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03 junho, 2025
O Povo das Palavras Santas
2 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Caríssima Fernanda,
ResponderExcluirA sua literalidade é encantadora! Faz com que o privilegiado leitor voeje em sonhos e se conscientize de que o Criador, com sua infinita complacência, se faz presente em tudo o que existe. O contexto alude a isso e nos mostra a premente necessidade de vivermos o Deus que, humildemente, habita nosso coração, e sermos gratos pela dádiva da vida.
Maravilhado, parabenizo-lhe por mais essa preciosidade e lhe desejo toda a felicidade que você merece ter.
Meu carinho e meus aplausos.
Querido Antenor,
ResponderExcluirReceber suas palavras é como abrir uma janela para um jardim silencioso, onde a gratidão floresce em cada gesto e o olhar se eleva com leveza. Que alegria saber que o texto tocou seu coração com essa percepção tão lúcida e sensível da presença divina em tudo o que nos cerca. De fato, é nesse sutil entrelaçamento entre o visível e o invisível que o Criador nos sussurra e quando alguém escuta, como você escutou, o texto ganha vida nova, se expande, e retorna ao mundo com ainda mais luz.
Obrigada pelo carinho generoso, pelas palavras que edificam e pela presença respeitosa de quem lê com a alma desperta. Que possamos continuar partilhando palavras que sejam pontes, e fé que seja morada.
Com gratidão e afeto,
Fernanda