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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

09 outubro, 2025

O Manto do Outono

Aleatoriamente um toque de poesia



As folhas caem lentamente dos galhos, como se cada uma tivesse um segredo para contar antes de se entregar à terra. Elas rodopiam no ar úmido, traçando desenhos que só o outono conhece, e repousam finalmente sobre o gramado molhado. Ali, formam um manto colorido que parece abraçar a terra, como se dissesse que toda despedida também pode ser um abraço.

Caminho pelo jardim e observo cada detalhe: o vermelho profundo de uma folha caída, o amarelo suave que ainda guarda vestígios de verão, o marrom que anuncia a chegada do frio. Tudo se mistura, se transforma, e ao mesmo tempo me lembra que tudo na vida é passagem, mesmo que a beleza do instante nos faça querer segurá-lo.

O vento sopra de vez em quando, movendo as folhas que ainda não se decidiram a cair. E eu penso que somos um pouco assim: hesitantes, tentando encontrar o momento certo de deixar ir. Mas, mesmo na espera, há uma poesia silenciosa, um aprendizado discreto que só quem observa consegue perceber.

Sento-me no banco do jardim, sentindo a umidade da terra nas mãos, e deixo que a serenidade do momento me envolva. O manto de folhas, tão simples e ao mesmo tempo tão grandioso, me lembra que a vida se constrói dessas pequenas quedas e repousos, desses detalhes que passam despercebidos, mas que carregam a essência do tempo.

E penso: se cada folha que cai deixa um rastro de cor, que eu também possa, em minhas pequenas quedas e momentos de silêncio, deixar rastros de beleza e amor pelo caminho.



Fernanda

2 comentários:

  1. Olá, amiga Fernanda, o cálido Outono vem amenizar o calor deixado pelo verão, e também vem nos preparar para o inverno quando esse se aproxima, com o gélido tempo.
    O Outono, é uma das estações mais bonitas no meu sentir, que nos traz lembranças e elevado estado de espírito. Não é sem motivo que o Outono vem inspirando artistas de todos os matizes.
    O cinema fez bom uso desta estação do ano, a música e a poesia mais ainda. Quem não se lembra de As Folhas Mortas, que foi cantada por Yves Montand. Isso, e muito mais, Fernanda.
    Um ótimo final de semana, Fernanda!
    Meu abraço, amiga, parabéns pela bela postagem.

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)