já entendia a maior lição: Deus não é apenas uma figura distante no Céu, mas a vida que pulsa em cada instante, nos gestos de cuidado, nas pequenas alegrias e na bondade silenciosa que espalhamos pelo mundo.

Então, crianças,” finalizei, sempre que quiserem sentir Deus perto, basta olhar ao redor e dentro de vocês. Ele estará lá, em cada flor, em cada sorriso, em cada coração.

E assim, naquela noite, oito pequenos corações dormiram em paz, mais maravilhados ainda com a certeza de que Deus está presente, sempre, em tudo e em todos.

Todos os vovós, minhas mães e pais estavam tão animados com a história também que, depois de ouvir, não paravam de elogiar. “Que jeito lindo de explicar Deus para as crianças!”, dizia minha mãe, com os olhos brilhando. Meu pai acrescentava: “Nunca pensei que fosse tão fácil sentir a presença de Deus em coisas tão simples.”

Os vovós se aproximaram das crianças e começaram a compartilhar suas próprias experiências.Um deles, contou sobre o vento que sempre parecia acariciar seu rosto quando se sentia triste, dizendo que era Deus a consolá-la. Seu Jorge falou das estrelas que iluminavam suas noites solitárias, como se fossem pequenos sorrisos enviados do Céu.

As crianças escutavam atentas, absorvendo cada palavra. Elas perceberam que Deus não estava apenas nas histórias que eu contava, mas também nas vidas e lembranças de todos que amavam. José olhou para mim e disse: “Mamãe, Deus mora no coração de todo mundo, né?”
E eu sorri, emocionada: Sim, meu filho. Cada gesto de amor, cada cuidado, cada lembrança boa é um pedacinho de Deus vivendo em nós.

Depois daquele dia, cada noite virou um momento mágico. As crianças corriam para se sentar comigo, ansiosas para descobrir onde mais poderiam sentir Deus. Os adultos também se juntavam, agora não só para ouvir, mas para compartilhar, lembrando que todos, grandes ou pequenos, podiam enxergar a presença divina na vida cotidiana.

E assim, a pequena sala iluminada  se tornou um lugar de encantamento, de aprendizado e de ternura. Cada história fortalecia o laço entre gerações e deixava em todos o mesmo sentimento: Deus está em todo lugar, e sentir Sua presença é tão natural quanto respirar.



Fernanda

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)