Que este Natal chegue até vocês com a delicadeza de um abraço que entende, desses que não precisam de palavras. Que ele encontre cada um exatamente como está inteiro, cansado, esperançoso ou em silêncio e leve acolhimento, não cobrança.
Desejo que o Natal de vocês seja menos sobre excessos e mais sobre presença. Que haja paz no que foi vivido, aprendizado no que doeu e fé no que ainda está por vir. Que o amor encontre espaço nas pequenas coisas: numa conversa sincera, num gesto simples, num coração que se permite sentir.
Obrigada por caminharem comigo por aqui, por partilharem afetos, reflexões e silêncios. Este blog só existe porque há encontros e cada leitura, cada mensagem, cada troca é um presente que carrego com carinho.
Que o Menino Jesus renasça em nós, trazendo luz para os dias nublados, serenidade para o coração e esperança para os novos começos.
Um Natal de paz, verdade e amor.
Com afeto,
Fernanda
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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)