Hoje André saiu de casa usando a gravata que as crianças pintaram. Aquela mesma: tecido branco, pinceladas tortas, cores misturadas, amor escorrido em cada mancha. Juro que pensei que ele nunca usaria imaginei que fosse uma daquelas peças feitas com entusiasmo infantil e guardadas com carinho, mas deixadas na gaveta. Pois pasmem: ele usou. Justo hoje, na clínica.
Quando ele
entrou pela porta, gravata no peito e olhar sereno de sempre, senti algo
apertar e aquecer por dentro. Era como se ele dissesse, sem palavras: “essa é a
minha farda de pai”. Entre médicos de jaleco e pacientes em espera, lá estava
ele, com uma explosão de cor feita por mãos pequenas. Não importava se
combinava com a camisa, se era “adequada” para o ambiente. Importava que,
naquele pedaço de pano, moravam os nossos filhos.
Às vezes, os
gestos mais bonitos são também os mais silenciosos. E o amor, quando é grande,
encontra formas inusitadas de se mostrar como uma gravata desajeitada que virou
poesia no meio da rotina.
Boa noite, querida amiga Fernanda!
ResponderExcluirEmocionei-me com seu relato pois hoje meu pai amado faria 102 anos faleceu aos 85...
Ouvi uma música que me fez lacrimejar: Naquela mesa esta faltando
ele...
Ser pai é mais do gerar filhos.
Pai que é pai veste gravata assim...
O meu vestiria sem problemas também.
Ótimo post!
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos fraternos de paz
O que dizer dessa gravata? O amor, nesse caso, é revelado a cores e retribuído pelo uso sem restrições. Imagino a alegria das crianças vê-lo saindo com a gravata. Também imagino como o pai parecia uma criança querendo que todos percebessem a sua gravata e a sua vontade estampada no rosto de dizer que era uma obra de arte dos filhos.
ResponderExcluirGostei da postagem,
Um abraço
Reconhecer e mostrar o amor dos filhos é um gesto nobre, ainda que seja através de uma gravata colorida.
ResponderExcluirMagnífico texto, gostei de ler.
Boa semana.
Beijo.
Tem coisas que a gente grande não entende e ou não concebe, mas aqueles olhinhos infantis sabem falar coisas, que nosso coração se alarga e derrubamos todas as barreiras, principalmente o social correto.
ResponderExcluirGostei da prosa.
Bjs