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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

01 junho, 2025

Reflexões sobre uma fala de Jesus

Aleatoriamente um toque de poesia


“Quem não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.”
Essa frase de Jesus atravessa os séculos como um chamado. Mas o que ela quer realmente dizer? Seria um convite à conversão religiosa? Uma exigência moral? Uma profecia espiritual?
Há tantas versões. Tantas interpretações. Mas eu Fernanda penso… Penso que Jesus falava da alma.
Falava de uma mudança que não se mede com os olhos do corpo, mas com a sensibilidade do espírito.
Nascer de novo não é mudar de nome, de casa ou de religião. É permitir que algo em nós morra  o orgulho, o medo, as máscaras, o apego ao controle  para que algo mais puro e verdadeiro possa nascer.

Nascer de novo é reconhecer que tudo o que julgávamos saber pode não ser tudo.
É se abrir ao mistério. É voltar a ser pequeno, como quem reaprende a andar, a confiar, a amar.
Talvez o Reino de Deus seja exatamente isso: um estado de alma em que tudo é visto com mais luz.
Não um lugar distante, mas um modo novo de viver a vida aqui mesmo, agora com o coração desarmado, os olhos mansos e as mãos estendidas.

Penso que nascer de novo é uma entrega.
Uma rendição àquilo que já nos habita, mas que ainda não sabíamos nomear.
É uma coragem silenciosa de deixar o velho para trás e confiar que o novo saberá nascer, mesmo que aos poucos, mesmo que com dor.

E você, o que pensa?

10 comentários:

  1. Boa noite de domingo, querida amiga Fernanda!
    No outro dia no sermão, abordou-se o tema nascer de novo, creio, piamente, que até o final da nossa vida, vamos precisar nascer e renascer vária vezes.
    Até porque não nascemos prontos e só quando estivermos gloriosos seremos perfeitos à imagem de quem nos criou, no face a face... por Graça, não por merecimento pelos predicados que julgamos ter já aqui...
    Confesso que nasci já algumas vezes, com dor ou pelo amor. Foi preciso,
    Três vezes, renasci pelo amor quando meus filhos nasceram...
    Já renasci após alguns lutos doloridos demais... a própria dor dilacerante me ressuscitou.
    Excelente sua abordagem aqui!
    Saio imaginando quantas vezes ainda terei que nascer...
    Tudo é Graça.
    Tenha um junho abençoado!
    Beijinhos fraternos de paz e bem

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    1. Roselia querida,
      Que beleza o que você escreveu…
      Renascer tantas vezes — pelo amor, pela dor, pela fé é mesmo um milagre da Graça. Também sigo aprendendo a nascer de novo, com esperança.
      Obrigada por compartilhar sua luz. 🌷
      Com carinho,
      Fernanda

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  2. A frase, parecendo simples, é bem complexa.
    Boa semana querida amiga Fernanda 🌼
    Um beijo.

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    1. Querido Jaime,
      Sim… às vezes a simplicidade é só o véu da profundidade.
      Boa semana pra você também! Um beijo com carinho

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  3. Olá.
    A tradição cristã de uma forma geral vê nessa afirmação, de "nascer da água e do Espírito" (a resposta que Jesus dá a Nicodemos quando ele ficou confuso se ele estaria falando de nascer de sua mãe outra vez), o nascer no batismo e no "espírito" como sendo um nascimento espiritual pelo Espírito Santo.

    Jesus anunciava a chegada de um reino material, de um reino aqui na terra (no caso, lá em Israel) onde o povo estaria seguro e onde o próprio Deus seria o governante - ou seja - uma teocracia. Era essa esperança messiânica dos judeus.

    Talvez Jesus estivesse dizendo que para ser cidadão desse novo reino que ele anunciava, as pessoas devessem ter uma nova perspectiva de vida. Uma mudança de atitudes não mais conforme os velhos hábitos religiosos dos judeus.

    Mas o texto é aberto a outras interpretações.

    Você fez me lembrar meus tempos de conversas teológicas em meu primeiro blog lá de 2016...rs

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    1. Eduardo, que comentário precioso!
      Gosto quando os textos despertam lembranças e reflexões assim é como se ativassem memórias vivas e antigas buscas.
      Essa leitura sobre o “nascer de novo” como uma exigência de mudança profunda para um novo tempo me toca especialmente… Talvez o Reino que começa dentro, antes de se manifestar fora.
      Obrigada por compartilhar seu olhar e sua história.

      Um abraço fraterno!

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  4. Olá, Nanda,
    É sempre bom conversar com você, ouvi-la falar de certas coisas. Me falta cabedal, referências, para tratar de questões que passam pela teologia, por questões que nunca me aprofundei, fiquei sempre na superfície. Morei à beira-mar, mas hoje tenho de me afogar, se o mergulho é profundo. Estou certo de uma coisa: renasço a cada amanhã, mas se tal não acontece, "alguma coisa acontecerá" que me mostrará as portas do renascimento. Será que estou filosofando pela rama, como certa vez o disse Paulo Mendes Campos?
    Um abraço,

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    1. Eros, querido,

      Que beleza há em reconhecer-se aprendiz e ainda assim, seguir conversando, perguntando, oferecendo suas imagens generosas como essa do afogar-se onde antes se vivia à beira-mar. Isso é poesia, e também filosofia da mais viva. Não é preciso cabedal para tocar o essencial. Às vezes, o que falta em livro sobra em sensibilidade e você transborda disso.
      E sim, talvez seja pela rama que filosofas… mas é uma rama que floresce, e que dá sombra boa para quem te lê.
      Ah e aprendizes somos todos 😉
      Com carinho e gratidão pelas trocas,
      Nanda!

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  5. Fernanda querida, essa tua preciosa conversa me lembra meu pai,
    homem de uma enorme e linda fé.
    Ainda criança, lembro dele renascer, e com muita força espiritual. Passou a escrever para os principais jornais daqui, e vários livros seus. E convidado à palestrar. Eu acompanhava tudo junto de minha mãe.
    Viveu o cristianismo. Nunca vi uma fé igual. Lembro em seu leito, já se despedindo da vida,
    e eu muito aflita, olhos sempre marejados e dolorida, disse-me no leito: minha filha, eu estou bem, estou de mão com Deus, não por medo, mas por amor!
    Uma das coisas mais lindas que escutei na minha vida, jamais esquecerei.
    Renascer é isso, tem algumas interpretações como disse o Eduardo. E como dizemos, também, que paraíso é um estado de espírito!
    Meus aplausos, querida amiga, belíssima postagem, meus votos de uma linda semana, com muita paz.
    Beijinhos

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  6. Tais, querida… que comentário mais profundo, tocante e cheio de luz! Me emocionei com cada linha do teu relato, especialmente com as palavras do teu pai “estou de mão com Deus, não por medo, mas por amor”… Que sabedoria amorosa, que fé serena, que despedida tão inteira e bonita! Teu pai certamente deixou um legado de fé viva, e é lindo ver como isso te marcou, como essa lembrança pulsa até hoje em ti. Ele renasceu muitas vezes em vida e, pelo que contou, continua renascendo em você, nas tuas palavras, na forma como carrega essa memória com amor e reverência.
    Muito obrigada por compartilhar algo tão íntimo, tão cheio de alma. São partilhas assim que tornam esse espaço mais que uma troca de palavras é um lugar de acolhimento e humanidade.
    Um beijo grande, com carinho, e que a tua semana também seja cheia de paz, leveza e amor daqueles que atravessam até o tempo.

    Bjinho 😘

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)