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31 maio, 2025
Ainda estamos plantando
8 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Fernanda, muy bella composición, hay algo muy honesto en este texto. Seguir plantando aunque no haya garantías, aunque el cansancio pese más que la fe… eso ya es resistir, y también confiar. Me quedo con esa idea: que el milagro no hace ruido, pero ocurre. Un saludo !!
ResponderExcluirClip,
Excluirtuas palavras me tocaram com suavidade e verdade…
Sim, seguir plantando mesmo sem garantias é uma forma silenciosa de fé.
E às vezes é isso que nos sustenta: a confiança discreta de que o milagre pode acontecer sem alarde, sem pressa, mas no tempo certo da alma. Obrigada por ler com o coração e reconhecer essa esperança que resiste mesmo cansada.
Um grande abraço cheio de ternura e luz!
Fernanda!
"Ainda que a figueira não floresça...." escreveu o profeta Habacuque na Bíblia. Nem sempre ela floresce. Nem sempre o que plantamos iremos colher. Mas se continua a plantar assim mesmo.
ResponderExcluirEduardo querido,
Excluiressas palavras de Habacuque sempre me tocam fundo…
Porque falam de uma fé que não depende da colheita, mas da confiança.
Sim, nem sempre a figueira floresce. Nem sempre o solo responde ao que entregamos.
Mas seguimos plantando — não só pela esperança do fruto, mas pela beleza de sermos fiéis ao amor que nos move. Obrigada por lembrar isso com tanta força e simplicidade.
Que a gente continue, mesmo em terras áridas, com o coração fértil de fé.
Um abraço fraterno,
Fernanda
Sim, plantar é um acto de amor, um compromisso com o tempo. Cavar silêncios para que haja sempre vida onde ninguém vê é plantar com o coração para colher com a eternidade. E teremos sempre uma nova relação com a felicidade. É um gosto lê-la, minha Amiga Fernanda.
ResponderExcluirUma boa semana.
Um beijo.
Querida Graça,
Excluirque comentário mais lindo…
“Cavar silêncios para que haja sempre vida onde ninguém vê” guardo essa imagem no coração como quem recebe uma semente rara. Sim, plantar é um compromisso com o tempo, com a esperança, com o abstrato que um dia floresce. Obrigada por caminhar comigo por essas entrelinhas. É sempre um presente te encontrar aqui.
Uma boa semana também, com muita luz e ternura.
Um beijo grande,
Fernanda !
Basta dizer-lhe, Nanda, que sou eu aquele que cuida das plantinhas da casa. Não sou tão habilidoso, mas ousaria dizer que elas conhecem minhas mãos, rsrs,
ResponderExcluirAbraços, Nanda!
Querido Eros,
ExcluirSó posso dizer que as plantas têm sorte em te reconhecer pelo toque. Elas sabem quando alguém se aproxima com carinho, mesmo que seja com mãos ainda aprendendo. Que bonito imaginar essa troca silenciosa entre você e elas.
Lá em casa sou eu rsrs
Abraços de luz e folhas verdes,
Nanda!