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23 abril, 2025
A beleza de repartir
4 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Nossa!! Lindamente escrito, com razão, com sensibilidade, com solidariedade implícita!
ResponderExcluirGostei demais, amiga! Aplaudo muito daqui de longe! Na verdade estamos perto...
Beijos e uma ótima continuação de semana.
Olá, Fernanda.
ResponderExcluirVocê expôs muito bem e com beleza literária o tema que se propôs. Creio que essa frase resume tudo: "Não é sobre grandes atos" - é exatamente isso, solidariedade não tem a ver com grandes doações a quem está longe, antes de tudo, são pequenos gestos para quem está ao nosso redor.
Abraços
Antes de mais, muito obrigada pela visita ao Começar de Novo; espero que tenha gostado e que volte mais vezes. Também acho que o importante são os pequenos gestos, um sorriso, um olá, umas palavrinhas a pessoas que sentem necessidade de quem as escute; não vale a pena tanta correria, mas, hoje todos andam com pressa e tantas vezes se esbarram connosco na Rua sem sequer pedirem desculpa pelo encontrão. Como diz Augusto Cury, nós somos eternos no significado que deixamos na vida dos outros e é isso que fica, Fernanda. Os bens materiais não os levamos, mas depressa desaparecerão ; o amor que demos, a atenção, o respeito pelo outro, de certeza que ficarão para sempre no coração de quem recebeu esses gestos. Amiga, gostei muito e com certeza voltarei. Fica bem, com saúde, serenidade e muito carinho à tua volta. Beijinhos
ResponderExcluirEmília 🌻 🌻🌻
Olá, querida amiga fernanda!
ResponderExcluirNão importa onde você esteja, quando ama e se doa, você chega.
Sim, mesmo que não nos deem valor, vamos chegando, nos doando, porque Deus tudo vê, fica feliz com nosso altruísmo. Outros nos doam amor fraterno.
Tenha dias pascais abençoados@
Beijinhos fraternos