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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

24 janeiro, 2017

Caminho








Não existe algo tão perturbador que os seus pensamentos nesse instante. O tempo tem suas façanhas, acomoda tudo ao seu modo, então em passos de lesma o vemos caminhar, quando o coração quer pressa.
Alguns dizem: Vai passar! Ela sabe que vai, um dia. Por hora seu coração acelera, seus olhos molham, o ânimo intimida e o riso se abre como que instintivo. Então segue como se aquela fosse outra e não ela. Estava exausta, sem o momento de sentir-se dentro dela outra vez. O que está acontecendo? Não sabia explicar.
Apenas precisava descansar, dormir um pouco. Assim talvez passasse aquela sensação de abandono.  O que era mesmo aquilo que estava experimentando? Uma mistura esquisita, um gosto de sequidão, precisava de água-esperança para sobreviver nesse deserto humano.
Pensara em fazer um diário de bordo para contar um pouco da porta que se abriu, do mar, lugares e pessoas... Até de certo modo o fez, mas havia em seu interior um mar selvagem que coagia seus olhos numa mistura desmesurada, lembranças, solidão, tristeza. Quanto tempo cada um de nós tem para lutar e vencer pelo menos algumas batalhas internas? Se perguntou enquanto enxugava o rosto com as costas das mãos.
Fitou o céu, queria conselhos, entendimentos, o sopro da brisa enfim. Momento entre ela e Deus pedia respostas tão suas, e lembrou aquele amigo de todas as horas que sempre estava lá, bastava chamar. Então como que necessitada desse colo, ergueu os olhos para o alto e chamou: Pai, vem em meu auxilio por favor! Neste instante sentiu-se acolhida, numa mistura de arrebatamento com carinhos em seus cabelos e face. Recostou-se não lembra onde, mas com certeza era um lugar muito aconchegado, onde dormiu aquele sono que precisava, para que pudesse assim entrar no trilho. Aquele era o caminho que viera percorrer e que não encontrava por estar completamente confusa.
De repente abre os olhos e o lugar é completamente outro.
Colinas colossais cercadas de flores que mais parecia um tapete sobre cada recanto, pessoas felizes em conversas animadoras e o perfume do ambiente tão precioso, e nela a sensação de Déjá vu.
Ao seu redor o canto das aves do lugarejo era acolhedor para a alma. O interior se transportava para um lado surreal aos olhos daqueles que não tinham a capacidade de vê-la nessa entrega tão dela desde menina. Era o seu tempo e ele estava ali lhe dando asas para mergulhar outra vez no seu roteiro, na carne-viva, na narrativa de sua infância, seus amigos que a abrigavam do frio nas noites que mais pareciam ser todas inverno. Das ruas que sempre lhe mostravam a importância das estrelas que iluminam o universo. Ela observava aquelas luzes cobertas de bondade, de cuidados para que o coração do homem pudesse sorver. E a lua! Aquela que os poetas e só eles entendiam seus significados, beleza, poesia.... No entanto era ela, a lua, a inspiração para os corações cansados e o cafuné certo para acalmá-los.
A chuva? Um milagre mais tocável, em forma de bênçãos ia se misturando aos lugares, plantas, casas, pessoas. Tudo tão minuciosamente belo, às vezes em maior quantidade. Muitas vezes fazia perguntas para seus amiguinhos imaginários e eles nunca a deixava sem respostas. Entendia que quando houvesse muita, mas muita tristeza sobre a Terra, a chuva se fazia necessária de alguma forma. O tempo é sábio, mas jamais se repete, por isso devemos vive-lo com toda intensidade em cada momento. A menina sabia e era exatamente por isso que ela estava exausta naqueles pedaços de tempo. As ruas, o amor, o conto de fadas, a perda... tudo foi vivido com gotas de coragem, fé e esperança.
Sabia que ao seu redor tudo era prodígio, bastava fitar uma formiguinha pequenina com todas as suas formas. Certa vez colocou uma na palma da mão e observou a fisionomia dela, que diferente, belo, como o Senhor do alto lhe teceu as características. Talvez fosse miniatura de um ser de outros planetas, quem sabe? O que mostra que para ELE não há nada que não possa esculpir. O universo inteiro é um quadro de esplendor e impossível-possível. E cada item é para o bem de outro, tudo se corresponde da maneira mais preciosa, mesmo que o nosso retrógado entendimento que muitas vezes se opõe a essa verdade se manifeste.
Ele criou os sentimentos para que pudesse descrever da maneira mais sutil o que nos aflige. Uma lágrima que cai tem o seu milagre, sua história, sua dor ou alegria. Uma vem por outra assim como o amor. Amai-vos uns aos outros. Amar é tão vasto e intenso e não tem fim.
Como podemos definir o amor? Não podemos. Podemos apenas sentir e nossas definições não seriam nunca exatas. Nem Albert Einstein, conseguiria definir algo tão infinito. O amor tem sua própria lei, a lei de amar. Cada um consegue amar da sua maneira e mesmo que ele ache que é tudo que consegue, já vai desenvolvendo uma certa matemática, uma ligação eterna com o sentir. Cada maneira, cada gesto é o gesto certo porque cada um consegue ser o que é, ou dá o que tem.
Em alguns casos não podemos compreender aquele que ama diferente do nosso amor. E vêm os questionamentos em cima disso, mas que tal procurarmos nos colocar no lugar do outro só por um segundo e veremos então ali uma fisionomia diferente, já começa aí. O pensamento é algo único, nosso. Por ele podemos escolher, opinar, viver essa escolha, esse sentir com tudo que está em nós, mas que só Deus sabe como caminhar nosso interior, pensava enquanto fitava o céu.
Algumas lágrimas acompanhavam esse pensamento. Havia tantas perguntas ainda, coisas foscas... Lembrara de quando caminhava na areia da praia ainda tão pequenina, sempre às voltas com seu companheiro que só ela via. Ele sempre lhe ensinara como proceder diante dos obstáculos da vida, e lhe dizia que ela deveria sempre agradecer mesmo quando as coisas não fossem do jeito que ela desejava.
As lembranças são relíquias que se guarda e ela guardava as suas como algo precioso, e que a fazia tocar um pouco naquele mundo encantado onde avistava estrelas, arco-íris e anjos.
Hoje o dia estava opaco, ela precisava sorrir mais que de costume.
Precisava caminhar como aquela garotinha que foi, a vida era diferente agora. Hoje ela sabia exatamente o que é estar do lado de lá.
Mas seu coração é o caminho, e no seu íntimo ela escutava só depois de Deus.




(Maria Fernanda)


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2 comentários:

  1. Olá Fe
    Com o tempo vamos nos acostumando que nem todos amam da mesma maneira e o tempo vai nos ajudando a perceber este sentimento com mais maturidade, aprendendo a ceder e perdoar.
    Bjs

    http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/

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  2. Lindo e intenso! bjs, de volta das férias,chica

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)