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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

18 junho, 2025

Tesouro em exposição (com "ciúme" incluso)

Aleatoriamente um toque de poesia


Hoje foi dia de sol, garfo e "ciúme" nessa ordem.
Começou com aquele clima de “vamos encontrar os meus amigos que estão na cidade” e terminou com “onde foi que eu achei você?” dito com um sorriso meio encantado, meio desconfiado, e 100% possessivo. Risos...

Almoçamos com os amigos de André gente simpática, bem-humorada, aquele tipo que fala com as mãos, ri alto e comenta a sobremesa com a seriedade de um crítico gastronômico da ONU. Foi uma daquelas refeições que viram evento social, em que o prato principal é a conversa e a sobremesa, a “fofoca”.

Claro que eu, sem querer querendo, fui eu mesma: tagarelei, fiz graça, comentei teoria política, debati signos, filosofei sobre a diferença entre café forte e café corajoso, e ainda consegui elogiar a sogra do amigo do André 
(sem nunca tê-la
conhecido). Uma verdadeira performance informal. Naturalmente, um sucesso.

Depois de alguns elogios disfarçados de comentários (“nossa, ela é tão articulada!”, “como você sabe de tanta coisa?”, “gente, que mulher!”), veio o momento. O clímax. O ápice do ciúme disfarçado de romantismo filosófico:🧐 

Amor… que assunto você não sabe falar?

Eu olhei de canto, rindo. Porque a pergunta não era uma curiosidade inocente. Era investigação. Era o CSI Brasília: episódio especial Amigos demais acharam graça na minha mulher.

Respondi com a calma de quem sabe o poder que tem: Risos...
Revestimentos hidráulicos em ruínas bizantinas, amor. Nunca estudei. Pode ficar tranquilo.

Ele riu, mas o olhar denunciava: não era sobre o tema, era sobre o encanto. 
Ele disse,  que  os amigos dele, tinham gostado demais de mim. E esse “demais” é uma medida subjetiva que ativa o ciúme até no mais evoluído dos budistas.😌

Eis então que ele confessa:

Eles perguntaram onde foi que eu encontrei esse tesouro.

Ah, o tesouro. Aquela palavra que mistura conto de pirata com dor de cotovelo amoroso.
André estava orgulhoso, mas também um tiquinho inquieto. Porque tesouro, por definição, desperta interesse geral. Tesouro chama mapa. Tesouro atrai caçador. Tesouro exposto dá nervoso. Mas sabia que não precisava se preocupar.

A verdade? Ele ficou feliz, claro. Mas também ficou tipo aquele menino que leva o lanche mais gostoso da escola e de repente todo mundo quer um pedaço. E ele pensa: pode olhar, mas encostar não.

No fim, ele disfarçou com carinho:

Você é impressionante, amor.

Mas eu sei. A frase verdadeira estava ali, nas entrelinhas:

Você podia ter sido um pouco menos encantadora, só hoje. Só nesse almoço.

A gente riu, seguimos o dia, e eu segurei a mão dele com mais força. Porque eu também, de vez em quando, tenho “ciúmes” do mundo que o admira. Mas amar é isso: aceitar que o outro vai brilhar, sim. E que nem sempre a gente consegue esconder o diamante no bolso.

O fato é que ele me ama. E eu o amo de volta.
E entre elogios de amigos, sobremesa e análise de signos, o mais gostoso mesmo foi o temperinho a mais do dia: um “ciúme”bobo, mas inteiramente apaixonado.
🥰


Foi tão cheio de humor e bem legal. Amei!

3 comentários:

  1. Olá, Fernanda, a boa cronista faz assim mesmo, busca as melhores palavras, constrói as melhores frases, deixa o vazio proposital em certos trechos, e assim vai captando a atenção do leitor, uma espécie de vítima da cronista, que presta a atenção em tudo que ela diz na sua escrita.
    Assim, entendi mais ou menos, esse encontro familiar do casal com seus amigos, a recepção, o jantar, a sobremesa etc.
    Uma ótima crônica, Fernanda, que gostei muito de ler.
    Uma boa semana, um abraço!

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  2. Ah, esse ciúme que apareceu de forma inicialmente velada, depois foi revelado. Mas só um pouquinho faz bem!rs

    Lindo feriado pra vocês! beijos,chica

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  3. Perspicaz, Nanda, é pouco para dizer do seu texto, da percepção da realidade. De um ao outro. Do outro ao um. Inventiva sempre. Atenção é cuidado. É sempre o encontro com a palavra o que nos oferece. Não me canso de ler e reler as suas mensagens. Há sempre algo a mais para se apreender na sua "invenção", um olhar não basta. Há lições nas entrelinhas. Sem ruídos. E percebemos o movimento no trilho principal antes das curvas.
    Um bom feriado, Nanda!
    Um abraço,

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)