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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

05 junho, 2025

As pessoas nascem más?

Aleatoriamente um toque de poesia


Mãe, as pessoas nascem más?

Eu parei, olhei nos olhinhos curiosos deles e respirei fundo, porque essa pergunta era maior do que parecia. Então, sentei no chão,  juntinho com eles  e disse assim:
Não, meus amores… as pessoas não nascem más.
Elas nascem como sementinhas. Cada uma com um jeitinho só dela.
Algumas vêm ao mundo sorrindo, outras chorando alto. Mas nenhuma nasce má.
O que acontece é que, depois de nascer, cada sementinha cai num terreno diferente.
Algumas caem em solo fofinho, cheio de sol, água e cuidado.
Outras caem num lugar mais seco, onde falta carinho, falta abraço, falta até comida.
E é aí que começa a história de cada uma.

Se a sementinha não recebe amor, ela pode crescer assustada.
Pode achar que precisa ser dura pra sobreviver.
Pode até machucar outras sementinhas, porque ninguém ensinou pra ela como cuidar  só como se defender. 

Mas então, mãe pergunta Clarinha… por que tem gente que faz maldade?

Porque às vezes, filha, fazer maldade é o único jeito que aquela pessoa aprendeu pra não se sentir fraca, esquecida ou triste. É como se ela tivesse colocado uma armadura… sabe?
Pra esconder que por dentro, tem um coração machucado.

 E dá pra mudar mamãe?

Sempre dá. A gente pode ajudar, sendo bondoso, sendo firme quando precisa, mas sem perder o amor no olhar. Às vezes, só o que uma pessoa precisa é de alguém que acredite que ela ainda pode florir.
Porque, no fundo, todo mundo tem uma parte boa lá dentro.
Mesmo que esteja escondida. Mesmo que tenha sido esquecida.
A gente nasce como luz. O mundo pode apagar um pouco esse brilho… mas o amor tem um jeito bonito de reacender tudo.

E você, mãe? Acredita que todo mundo pode voltar a ser bom?

Acredito, sim amor! Porque o coração humano é como uma casa. Às vezes escura, às vezes bagunçada.
Mas quando a luz entra… tudo muda. E aí,  josé  bocejou, Pedro se aninhou no meu colo, e eu soube que o Pai foi tão generoso comigo. Eu não tive exemplos num lar, mas tive na vida.
 Obrigada Pai, porque a semente desta  história caiu num solo  bom.

22 comentários:

  1. Olá, amiga Fernanda, ao terminar esse belo texto, lembrei-me do que o meu pai dizia, quando eu era pequeno:
    " Meu filho, não esqueças nunca que o ser humano é produto do meio".
    Com esse ensinamento, procurei sempre
    o melhor caminho e as melhores amizades.
    Parabéns, amiga, pelo belo texto.
    Um bom fim de semana, Fernanda.
    Grande abraço.

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    1. Querido Pedro,

      Que linda lembrança você trouxe! Essas palavras do seu pai guardam uma sabedoria simples e profunda somos, sim, muito moldados pelo que nos cerca, pelas presenças que nos acompanham, pelos afetos que nos atravessam. E é bonito perceber como você transformou esse ensinamento em direção de vida: escolher caminhos e amizades que elevam.
      Agradeço muito o carinho com que leu meu texto e a generosidade do seu comentário. Que nunca nos falte essa busca por ambientes que nos façam florescer, mesmo quando o mundo insiste em ser árido.
      Um abraço com afeto e votos de um fim de semana cheio de paz e boas companhias!

      Fernanda

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  2. Bom dia:- Todas as crianças nascem inocentes. Depois........ o melhor é não escrever mais nada, 😁😁😁
    ..
    “” Saudações poéticas – Feliz Sexta Feira ““
    .

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    1. Bom dia, Ricardo! 😄
      Ah, essa pausa cheia de reticências diz tanta coisa… e ao mesmo tempo nos convida a rir da vida como ela é! Sim, todas as crianças chegam ao mundo com essa luz limpa da inocência… depois vem o mundo, os encontros, os tropeços mas também a sabedoria quando
      se escolhe bem.
      Então vai se formando, se deformando, ou se transformando para o positivo ou negativo.
      Mas olha, ainda bem que o humor resiste… e que algumas travessuras continuam sendo só parte da beleza da caminhada! 😁
      Obrigada por estar “on my way”!
      Abraço grande!
      Fernanda!

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  3. Que lindo papo com os teus pequenos que sabem bem observar a vida.Notam as maldades e já se preocupam! Lindas tuas respostas! Colinho de mãe mesmo!!! beijos, chica

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    1. Chica querida,
      Você sempre tão atenta e carinhosa… Obrigada por esse olhar doce sobre o nosso papo!
      Eles me surpreendem tanto com a forma como percebem o mundo… às vezes fico pensando: será que sou eu quem está ensinando, ou aprendendo com eles?
      E o tal colinho de mãe… ah, esse a gente vai ajeitando com palavras, braços e silêncios como pode, né?

      Beijos com carinho,
      Nanda

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  4. Uma ótima resposta para crianças com a mesma dúvida. Porém, depois de maiores, compreendendo um pouco como funciona o cérebro humano e seus problemas (como de todos os animais), percebemos que as coisas infelizmente são mais complicadas.

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  5. Dell, você tocou num ponto essencial…
    Quando são pequenos, a gente tenta responder com a delicadeza que a infância merece um abrigo de palavras que acolha mais do que explique. Mas sim, à medida que crescem (e que nós também crescemos com eles), percebemos as camadas mais densas da existência… e do próprio funcionamento da mente, com todas as suas luzes e sombras. A vida vai se revelando com mais complexidade, e o que antes era só “maldade” pode ganhar nomes como sofrimento, transtornos, traumas… Ainda assim, acredito que conversar sobre isso, com abertura e cuidado, já é um passo bonito pra compreensão e empatia. Obrigada por deixar essa reflexão aqui. Ela enriquece muito o caminho!

    Abraço,
    Fernanda

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  6. A história vale muito pela lição que encerra e pode servir de exemplo para muitas outras situações semelhantes à que relata.
    Abraço de amizade.
    Juvenal Nunes

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    1. Querido Juvenal,
      Fico muito feliz que a história tenha tocado você dessa forma. Esse é justamente o desejo: que as lições contidas em pequenas histórias possam servir de espelho e guia para tantas outras situações da vida.
      Agradeço de coração sua leitura atenta e seu abraço de amizade, que recebo com muito carinho.

      Um abraço forte,
      Fernanda

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  7. .Não acredito que ninguém nasça boa ou má. Sem dúvida as circunstância de cada um vão moldando caráter e personalidade. Porém, acredito que todo mundo desenvolve suas próprias inclinações durante a vida. Muitos receberam amor e educação esmerada e tomaram rumos incertos. certas pessoas desenvolvem uma inclinação para o mal e essas, são difíceis de recuperar. Quem ensina uma criança a mentir? Mas elas mentem....mas tendo a separar males de males. Há males menores, como aquele morador de rua que rouba um pão do mercado, aquele que mente para se proteger, aquele que xinga alguém no trânsito...e o há os males mais absolutos como o genocídio de um povo inteiro como fez Hitler e outros na história.
    Não é uma questão fácil mas creio que você soube discorrer de forma bem sábia para os seus pequenos.

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    1. Eduardo,
      Agradeço muito sua reflexão tão ponderada e profunda. Concordo que ninguém nasce bom ou mau, e que as circunstâncias certamente moldam grande parte do nosso caráter e escolhas. Também acredito que, ao longo da vida, cada pessoa desenvolve suas próprias inclinações algumas mais desafiadoras que outras, como você bem apontou.
      A distinção que você faz entre os “males menores” e os “males absolutos” é importante para compreendermos a complexidade do comportamento humano. De fato, há situações e escolhas que são mais difíceis de compreender e, muitas vezes, quase impossíveis de reparar.
      Esse debate, especialmente quando conversamos com crianças, exige muita sensibilidade. Fico feliz que tenha percebido o cuidado que busquei ter ao discorrer sobre esses temas com os pequenos, tentando dar um sentido acessível e, ao mesmo tempo, verdadeiro.
      Mais uma vez, obrigado por contribuir com esse olhar tão sábio e generoso. Essas trocas enriquecem muito o entendimento de todos nós.

      Um abraço,
      Fernanda

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  8. Olá, querida amiga, perdi o comentário na despedida, fiz com tanto carinho... pena!
    Foram pontos abordados aqui muito inteligentes.
    A psicologia explica a questão da pessoa 'mal amada' que destila ódio implacavelmente sobre todos... só amenizando se há interesse em algo, Freud, Jung, já explicavam...
    Para nós, que cremos, Deus é nosso álibi, somos dóceis a Ele, oramos e nos tornamos fortes para enfrentarmos adversidades e pessoas de todo tipo.
    Até nós, se não vamos pelo amor, vamos pela dor...
    O afeto que dedica aos seus é o que mais conta para fortalecer os ensinamentos que almeja passar, faz efeito.
    Tenha um final de dia abençoado!
    Beijinhos fraternos de paz

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  9. Querida Roselia,
    Que alegria ler suas palavras tão cheias de sabedoria e afeto! Fico tocada pelo cuidado com que você sempre compartilha suas reflexões, e mesmo que o comentário tenha se perdido na despedida, aqui está todo o carinho que você merece.
    A psicologia realmente ajuda a compreender muitas das sombras que nos cercam, e é muito reconfortante saber que a fé pode ser esse refúgio e força que nos sustenta. Concordo plenamente: orar e abrir o coração para o amor nos torna mais fortes para enfrentar não só as adversidades externas, mas também as internas.
    E o afeto, esse ingrediente tão essencial, é a semente que plantamos para colher transformações verdadeiras para nós e para quem amamos. Desejo a você um final de dia igualmente abençoado, cheio de paz e luz.

    Beijinhos fraternos,
    Fernanda

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  10. Acho que estive aí perto ouvindo ao vivo a conversa de colo, as belas imagens usadas para explicar às crianças questões tão complexas. Sua pedagogia e sua psicologia trilham um caminho certo. Depois, Nelson Rodrigues , "cruel", com a sua literatura nos mostrará a vida como ela é. Aí já serão outros 500.
    Os últimos não serão os primeiros, mas aprendem ou absorvem, se tiverem sabedoria, as lições que ficaram pelo caminho. Como cheguei agora absorvi tudo o que disseram e o que você respondeu.
    Os seus textos são preciosos para reflexão.
    Abraços, Nanda!



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  11. Eros, que comentário generoso e cheio de escuta! Fico com a imagem bonita de você “ouvindo ao vivo” a conversa de colo porque é assim mesmo que nasce esse tipo de texto: no calor de um abraço, na tentativa de traduzir para os pequenos aquilo que nem sempre conseguimos explicar a nós mesmos.
    Você tocou num ponto importante: entre a ternura da escuta e a crueza de Nelson Rodrigues há um abismo ou talvez uma ponte. A vida como ela é, às vezes, é dura demais para ser oferecida de uma só vez. Por isso, começo com metáforas, com árvores e flores, tentando fazer a travessia com delicadeza.
    E gosto muito dessa ideia de que os últimos não serão os primeiros, mas que podem aprender com o que ficou no caminho. Há esperança aí. Há humildade. E há beleza também.
    Agradeço, de verdade, por essa leitura tão cuidadosa e por acompanhar os fios que vou tentando tecer.

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  12. Bom dia, querida Fernanda, ontem deixei um comentário aqui, dá uma olhada se não está no spam!
    Beijinhos, querida amiga.

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    1. Bom dia, minha querida Tais! Fui olhar com carinho e não encontrei o comentário por aqui… pode mesmo ter ido parar no limbo do spam ou se perdido no caminho. Mas não sei verificar. Vou pedir ao meu pai para verificar ele entende bem.
      Mas só de saber que você passou por aqui já aquece o dia. Escreve de novo, se puder? Vou adorar te ler.
      Beijo grande, com saudade e ternura .

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    2. Vou escrever, sim, e vou sempre deixar em rascunho!
      Daqui a pouco vai...
      bjins, querida.

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  13. Fernanda, querida, demorei um pouquinho, mas vim postar meu comentário que, agora estarão em rascunho, todos os que eu fizer.
    Não, querida, não nascemos com as maldades do mundo, nascemos
    inocentes e com alma pura. O meio se encarregará de nos moldar, juntamente com um pouquinho do que sempre herdamos, assim acredito. Porém, já mais maduros, sabemos o que é certo e errado. Para isso temos o livre arbítrio, a capacidade de escolhermos e decidir. As escolhas são nossas, seremos punidos , seja pela Lei de Deus ou pela Lei dos Homens, essa não muito confiável. Perdi muito da confiança que tinha na justiça, pelos absurdos que vejo.
    Uma boa semana, querida, saúde e paz.
    Beijinho!

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)