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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

07 junho, 2025

Madrugada de Sentidos e Silêncios

Aleatoriamente um toque de poesia

Lá fora, a madrugada desce devagar, como quem não quer acordar ninguém. A chuva fria, miúda, parece esconder segredos antigos confidências que só as folhas molhadas entendem. Há um poema sendo escrito silenciosamente no chão do mundo: é feito de pingos, de sombras e de um tempo que não pressa. Hoje não ouvi o barulho dos grilos aqueles sons das coisas belas acontecendo. A brisa, que costuma espiar pela fresta da janela, também ficou quieta, como se respeitasse o recolhimento. 

Mas dentro, bem dentro, ouvi o que importa. No fechar dos olhos, escutei mais fundo. E nesse silêncio grávido de sentidos, ecoaram vozes que só a alma reconhece: os poemas que escrevi em plantões silenciosos, as perguntas que fiz às estrelas sobre o que somos quando somos ternura, os abraços que ofereci com palavras e os versos que brotaram entre uma saudade e outra.

Escrevi sobre a vida e escrevi com tudo o que nela pulsa: As crianças que perguntam sobre o bem e o mal, os amores que ficam mesmo depois da partida, o tempo que não para, mas ensina, as pessoas que leem e me escrevem de volta, os amigos que chegam pela poesia e ficam como laços.

Cada resposta que dei, cada poema, cada texto breve, formam juntos uma tapeçaria de afetos. Há estrelas costuradas nessas linhas, há madrugadas de escuta, há a dúvida do mundo e a coragem de não fugir dele. E agora, nesta madrugada onde o mundo parece pequeno e sagrado, o que me preenche é gratidão. Gratidão pelo que escrevo e por quem lê. Pela beleza que insiste em nascer mesmo onde tudo parece cansaço.

Porque há sempre poesia quando se escreve com o coração aberto  e quando se ouve, mesmo no escuro, o barulho do próprio ser a se tornar palavra.

6 comentários:

  1. Qundo estamos abertos ao ouvir ,sentir, belas poesias se formam com as palavras dentro de nós! Lindo,Nanda! beijos, chica

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    1. Ah, Chica querida…
      É exatamente isso: quando nos abrimos, as palavras não vêm só da cabeça, vêm do fundo da gente atravessadas de sentir.
      Obrigada por esse olhar sempre tão atento e generoso.
      Um beijo com muito carinho no teu coração de poesia

      Nanda!

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  2. "barulho do próprio ser a se tornar palavra", verso bem potente. Expressa muito bem o sentimento do indivíduo que em seu interior quando a Arte busca vazar. Seja por letras, música, encenação, pintura, etc.

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  3. Dell, que leitura bonita a tua… Esse “barulho do ser” é mesmo esse transbordamento que a arte provoca quando o dentro pede passagem e se transforma em forma, cor, som ou letra.
    Tua presença leitora amplia o sentido do que escrevo.
    Gratidão por chegar assim, com tanta escuta.

    Abraço!

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)