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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

18 junho, 2025

Mariposa

Aleatoriamente um toque de poesia


Essa estava na grama.
Não voava. Não rodopiava em torno de nenhuma luz.
Estava ali, discreta, como quem aceita o chão sem reclamar do céu.

Era mariposa, mas parecia folha. Tão quieta que quase não se via. E mesmo assim, havia algo de sagrado na sua pausa como se pousar também fosse voo, mas ao contrário.

Não era falta de asas.
Era escolha.
Ou talvez cansaço.
Ou ainda, um daqueles momentos em que até o mais leve dos seres precisa aterrissar.

A mariposa da grama me ensinou que nem toda beleza brilha algumas apenas respiram.
Nem todo sentido está no alto às vezes, ele se revela bem junto da terra, entre o orvalho e a poeira.
Ela me disse, com o silêncio das asas fechadas, que há tempo de voar… e tempo de repousar.

E que o milagre não está apenas no movimento, mas na presença.
Na entrega.
Na paz de simplesmente estar.

Essa estava na grama.
E ali ficou inteira, invisível e eterna.

5 comentários:

  1. Um lindissimo ensaio poético. Gostei muito!
    No casulo em que se fecha a mariposa algo mágico acontece!
    A transformação é dolorosa, é difícil.
    Mas ela sabe que quando suas asas ficarem prontas a conduzirão num voo leve e gracioso. Sabe também ficar pousada na frescura da relva, enquanto não tiver plena confiança nas suas asas.

    Um beijinho.

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  2. Querida amiga Fernanda, seu poema alinda ainda mais a preciosa mariposa encantada que contrastou com o oliva da grama deixando-nos reflexivos.
    Estou como ela aqui recostada no merecido descanso que me dou ao luxo, em alguns momentos do dia para me recompor e estar inteira onde precise estar.
    Amo pássaros e borboletas e até já lhes dediquei um livro.
    A última vez que vi uma borboleta assim como a sua descansando ou se recompondo, tem algum tempo, mas ela não estava sobre o gramado, sim numa calçada.
    Como ela, estou eu:

    "Na paz de simplesmente estar."

    Tenha uma tarde abençoada!
    Beijinhos com carinho e voe como borboleta na poesia!

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  3. Boa noite, Fernanda.

    É linda, atua borboleta nocturna pousada na relva.
    Não pude deixar de recordar a primeira quadra que cantarolei e que o meu avô registou num caderninho porque eu era muito, muito pequenina e ainda não sabia escrever.
    Um carinhoso abraço!

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  4. Maria João,

    Que imagem mais terna essa da pequena você, com versos nascendo antes mesmo das palavras no papel. Que beleza esse avô que guardava poesia como se fosse ouro em caderninho e era mesmo. Fico encantada com essas lembranças que carregam afeto e memória em forma de quadra. Obrigada por pousar aqui com sua delicadeza. Um abraço cheio de primavera mesmo à noite.

    Com carinho,
    Fernanda

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  5. Um poeminha em prosa cativante. Cheio do lirismo inerente às criações (uso a palavra poeminha afetivamente). Depois de livro, percebo que é tempo de meditar.
    Quase sempre, depois que passamos por aqui, meditamos.
    Um abraço, Nanda!

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)