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15 maio, 2025
Abrir a caixa
4 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Olá, querida amiga Fernanda!
ResponderExcluirPelo que li, com atenção, ainda mira em mim muita dor... enorme saudade, gigantescas lembranças...
"Fotos antigas, tão menina, tão crente em certas promessas."
Aqui, me emocionei muito.
Como ainda tenho resquícios assim.
Creio que vai ser muito difícil eu crescer se não me afastar de algumas coisas.
Ainda creio muito nas pessoas.
Preciso minimizar a confiança.
Você consegue fazer seu leitor adentrar nas suas palavras.
Ao menos eu sou assim, absorvo o conteúdo dos posts relevantes. Eles me dizem muito sobre coração.
Obrigada.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos fraternos devpaz.
Sensibilidade e beleza em cada das tuas palavras,Nanda! E abrir caixas do passado, voltar a rever ,lembrar, ter saudades, depois seguir, ainda que a caixa de recordações fique aberta dentro de nós! beijos, chica
ResponderExcluirTodos nós temos uma caixa cheia de recordações chamada CORAÇÃO.
ResponderExcluirCumprimentos poéticos
Que bela metáfora, Fernanda!
ResponderExcluirQuanto lirismo ao abrir-se a caixa. A poesia emerge, brota dessa espontaneidade, sem importar-se com o avanço da noite ou a caixa aberta.
É encarar o que guardamos por tempo demais.
Um abraço, Fernanda!