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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

19 junho, 2025

Os tons da minha saudade

Aleatoriamente um toque de poesia



A madrugada sempre teve esse poder de me desnudar sem pressa.
É quando o mundo silencia que os meus passos sem sentidos ecoam mais alto vão e voltam pela casa como se estivessem buscando algo que eu mesma escondi.

Hoje, por exemplo, a brisa entrou pela janela com um cheiro antigo,
um toque leve que me trouxe você.
Você e nós dois, naquela versão que só mora na memória.

Tentei não pensar.
Mas minha saudade é artista: pega o pincel do tempo e começa a pintar.
Cada lembrança tem nuances que eu não sei mais apagar.

Você dizendo meu nome baixinho,
a curva do seu sorriso quando queria disfarçar o cansaço,
o som do riso, dos silêncios, dos dias que pareciam ter sido inventados só pra nós.

É curioso como o tempo brinca com os tons das coisas.
O que era claro vira sombra,
o que era dor vira moldura.
E mesmo aquilo que machucou,
vira tela e fica bonito de longe.

Agora, sentada aqui no escuro,
descubro que os passos sem sentidos
eram só minha saudade
procurando onde você foi parar dentro de mim.

E talvez nunca tenha saído.

6 comentários:

  1. Olá, querida amiga Fernanda!
    Bom final de feriado aí! Por aqui, foi muito bom.
    O dia amanheceu azulzinho... pode imaginar que belo?
    Sobre o poema ou prosa poética (é o de menos), que bonita ressonância tive aqui!

    "Mesmo aquilo que machucou,
    vira tela e fica bonito de longe."

    Bem assim....
    O Amor nunca saiu de mim, que bom é!

    A saudade é nossa amiga, traz de volta quem não esta ou se foi.
    Muito bonito, como deve ser o amor.
    Tenha um final de semana abençoado!
    Beijinhos fraternos

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    1. Olá, minha querida Roselia!

      Fico tão feliz com tua presença por aqui… sempre cheia de ternura e leveza, como esse céu azul que você descreveu já o imaginei em tom de aquarela, com cheiro de manhã boa. Tua ressonância me abraça. Quando você diz “o Amor nunca saiu de mim”, eu penso: ainda bem que há corações como o teu, que guardam esse amor intacto, mesmo depois das tempestades. Sim, a saudade é um elo delicado… ela nos faz companhia, como quem segura nossa mão e diz: “olha, aquilo foi amor de verdade.”
      Obrigada por ler com o coração. Um final de semana cheio de luz pra você também
      Beijinhos com carinho e poesia!

      Fernanda

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  2. Linda saudade que te chega... Escreves maravilhosamente, cada vez mais,Nanda! beijos, chica

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    1. Chica querida,
      que alegria te encontrar por aqui, sempre com essa doçura nas palavras!
      A saudade chega mesmo às vezes devagarinho, outras vezes sem pedir licença… mas quando ela encontra acolhida em olhos como os teus, tudo fica mais leve.
      Obrigada pelo carinho e pelo incentivo de sempre. Tuas palavras me animam como um café quentinho em manhã fria.

      Um beijo com afeto e gratidão,
      Nanda

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  3. Olá, Fernanda!
    "... minha saudade é artista: pega o pincel do tempo e começa a pintar."
    Ah, que verso mais perfeito. Essa saudade artista é filha de outra grande artista: você.
    Bjssssssss

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    1. Marli querida,
      Que coisa mais linda o que você escreveu… Fiquei com os olhos marejados e o coração sorrindo.
      Se a saudade é artista, então sim, deve ter herdado um pouco da minha mania de transformar dor em cor.
      Obrigada por esse olhar tão generoso ele também é arte. Beijo imenso, com afeto e tintas da alma,

      Fernanda

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)