Às vezes me pego olhando para o céu, como fazia quando era criança, e me pergunto: será que algum dia os homens se cansarão de fazer guerras? Será que um dia, ao invés de armas, ergueremos pontes de afeto, de escuta, de compaixão?
Hoje, o noticiário me fere os olhos. Vejo que o Irã se fortalece não com escolas, não com hospitais, não com sorrisos mas com ogivas, foguetes, ameaças. Fortalece-se para a guerra, como se o poder só tivesse valor se pudesse explodir. Mantém grupos armados como o Hamas, alimenta o terror em vez da esperança, planta o medo e depois colhe o caos.
Israel responde, claro. Como sempre responde. E o ciclo recomeça, como uma roleta trágica onde sempre saem perdendo os inocentes. Gente como eu e você, que só quer viver em paz, ver seus filhos crescerem, sentir o cheiro do pão quente pela manhã.
Esses países, esses líderes, esses discursos inflamados, todos têm suas histórias, suas feridas, seus fantasmas. Mas até quando vão fazer dessas dores bandeiras para mais destruição? Até quando se esquecerão de que do outro lado da bomba há um rosto, há uma mãe, há uma criança que não pediu para nascer no meio da guerra?
Por que não escolhem gerar amor?
É uma pergunta que me persegue. Com os recursos que o Irã gasta para financiar grupos extremistas, quantas escolas poderiam ser erguidas? Quantas mulheres poderiam ter acesso à saúde? Quantos jovens poderiam aprender a criar arte em vez de carregar fuzis?
Por que é mais fácil financiar a morte do que nutrir a vida?
Amar exige mais coragem. Amar não dá manchete. Amar não ocupa territórios, ocupa corações. E talvez seja isso que mais assusta os que se viciaram em mandar, em dominar, em temer. Porque o amor desarma, e quem vive do medo não sobrevive sem ele.
Não quero simplificar um conflito milenar, nem fingir que entendo tudo o que se passa nas salas de guerra. Mas entendo o que é ser humano. Entendo o que é perder. Entendo o que é desejar paz.
Enquanto líderes se reúnem em salões escuros para decidir quem vai morrer, eu penso em mães acendendo velas, em crianças sonhando com um brinquedo, em jovens que queriam apenas um futuro comum, simples, seguro.
E me pergunto: que tipo de mundo estamos deixando para eles? Que exemplo damos, enquanto repetimos essa coreografia absurda de matar para ter razão?
O Irã poderia ser um berço de cultura, de fé, de flores. Poderia ser o lugar onde as feridas se curam, e não onde se aprofundam. Poderia escolher a vida e se o fizesse, não estaria sozinho.
Ainda há tempo. Sempre há tempo enquanto houver alguém para perguntar: e se, ao invés de preparar a guerra, preparássemos a ternura?
Israel também não dorme. Porque não pode. Porque está cercado por ameaças, por discursos que pedem sua aniquilação, por foguetes que não avisam antes de cair. É um povo ferido, marcado por milênios de fuga, de perseguição, de exílio, de campos de concentração. Israel se precavê porque aprendeu, com sangue e perda, que não se sobrevive esperando que o outro tenha compaixão.
Mas que triste é esse mundo onde precaução significa tanques, mísseis, sirenes, crianças correndo para abrigos subterrâneos como se isso fosse normal. Não é. Nunca será.
Israel tem direito à defesa. É compreensível que não confie quando o vizinho mais poderoso investe em armamento e financia organizações como o Hamas, que não querem diálogo querem destruição. O medo é legítimo. Mas o medo, por si só, não pode ser o único guia.
O que dói é que, mesmo com toda sua tecnologia, com toda sua história de resistência, Israel também parece preso nessa engrenagem trágica. Responde à dor com mais dor. À ameaça com mais força. E de novo, os que pagam o preço mais alto são os civis dos dois lados.
Se ao menos o Irã se ocupasse mais com o pão do que com a pólvora… Se ao menos Israel pudesse respirar sem temer o próximo ataque… Se ao menos, ambos, pudessem enxergar além do sangue e da areia.
É possível imaginar um dia em que a precaução seja feita de pontes, não de muros? Que a inteligência seja aplicada em curar, e não em rastrear alvos? Que a memória das dores sirva para construir futuro, e não para justificar bombas?
O Oriente Médio poderia ser jardim. Poderia ser hino. Poderia ser o lugar onde todas as feridas do mundo fossem lavadas. Mas preferem fazer dele trincheira, campo de prova, palco de ego.
E nós? Nós que vemos de longe, que choramos com os rostos que aparecem nas reportagens, temos um papel também. De não nos calarmos. De não naturalizarmos o horror. De escrever, falar, rezar como puder para que alguém, em algum lugar, escolha o amor.
Porque o amor é o único que não precisa vencer para existir. Ele basta.
E se um dia, talvez, alguém no Irã, alguém em Israel, alguém com poder de decidir, parar diante do mar como aquela menina que um dia fui e perguntar ao céu o que fazer…
Que o céu responda com silêncio e ternura.
E que, pela primeira vez em muito tempo, alguém entenda.
Não entendo nada de guerras.
Não sei quantos países fazem parte da OTAN, não sei qual míssil é mais eficaz, nem como funciona um sistema de defesa aérea. Nunca toquei num fuzil, nunca vi um campo de batalha e, se Deus permitir, nunca verei.
Mas entendo de gente. Entendo o que é amar, o que é perder, o que é temer pela vida de um filho. Entendo o que é segurar a mão de alguém e torcer para que fique. E por isso, ainda que eu não saiba nada sobre estratégias militares, sei o suficiente para dizer: já basta.
Talvez seja tolice minha, mas às vezes penso que devíamos construir uma bomba atômica de amor. Uma coisa imensa, incontrolável, que quando explodisse não ferisse, mas curasse. Que espalhasse ternura como onda de choque. Que deixasse o ar tão leve e tão puro que ninguém mais conseguisse gritar com ódio.
Uma bomba que, ao atingir uma cidade, fizesse as pessoas largarem as armas, os rancores, os medos. Que trouxesse de volta a memória do abraço perdido, da infância interrompida, da humanidade esquecida.
Imagino os cientistas, os generais, os políticos, se reunindo numa sala para discutir os efeitos colaterais:
Cuidado, pode provocar lágrimas espontâneas.
Risco altíssimo de reconciliação.
Alguns relataram sintomas de compaixão aguda.
E ao lançarem essa bomba no meio do mundo, ela não destruiria uma só parede. Apenas quebraria o que há de mais duro: os corações blindados pela guerra.
Soa infantil? Talvez. Mas eu já vi crianças que perderam os pais em bombardeios. Já vi mulheres enterrar filhos pequenos em valas comuns. Se infantil é desejar um mundo onde isso nunca mais aconteça, então que eu nunca cresça.
O Irã poderia fabricar isso. Israel também. Os Estados Unidos. A Rússia. A Palestina. Todos. Cada país criando sua versão de amor em laboratório, não para dominar, mas para doar.
Talvez um dia, cansados de tanto fazer armas, decidam tentar outra coisa. Talvez percebam, tarde ou não, que nada é mais potente do que o gesto de quem escolhe amar.
E então sim, haverá uma explosão de paz.
E o mundo, enfim, começará a se reconstruir do único jeito possível: de dentro pra fora.
Boa noite de PAZ, querida amiga Fernanda!
ResponderExcluirQuando venho aqui, sinto vontade de conversar com você, daí que vou lendo tópico por tópico e dialogando.
"Amar exige mais coragem. Amar não dá manchete. Amar não ocupa territórios, ocupa corações."
Hoje em dia, se dá tudo menos corações...
"O amor desarma, e quem vive do medo não sobrevive sem ele."
O amor não é para covardes e a humanidade está prenha do medo generalizado...
Vou lhe confessar que, após conversar muito tempo com meu filho que está longe daqui, sobre a situação que foca hoje, fiquei até com dificuldade em dormir.
Também ajudou na minha tristeza ao ver um pai protegendo o filho e ele gritando apavorado com tanto barulho de bombas, eles estavam se protegendo num carro. Foi triste demais.
Oxalá, um dia próximo, seja como seu desejo, eles se cansem de fazer guerras, se houver tempo, se um não eliminar o outro e ao mundo todo junto com a nojeira da prepotência deles!
Estamos cabisbaixos entre muitos "ses"...
Vamos desejando a paz, dizem os psicólogos que os grandes desejos são concretizados... vamos confiar que a PAZ reinará.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos fraternos de PAZ
Minha linda amiga,
ExcluirSua presença aqui me abraça mesmo em silêncio, mesmo pela tela. E quando você chega conversando, como agora, eu escuto cada palavra com o coração aberto. Sim… estamos vivendo tempos em que o amor parece não caber nas manchetes, e os corações andam escondidos atrás de trincheiras invisíveis ou não.
O que você sentiu com seu filho, essa dor misturada com medo e impotência, é também o que tantas mães sentem em todos os cantos do mundo onde o barulho das bombas fala mais alto que o riso das crianças.
E como você bem disse: o amor não é para covardes. O amor é para quem resiste, para quem ainda sonha, mesmo cansado.
Também acredito entre muitos “ses” que a paz precisa ser desejada com força. E talvez o nosso desejo mais teimoso já seja, por si só, uma semente.
Vamos continuar plantando.
Obrigada por suas palavras sempre tão humanas.
Beijos de luz e de paz, com carinho imenso.
Fernanda🥰😘🙏🏻
Pois é, Nanda, os tempos são mais difíceis hoje que na Idade Média, pois se sabia menos, a ignorância era maior. Ou do meu tempo de menino que a gente resolvia tudo na "porrada". O que se fazer se esta é a escolha dos homens? Quanto mais sabem, parecem mais estúpidos. Embora saibamos que os interesses econômicos falam mais alto que qualquer outra coisa. Já era assim. Nada mudou. As guerras não são apenas para sobrepujar o inimigo, mas sim pelas suas riquezas.
ResponderExcluirDe todo modo, não lhe faltou fôlego para alinhar muitas das questões que estão postas sobre a mesa.
Deixemos a guerra. Vou sair para passear de bicicleta que o tempo está convidativo para este exercício.
Um forte abraço, amiga!
Eros, querido, às vezes penso justamente isso: quanto mais se sabe, mais se erra com cálculo. A ignorância de antes era bruta, mas hoje a brutalidade vem com diploma, com terno, com justificativas econômicas e tecnológicas. Você tem razão as guerras de hoje seguem o mesmo script antigo: disfarçam ganância de ideologia. Só trocamos as espadas por drones.
ExcluirE mesmo assim, seguimos tentando falar de amor, mesmo sabendo que ele não rende lucro, não move tanques, não elege ninguém. Mas ainda falo. Ainda escrevo. Talvez por teimosia, talvez por esperança ou as duas coisas misturadas.
Aproveite o passeio de bicicleta. Que a brisa de hoje leve embora, ao menos por um instante, esse peso do mundo que a gente carrega nos ombros e no peito.
Um abraço grande, amigo!
Meu anjo, toda vez que vejo nos jornais a tragédia da guerra, penso: É tão fácil viver em paz. Mas sou ingênuo ao pensar assim? Talvez!
ResponderExcluirPensando... como é que pode um governante que julga representar seu povo, colocá-lo em uma situação como essa? O Irã vem há anos dizendo que Israel não tem o direito de existir, e que iria varrê-lo do mapa. Não é sem motivo que agora na tentativa de obter tecnologia nuclear sob pretexto pacífico, não o permitirem. O ódio impregnado destrói qualquer resquício de potencial confiança em uma nação como esta.
É tão fácil viver em paz... no papel, nos discursos, nas aspirações universais de quem não empunha uma arma ou governa com punho de ferro. Mas entre Israel e Irã, essa frase ecoa como ironia amarga. Duas nações separadas por geografias, religiões e ideologias, mas unidas por décadas de desconfiança, retaliações e sangue.
O que começou como uma disputa geopolítica se transformou numa guerra de narrativas, onde cada míssil lançado carrega inúmeras décadas de ressentimento, e cada retaliação é justificada como justa defesa. Paz, nesse cenário, é vista como fraqueza. Diálogo, como concessão. E ceder, como traição à própria identidade nacional.
Israel teme o poder nuclear iraniano. O Irã teme a dominação regional de Israel e seu vínculo com o Ocidente. Mas no fundo, ambos temem o mesmo: desaparecer sob o domínio do outro. E nesse ciclo de medo, a paz se torna não uma escolha, mas uma ameaça ao orgulho.
A frase "é tão fácil viver em paz" não deveria ser um devaneio utópico. Ela é um lembrete cruel de que o mais simples dos caminhos (o da convivência) é o mais evitado. Porque, para viver em paz, é preciso abrir mão do ódio que alimenta o conflito, do poder que silencia a diplomacia, e da certeza cega de estar sempre certo.
Talvez, um dia, os líderes desses povos vejam que o verdadeiro poder não está em destruir o inimigo, mas em reconhecê-lo como humano. E aí sim, será fácil viver em paz. Não por utopia, mas por escolha.
Opa! Mas a escolha pelo amor não é fácil, nem para Israel e nem para o Irã, é só ver a história. Então... talvez um dia cheguemos à conclusão de que não haverá um espelho compatível com um olhar pacífico entre eles.
E isso é triste demais!
Minha queridíssima, sua forma de colocar diante de nós a realidade viva me encanta cada vez mais, pois você sempre consegue mostrar o caminho, mesmo que ele não seja fácil. Amar não é fácil! Todos temos muito... mas muito a aprender!
Amo muito você, minha filhota querida!
Paizinho.
ResponderExcluirPai,
ler suas palavras me emociona porque nelas há uma lucidez que reconhece a dor do mundo sem perder a ternura. E, sim, talvez seja fácil viver em paz… no papel. Mas na prática, viver em paz exige uma coragem que muitos líderes não têm: a de renunciar ao poder que vem do medo, a de abandonar a lógica da superioridade, a de enxergar o outro como igual e não como ameaça. Você pergunta se é ingenuidade querer isso. Talvez seja. Mas prefiro a ingenuidade esperançosa à inteligência que só serve pra justificar a guerra. Sobre o Irã e Israel você foi cirúrgico. Ambos se alimentam do mesmo medo: o de desaparecer. E quando o medo é o rei, o amor é banido do reino. Só que esse ciclo não é eterno. Ele é mantido, sustentado, defendido por homens que preferem a dominação à convivência. A história mostra que amar é a escolha mais difícil, mas não impossível. E às vezes, um povo inteiro paga o preço pela covardia ou arrogância de um punhado de líderes. Você diz que talvez nunca haja um espelho possível entre eles e isso me corta. Porque se nem o reflexo de humanidade for possível, o que nos resta? Ainda assim, escrevo. Ainda assim, falo de amor. Porque enquanto houver alguém que diga “é tão fácil viver em paz”, mesmo que a voz soe ingênua… talvez a paz ainda tenha chance. Te amo imenso, meu pai. Obrigada por pensar o mundo comigo, com essa honestidade rara e esse amor que me formou.
Sua filhota que te ama grandiosamente❤️
PS: você me fez uma baita surpresa né? Risos 🤭
Obrigada 🙏🏻
Apesar do seu comovente texto - aspirar a paz e um mundo que fosse um jardim seja válido - a verdade é que o homem nasceu para a guerra.
ResponderExcluirNunca houve um tempo de paz no mundo pois até em tempos de paz, havia guerra, ainda que "fria", mas guerra.
Os países possuem seus interesses econômicos e de poderio. O Oriente Médio jamais verá paz. Israel nunca terá paz, pois ainda que haja algum dia uma normalidade de não agressão, as tensões entre judeus , árabes e palestinos continuarão existindo.
O povo judeu espera seu messias - um escolhido que irá trazer paz ao mundo. Mas é uma paz que parte do povo "eleito". O messianismo judaico é uma concepção de paz imposta pela força a partir deles mesmos.
O ser humano só vive em sociedade porque isso lhe traz benefícios, se não trouxesse, jamais conseguiriam se suportar.
Essa é a dura realidade. No militarismo temos uma provérbio: é preciso se armar para conquistar a paz.
Veja o caso Israel-Irã. Nenhum país europeu quer o Irã com armas nucleares pois isso desestabilizaria ainda mais a região. O Irã não é um regime confiável para se armar para a paz, pois o que eles desejam é se armar para a guerra. Assim como Israel.
Por isso devemos deixar de sonhar? Por isso devemos parar de almejar um mundo onde bombas de amor explodam por todos os lados? Não. O que seria a vida sem utopias?
Eduardo, seu comentário é como um espelho duro que a gente evita, mas não pode ignorar. Sim, talvez o ser humano tenha nascido para o conflito. Mas a guerra não é uma vocação inevitável. Ela é uma escolha que se repete, um caminho batido porque muitos se beneficiam dele. Dizer que sempre houve guerra é verdade. Mas será que não é justamente por isso que seguimos reproduzindo essa mesma estrutura como se fosse natural?
ExcluirPaz não é ausência de tensão paz é decisão. E é sempre mais difícil, porque exige desarme, escuta, humildade. Você fala do messianismo judaico e é curioso como quase toda concepção de paz nos discursos religiosos passa, de alguma forma, por hegemonia. A “paz” de uns sobre os outros. A paz que impõe, não a que acolhe. Isso é paz ou controle com outro nome? E sobre o Oriente Médio, é claro que as questões ali são profundas, históricas, e atravessadas por séculos de disputas identitárias, religiosas e geopolíticas. Mas só uma pergunta: será que dizer que “jamais haverá paz” não é também colaborar com a manutenção dessa impossibilidade?
Não acredito numa paz ingênua. Mas também não aceito uma guerra como se fosse lei da natureza.
Sim, o ser humano vive em sociedade por interesse. Mas às vezes, por breves momentos de lucidez ou de amor, ele também escolhe o outro pelo simples fato de reconhecê-lo como humano. Talvez aí esteja a verdadeira utopia não a de um mundo sem conflito, mas de um mundo onde o conflito não precise terminar em sangue. Por isso escrevo. Por isso sigo sonhando com bombas de amor explodindo nos mapas. Não porque acredito que já somos esse mundo mas porque talvez, se não sonharmos, nunca seremos.
Obrigada por colocar seus argumentos com tanta clareza. Nosso desacordo é, de certo modo, uma forma elevada de respeito.
Porque a sua posição e a minha são nossos. O seu é o meu modo de pensar.
E eu adoro o seu jeito de escrita e ponto.
Seguimos pensando juntos mesmo de lados opostos da trincheira. Risos…
Obrigada meu amigo, amei seu comentário.🙏🏻
Forte texto. As notícias sobre temas como Teocracias, Guerras, Ditaduras e ataque contra liberdades me deixam muito triste (e algumas vezes me fazem literalmente chorar). Geralmente, o que me atinge mais é não apenas o fato de Teocracias submeterem crianças, mulheres e outros humanos por não serem aquilo que o Estado Religioso deseja, mas existir um número enorme de pessoas que vive as liberdades Ocidentais (como no Brasil) e ainda assim é conivente com Teocracias. Tento evitar olhar comentários. As Teocracias do Oriente, hoje são tão ruins, e em muitos casos bem pior, do que foi a Igreja Católica na Idade Média. Ver pessoas, que vivem em países como o Brasil, defendendo regimes religiosos que exterminariam esses mesmos indivíduos me deixa extremamente angustiado. Não tenho esperanças Naturais ou Sobrenaturais para o mundo, mas mesmo assim ainda sofro com os meus problemas e os problemas de outros que sofrem infinitamente mais do que eu mesmo.
ResponderExcluirDeel, teu comentário me tocou fundo porque há nele uma tristeza que não é só tua. É a tristeza de quem ainda sente, num mundo anestesiado. E isso, por mais doloroso que seja, é também um tipo de resistência. A dor de ver Teocracias esmagando corpos e subjetividades em nome de uma “verdade sagrada” é quase insuportável 😩 e ainda mais cruel quando percebemos que, daqui mesmo, do conforto das nossas liberdades ocidentais
Excluir(mesmo que frágeis), há quem aplauda essas opressões, sem entender que seriam os primeiros a serem silenciados sob o mesmo sistema que idolatram. Essa contradição é, de fato, angustiante. Um paradoxo que machuca.
E tua comparação com a Igreja Católica medieval é certeira: o totalitarismo religioso, seja cristão, islâmico, judaico ou de qualquer matriz, não quer espiritualidade quer poder. E poder, quando sacralizado, se torna ainda mais brutal.
Você diz que não tem esperanças nem naturais, nem sobrenaturais. Eu compreendo. A esperança, às vezes, parece um luxo diante de tanta dor.
Mas há algo no teu comentário que, sem querer, já aponta para outra coisa: você ainda sofre pelo sofrimento dos outros.
E isso essa empatia crua, esse coração que ainda pulsa por quem sofre infinitamente mais é, pra mim, uma forma de esperança encarnada. Não como crença. Mas como presença. Seguimos, mesmo sem certezas, mesmo sem consolo.
E talvez seja exatamente isso que nos faz humanos.
Obrigada por partilhar esse sentimento ele não está sozinho.
Com respeito e afeto,
Fernanda.