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30 maio, 2025
As Coisas Que o Asfalto Me Ensinou
7 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Querida amiga Fernanda, boa noite!
ResponderExcluirFazia tempo que não me emocionava tato ao ler um post e por uma única frase que vou lhe partilhar e nada mais, hoje:
"E quem sabe o que é não ter, entende o valor de qualquer pouco."
Estou aqui em lágrimas e não quero adentrar na noite assim, sobretudo, ao pensar... em tantos nadas que não tive, ainda não tenho e, talvez, nunca mais tenha.
Desculpe-me misturar minhas lágrimas ao meu e ao seu escrito.
Vou tentar aliviar meu coração com outros escritos que menos falem ao meu coração.
Como você, posso ser até ser ridicularizada, mas optei, há muito, pelo bem e ninguém vai me tirar do caminho dele.
Fique com Deus, querida!
Saio sufocada pela emoção, mas livre pela opção que ambas fizemos um dia e não abrimos mão.
Tenha um abençoado final de semana!
Beijinhos fraternos de paz
Querida Roselia,
Excluirsuas palavras me tocaram como quem chega devagar e acende uma luz no escuro.
Não há o que desculpar quando o que transborda é verdade. Suas lágrimas também são oração e ecoam em tantas outras almas que já conheceram o “quase nada” e, mesmo assim, escolheram o bem.
Que bom que você sente. Que bom que você permanece.
Também sigo nesse caminho com fé, mesmo quando falta chão.
Obrigada por repartir sua dor com tanta beleza e coragem.
Um abraço apertado, desses que não se dizem só com os braços,
Fernanda 🙏🏻
Obrigada, querida, por respostas sempre carinhosas
ExcluirVoltei para lhe trazer um convite:
https://amorazul01.blogspot.com/2025/05/castelo-libertador-mes-dos-enamorados-1.html
Sinta-se livre para participar, se desejar.
Abençoado junho
Impressionantes as vivências e lições que trazes daqueles dias. Que bom encontraste pessoas boas com ou sem teto... E imagino a força de vontade para aprender "sozinha" as lições da vida e escrever... Conseguiste ser e continuar do bem, graças à Deus! Lindo,Nanda! beijos, chica
ResponderExcluirChica querida,
ResponderExcluirtua presença aqui sempre me aquece o coração.
Sim… foram dias duros, mas também cheios de aprendizados que não se esquecem. Encontrei gente boa onde menos se espera e isso me ensinou a não julgar o valor de uma vida por onde ela dorme.
Escrevi como quem acende vela no escuro, tentando entender o mundo e a mim mesma. E é como você disse: graças a Deus, consegui seguir pelo caminho do bem e sigo tentando, um dia de cada vez.
Obrigada por ler com o coração.
Beijos com carinho!
Nanda!
Olá, Nanda,
ResponderExcluirEssa história fez-me lembrar de Charles Dickens que é o mesmo que pensar na sua dignidade humana; que é pensar, não pela força, mas pela lucidez, na recusa à mentira, pela atenção silenciosa à dor dos outros. Você sabe (aprendeu desde cedo) que a atenção é a forma mais rara e mais pura de generosidade. Eles não querem ser vistos como objeto de pena, e sim como alguém que sofre mas é livre, e, justamente por isso, ainda pode escolher. Mais uma vez, o seu texto, além da beleza da linguagem, é uma lição de vida. A compaixão verdadeira exige maturidade. Não é indulgência nem desculpa. É ver o outro como alguém que sofre, sim, mas que continua livre. A pessoa não pode ser reduzido ao seu sofrimento ou aos seus méritos. A grandeza está na aitutude responsável diante da queda. Noutras palavras, aqui se lê uma reverência diante da alma humana.
Um afetuoso abraço, Nanda!
Eros, querido,
ExcluirVocê tem esse dom raro de escavar palavras com o cuidado de quem sabe que há diamantes na alma humana. O que disse me tocou profundamente porque, sim, é isso: a dor não quer plateia, quer presença. Não quer piedade, quer respeito. E a liberdade de quem sofre, mesmo em ruínas, é algo sagrado. Obrigada por me ler com essa escuta tão fina, tão inteira. Dickens, como você bem lembra, escrevia com os olhos molhados de mundo, e talvez seja essa também a forma como tento escrever com reverência, como você disse, diante da alma que pulsa, mesmo em silêncio.
Abraço apertado, com toda a gratidão,
Nanda!