Essa estava na grama.
Não voava. Não rodopiava em torno de nenhuma luz.
Estava ali, discreta, como quem aceita o chão sem reclamar do céu.
Era mariposa, mas parecia folha. Tão quieta que quase não se via. E mesmo assim, havia algo de sagrado na sua pausa como se pousar também fosse voo, mas ao contrário.
Não era falta de asas.
Era escolha.
Ou talvez cansaço.
Ou ainda, um daqueles momentos em que até o mais leve dos seres precisa aterrissar.
A mariposa da grama me ensinou que nem toda beleza brilha algumas apenas respiram.
Nem todo sentido está no alto às vezes, ele se revela bem junto da terra, entre o orvalho e a poeira.
Ela me disse, com o silêncio das asas fechadas, que há tempo de voar… e tempo de repousar.
E que o milagre não está apenas no movimento, mas na presença.
Na entrega.
Na paz de simplesmente estar.
Essa estava na grama.
E ali ficou inteira, invisível e eterna.
Um lindissimo ensaio poético. Gostei muito!
ResponderExcluirNo casulo em que se fecha a mariposa algo mágico acontece!
A transformação é dolorosa, é difícil.
Mas ela sabe que quando suas asas ficarem prontas a conduzirão num voo leve e gracioso. Sabe também ficar pousada na frescura da relva, enquanto não tiver plena confiança nas suas asas.
Um beijinho.
Querida amiga Fernanda, seu poema alinda ainda mais a preciosa mariposa encantada que contrastou com o oliva da grama deixando-nos reflexivos.
ResponderExcluirEstou como ela aqui recostada no merecido descanso que me dou ao luxo, em alguns momentos do dia para me recompor e estar inteira onde precise estar.
Amo pássaros e borboletas e até já lhes dediquei um livro.
A última vez que vi uma borboleta assim como a sua descansando ou se recompondo, tem algum tempo, mas ela não estava sobre o gramado, sim numa calçada.
Como ela, estou eu:
"Na paz de simplesmente estar."
Tenha uma tarde abençoada!
Beijinhos com carinho e voe como borboleta na poesia!