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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

17 maio, 2025

A Mesa das Cinco

Aleatoriamente um toque de poesia

Era uma tarde entre estações,
quando o tempo não sabe se fica ou se vai.
No quintal de uma casa antiga,
cinco mulheres sentaram-se em torno de uma mesa de madeira gasta.

Engenua chegou primeiro, como sempre.
Trazia flores colhidas no caminho e olhos cheios de perguntas.
Sentou-se sorrindo, com o coração aberto demais para um mundo tão fechado.

Sábia veio em seguida.
Com passos calmos e um caderno nas mãos,
guardava em si todas as coisas que o tempo não ensinou gritando,
mas murmurando.

Coragem apareceu como vento.
Entrou sem bater, cabelo solto, cicatrizes à mostra.
Sentou-se com a firmeza de quem já caiu e levantou tantas vezes
que aprendeu a rir no meio da queda.

Saudade chegou devagar.
Trazia um lenço no bolso, cartas velhas, e o perfume de um tempo que não volta.
Seu olhar era doce, mas fundo demais.
Sentou-se entre Engenua e Sábia, como se buscasse abrigo e ao mesmo tempo oferecesse.

Esperança foi a última.
E mesmo assim, ninguém a achou atrasada.
Ela sempre vinha depois da dor, depois da espera, depois de tudo.
Mas vinha. Sempre vinha.

A mesa se fez altar.
Ali não havia respostas exatas 
mas havia pão, café quente, escuta, e uma verdade repartida em cinco vozes.

Engenua falava dos sonhos.
Sábia falava dos passos.
Coragem falava dos riscos.
Saudade falava do que foi.
Esperança, do que ainda poderia ser.

E entre uma fala e outra, todas se olhavam com ternura.
Sabiam que uma não existia sem a outra.

Naquela tarde morna, entre goles e silêncios,
a vida se sentou com elas.
E ficou.
🙏🏻

8 comentários:

  1. Olá, querida amiga Fernanda!
    Nos últimos tempos, tenho andado de mãos dadas com a esperança, você me deu um alento ao saber que , mesmo com saudade latejando peto, a coragem me fará continuar bem viva.
    De mãos dadas, pela fé, vamos perseverar em todas as Estações.
    Tenha um final de semana abençoado!
    Beijinhos fraternos de paz e bem

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    1. Olá querida Roselia!
      Fico com o coração aquecido em saber que minhas palavras chegaram até aí como um alento.
      Mesmo com a saudade doendo, mesmo com o peito apertado, a coragem essa irmã silenciosa da fé nos empurra pra frente.
      E sim, vamos juntas, pela fé, atravessar todas as estações.
      Mesmo as mais frias, mesmo as mais longas.
      Receba meu abraço cheio de gratidão.
      Um fim de semana abençoado pra você também, com luz, delicadeza e muita esperança.

      Beijinhos com paz e bem,
      Fernanda

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  2. Uma bela fábula moderna. Como não se empolgar com tal reunião? Eu queria estar lá, no meio delas

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    1. Eduardo,
      Ah, e como seria bonito ter você ali no meio delas!
      Tenho certeza de que se empolgaria com cada palavra trocada, cada suspiro cúmplice, cada silêncio cheio de sentido.
      Essas personagens
      (ou seriam partes da gente?) têm mesmo esse poder de reunir o que somos e o que sonhamos ser.
      Fico feliz que tenha sentido essa magia, fábula moderna ou espelho do coração, o importante é que seguimos nos encontrando por entre as linhas.
      Obrigada por caminhar comigo nessas invenções que, no fundo, são verdades disfarçadas.
      Um abraço

      Fernanda

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  3. Olá Fernandinha, seu belo texto, me fez lembrar de tres irmãs lá nas Minas Gerais, que se chamavam: Fé, Esperança e Felicidade. Hoje todas já falecidas. Uma não sobrevive sem a outra. Mas a esperança é a tal sobrevida de todos, um pingo dela é motivo para um sorriso.
    Que a esperança seja sempre renovada em cada amanhecer nesta mesa da vida onde nos servimos para o bem.
    Um bom domingo amiga.
    Bjs de paz no coração.

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    1. Toninho querido,

      Seu comentário me tocou profundamente…
      Que coisa linda: três irmãs chamadas Fé, Esperança e Felicidade, caminhando juntas pelas montanhas de Minas. Senti como se tivesse escutado uma cantiga antiga daquelas que a gente não esquece.
      Obrigada por partilhar essa lembrança. Ela me serviu como um pão quentinho nessa mesa da vida onde nos encontramos.
      Que a esperança continue nos visitando sempre,
      mesmo que de mansinho, como vento bom de fim de tarde.

      Um beijo com paz e ternura no seu coração também.

      Fernandinha

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  4. Bom dia:- Poema perfeito que me apaixonou ler. Deixo o meu aplauso e elogio
    ..
    “” Tenha um domingo feliz, em Paz e Amor ““
    .

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    1. Bom dia, querido Ryk@rdo,

      Que alegria receber sua leitura tão generosa!
      Recebo seu aplauso com gratidão verdadeira, e devolvo em dobro a admiração pelo olhar sensível com que você lê o mundo.
      Obrigada por estar por aqui sempre somando beleza.

      Com carinho,
      Fernanda

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)