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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

15 maio, 2025

O Grilo Falante

Aleatoriamente um toque de poesia
Uma fábula

Era uma vez um grilo muito pequeno, mas com uma voz que atravessava os pensamentos. Ele não vivia nos jardins, nem nos campos. Seu lugar favorito era morar dentro das pessoas bem ali, entre o peito e a mente.
Chamavam-no de consciência, intuição, voz interior… mas ele gostava mesmo era de ser chamado de amigo.
O Grilo Falante não falava o tempo todo. Sabia que a sabedoria não está no muito dizer, mas no dizer certo. Ele esperava. Observava. E, quando a pessoa se distraía do que era bom ou esquecia de quem era, ele dizia com calma:

 Tem certeza?

Certa vez, uma menina chamada Clara ouviu essa voz quando ia mentir para evitar uma bronca.
Tem certeza? disse o grilo.
Ela parou. Pensou. E decidiu dizer a verdade. A bronca veio, mas seu coração ficou leve como um dente-de-leão.

Outra vez, um rapaz chamado Tomás ouviu o grilo quando estava prestes a rir da dor de alguém.
Tem certeza? cochichou o grilo.
Tomás engoliu a risada e, no lugar dela, estendeu a mão. Descobriu que consolar era mais bonito do que zombar.

O Grilo Falante não gritava. Porque ele sabia que quem precisa gritar, talvez não esteja dizendo a verdade.

Com o tempo, algumas pessoas pararam de ouvi-lo. Colocaram fones de ouvido, pressa, ruído, distração.
Mas ele não foi embora. Grilos sabem esperar.

E quando alguém, cansado de tudo, voltava a ouvir o silêncio lá estava ele, de novo:

Que bom que voltou. Vamos tentar de novo?

E assim o Grilo Falante segue, dentro de cada um que se permite escutar.

Porque quem ouve o bem, anda melhor.
E quem conversa com a própria consciência, nunca caminha sozinho.

Moral da fábula:
O silêncio nem sempre é vazio. Às vezes, é o lugar onde mora a resposta que você precisa ouvir.

3 comentários:

  1. Que lindo,Nanda e temos sempre que abrir espaço ao silêncio que fala...Pode um grilinho nos aconselhar ou, pelo menos, fazer pensar! Adorei! Bjs,tuuuudo de bom,chica

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  2. O problema, querida Nanda, são aqueles seres, ditos humanos, cuja consciência está maculada pelos valores invertidos. Para eles O Grilo Falante nem fala mais.
    Lindo texto, linda e oportuna Fábula.
    bjs, marli.

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  3. Olá, querida amiga Fernanda!
    Amo o silêncio e só produzo muito porque tenho uma vida em silêncio de agitações, tumultos ou similares.
    Aprendi sobre o silêncio, em como fazê-lo mesmo em meio aos demais, nos retiros espirituais beneditinos e inacianos.
    Como me fez bem!
    O silêncio fecundo é povoado... de tanto.
    Gostei do tema.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos fraternos de paz

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)