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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

23 junho, 2025

Instinto e Inteligência

Aleatoriamente um toque de poesia




O instinto vem antes do pensamento.
É aquela mão que recua do fogo antes de entender que queima.
É o peito que aperta quando o perigo se aproxima, mesmo que disfarçado de gentileza.
É o grito silencioso do corpo quando a cabeça insiste em ficar.

Já a inteligência, essa senhora vaidosa, gosta de explicações.
Precisa de mapas, gráficos, argumentos.
Ela senta, analisa, calcula.
E muitas vezes chega a uma conclusão brilhante… tarde demais.

O instinto é bicho.
A inteligência, máquina.
Ambos habitam o mesmo corpo, mas nem sempre falam a mesma língua.

Quantas vezes o instinto avisou: não vá!  e a inteligência respondeu: mas tudo parece certo.
Quantas vezes a razão traçou o caminho perfeito e o instinto, teimoso, puxou para o lado oposto… e salvou?

No fundo, talvez o segredo não seja escolher um ou outro.
Mas fazer com que dancem juntos.
Que o instinto alerte, e a inteligência traduza.
Que o corpo sinta, e a mente compreenda.

Porque viver não é só acertar.
É saber quando ouvir o silêncio do corpo
e quando calar o barulho da mente.

16 comentários:

  1. Que 'loucura' de lindo esse texto, querida Fernanda!
    Entendeu a palavra loucura que escrevi?
    é que loucura a gente pode não entender bem, mas sabe que é coisa muito especial...😄😏
    Beijinho, querida, gosto muito de ler você!
    Sempre um texto lindo, poético e muito inteligente!
    Uma feliz semana.
    Carinho.

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    1. Tais, que delícia te ler aqui…
      Entendi sim a tua “loucura” e recebo como um daqueles abraços que a gente não sabe bem explicar, mas que aquecem até o que a gente achava que estava frio.
      Obrigada pelo teu olhar tão generoso, por caminhar comigo através das palavras. Desejo também uma semana cheia de pequenas loucuras boas: daquelas que não se explicam, mas fazem sentido no coração.

      Beijo lindona!

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  2. "Porque viver não é só acertar.
    É saber quando ouvir o silêncio do corpo
    e quando calar o barulho da mente."
    Olha que coisa linda...
    Beijo / carinho, amiga. 💥🌷

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    1. Tais, minha amiga…
      Que bom que essas palavras tocaram você. Às vezes a gente escreve no escuro, sentindo mais do que entendendo, e é tão bonito quando alguém acende a luz junto.
      Obrigada por enxergar com o coração. Te mando um abraço cheio de silêncio bom, desses que curam por dentro.
      Com carinho e afeto,


      Fernanda

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  3. Olá!!
    Que poema gostoso de ler!

    Porque viver não é só acertar.
    É saber quando ouvir o silêncio do corpo
    e quando calar o barulho da mente.

    Puxa... Como é difícil chegar nessa maturidade de ouvir o silêncio do corpo e de principalmente calar o barulho da mente.
    Ainda mais pra gente que gosta de escrever, e que tem mentes que não param de conversar.
    Na minha ainda; além de idéias, elas vem com trilhas sonoras.

    Um abração!
    Obrigado pelo poema que compartilhou.

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    1. André, que comentário bonito o seu…
      E como eu entendo essa mente que conversa sem parar a minha também tem diálogos em estéreo e, vez ou outra, uma trilha sonora que insiste em não me deixar dormir. 😄
      É mesmo um desafio bonito esse: o de amadurecer ao ponto de escutar o que o corpo sussurra antes que ele grite, e de fazer silêncio onde antes a mente fazia alarde.
      Fico feliz que o poema tenha te tocado.
      Obrigada por essa troca tão generosa.

      Um abraço,
      Fernanda

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  4. Desde a foto ao texto todo, tudo encantamento aqui! beijos, chica

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    1. Chica querida,
      teu olhar é sempre esse afago bonito que atravessa a tela. Se há encantamento, é porque tua sensibilidade o reconheceu primeiro.
      Obrigada por estar com ternura, sempre.
      Beijo grande no coração!

      Nanda!

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  5. Querida Fernanda,
    Deixas-nos um excelente texto para reflexão.
    Entendo que definições filosóficas sobre o tema iriam levar-nos a complexas teorias, sempre geradoras de alguma controvérsia.
    Eu tenho por regra optar pelas explicações obvias que todos compreendem.
    Assim, em forma de comentário, citando Alexis Carrel, eu diria:

    “Só o amor é capaz de criar nas sociedades humanas a ordem que o instinto estabeleceu há milhares de anos no mundo das formigas e das abelhas.”

    Quanto à inteligência eu digo que ela é o único meio de controlar os nossos instintos.

    Grato pelo excelente texto que partilhas.
    Um abraço.
    A.S.

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    1. Querido Albino,
      recebo tuas palavras com muita gratidão e escuta aberta, como quem aprende mais do que responde.
      Tua escolha pela simplicidade lúcida é preciosa. A citação de Alexis Carrel é um achado: o amor como inteligência ancestral, tão natural nas abelhas e tão desafiante para nós.
      E sim, tua síntese sobre a inteligência como freio consciente dos instintos é certeira um lembrete de que pensar com profundidade é também um ato de humanidade. Obrigada por acrescentar beleza e clareza à reflexão.

      Um abraço com estima e afeto.
      Fernanda!

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  6. Esse texto dá um ótimo monólogo teatral. Tinha lido ontem (23), vim hoje (24) em busca da publicação do dia, mas ainda não foi divulgada 😆
    Aproveitei para reler e desta vez registar o pensamento que tive da primeira vez que li.

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    1. Oi, Dell!
      Fico feliz que você tenha sentido o texto como um “monólogo teatral é exatamente esse efeito de voz interna que eu sempre imaginei. Sobre a publicação de hoje: mil desculpas pela demora! A peça ainda está ensaiando os últimos versos nos bastidores e logo mais ela sobe no palco. “😉
      Enquanto isso, adoro saber que você o revisitou e registrou sua primeira impressão. Você se importaria em compartilhar o que lhe veio à mente no primeiro encontro com essas palavras? Sua visão acrescenta vida ao texto, e vai direto para a minha caixa de figurinos de inspiração.
      Obrigada pela paciência e pelo carinho de sempre!

      Fernanda

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    2. Apreciei muito, o tempo todo como um monólogo, essa dicotomia apresentada. Instinto versus Inteligência (ou "Razão", mas a opção por "Inteligência" mantém as duas com a mesma inicial, deixando mais simbólico), que ao fim são descobertas não como inimigas, mas sim como complementares daquilo que é o Ser.
      Não consegui evitar de, ao longo de toda a leitura, imaginar o texto sendo interpretado como um monólogo. Um ator/atriz dando vida a estas linhas, atuando o Instinto e a Inteligência.
      Continue sempre compartilhando seus textos! Saiba que, mesmo quando não comento, estou sempre por aqui lendo.

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    3. Oi, Deel!

      Fico profundamente feliz com seu olhar tão atento ao monólogo interno de Instinto versus Inteligência. Adoro essa sua percepção de que ambas, apesar de parecerem opostas, são parceiras na construção do Ser. E você captou exatamente o que imaginei ao escrever: aquele embate simbólico que, no fim, se revela complementar.
      A ideia de vê-lo ganhando vida num palco com atores dando voz a cada lado é simplesmente maravilhosa. Já estou até visualizando as luzes se alternando entre tons quentes e frios, acompanhando a passagem de um para o outro. Quem sabe um dia não transformamos isso em um pequeno espetáculo!?
      Obrigada por estar sempre por aqui, lendo e compartilhando suas impressões. Seus comentários trazem calor e inspiração para seguir criando mesmo nos dias em que o silêncio do texto parece reverberar sozinho.

      obrigada!
      Abraço!

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  7. Querida amiga Fernanda, estou cansada de mapas, gráficos, argumentos, análises, cálculos...

    "Viver não é só acertar."

    Endosso suas palavras.
    Estou aqui contemplando o céu azul, e imaginando ver o pássaro lindo e sereno que postou aqui.
    Meu instinto é meu amigo, querida. Minha inteligência também. Ora um vem em meu auxílio, ora é a outra
    Ele me soprou que devo, hoje, descansar aqui e deixar a vida passar como um cenário azul.
    Eu obedeci.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos fraternos

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  8. Oi Roselia,
    que lindo seu encontro com o céu azul exatamente esse abraço de pausa que quis evocar. Fico feliz que tenha ouvido seu instinto e sua inteligência em harmonia.
    Descanse sempre que precisar, deixando a vida pintar seus dias com tons de serenidade.
    Obrigada pelo carinho e desejando a você muitas manhãs tranquilas!

    Beijinhos
    Fernanda!

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)