Ando na correria e que delícia dizer isso com um sorriso. Os dias têm se enchido de compromissos, de prazos, de agendas quase sem tempo… mas, no fundo, é justamente esse ritmo que me revela: estou vivendo aquilo que sempre sonhei.
Projetos nascem, se ampliam, ganham forma diante dos meus olhos. É como se a menina que fui, com seus cadernos cheios de rabiscos e desejos, agora estivesse de mãos dadas comigo, assistindo às conquistas que brotam no presente.
É verdade que o corpo se cansa, que às vezes a noite parece curta demais para tantas tarefas. Mas o coração pulsa em outra cadência: a da felicidade de ver a vida tomando a direção que um dia imaginei.
Sempre pensei que os idosos merecem todo o nosso respeito. Eles carregam no olhar e nas mãos a sabedoria que o tempo deixou, e quando paramos para escutá-los, descobrimos tesouros escondidos em suas histórias. São como bibliotecas vivas, e não há futuro digno se não soubermos reverenciar quem já caminhou tanto antes de nós.
E as crianças? Ah, as crianças… Precisamos manter acesa a chama da atenção com elas, porque nelas repousa o amanhã que ainda não sabemos decifrar. Quando nos damos tempo para brincar, ensinar e sobretudo aprender com seus olhos curiosos, é como se também renovássemos em nós a coragem de sonhar.
Respeitar os idosos é cuidar das nossas raízes. Cuidar das crianças é proteger as nossas asas. Entre raízes e asas, caminhamos nós, adultos, tentando equilibrar a pressa do presente com a herança do passado e a promessa do futuro.
Talvez seja isso que a vida me ensina nesse tempo de realizações: meus sonhos de menina estão se cumprindo, mas só fazem sentido porque sei de onde vim e porque acredito no que ainda virá.
Fernanda
Que minhas raízes me mantenham firme e
minhas asas me lembrem sempre de voar, com a graça de Deus !
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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)