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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

19 maio, 2025

A Travessia

Aleatoriamente um toque de poesia



há um caminho diziam 
feito de sombras e muros
e alguém, de olhos cerrados,
jurava conhecer o traço do chão

falava com voz firme
gesto de quem sabe
o lugar exato da pedra,
a pausa do vento,
o momento da queda

e atrás dele vinham tantos
de olhos tão cerrados quanto

e tropeçavam
não na estrada,
mas no orgulho

porque o maior buraco
não estava no solo:
era o de dentro

o que não vê e guia
desconhece a travessia
e ainda assim, acende
a lanterna da ilusão

não há mapa para o invisível,
nem verdade sem humildade

e é só quando a luz
vem de dentro
que se aprende
a andar devagar
e a não conduzir
com os olhos fechados

Jesus sabia.
por isso falava em parábolas:
quem tem olhos que vejam
quem tem alma, que sinta

7 comentários:

  1. Respostas
    1. Bom dia, Ryk@rdo. Que alegria saber que o poema te tocou. Quando a palavra encontra abrigo em quem lê, ela cumpre seu destino.”
      Obrigada!

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  2. Olá, querida amiga Fernanda!
    Lindíssima poesia!
    "porque o maior buraco
    não estava no solo:
    era o de dentro"
    Perfeito!
    A lanterna da ilusão esteja afastada de nosso coração.
    Amo as parábolas e, justamente, tenho aqui um estudo de cada uma para refletir.
    Tenha um entardecer abençoado!
    Beijinhos fraternos de paz

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    Respostas
    1. Querida Roselia,

      Que alegria receber sua presença tão iluminada por aqui! Sim… há buracos que não se veem, mas gritam por dentro, não é? Que possamos, com fé e serenidade, seguir preenchendo-os com luz, verdade e amor. A lanterna da ilusão, que tantas vezes parece guiar o mundo, não há de confundir os passos de quem escolhe caminhar com o coração desperto. Que ela se apague diante da clareza do Espírito.
      Fico encantada em saber que você estuda as parábolas são fontes inesgotáveis de sabedoria! Cada uma guarda um espelho e um chamado.
      Gratidão por sua partilha tão fraterna. Que este entardecer continue te envolvendo em paz e beleza.

      Com carinho,
      Fernanda

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  3. A travessia é por dentro, sempre. É por dentro que ela começa. Que se desintegra nas pedras e acontece do outro lado.
    Há um abraço farto aguardando as esperas de nós mesmos e, quando acontecem, os passos seguem firmes e atravessam todos os mundos que nunca sequer existiram
    O meu beijo com carinho.

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    1. Querida Sam,
      Tão bom vê-la por aqui!
      Ler suas palavras é como ouvir o eco de um silêncio antigo, desses que moram fundo na alma da gente.
      Sim… a travessia é por dentro. Sempre foi. E nesse desfiar de pedras e sombras, vamos nos refazendo até que o passo firme nos revele aquilo que, no fundo, sempre esteve à nossa espera: o abraço de nós em nós.
      Obrigada por caminhar comigo com tanta beleza.
      Receba também o meu beijo, com carinho e gratidão.

      Com afeto,
      Fernanda

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  4. Querida Roselia, que comentário cheio de luz! Que nossas reflexões sigam juntas, guiadas pela verdade e pela paz. Um entardecer abençoado pra você também!
    Bjinho

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)