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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

Amor sempre....

Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

19 julho, 2025

Como ajudar seu filho a crescer

Aleatoriamente um toque de poesia


Não existe manual, mas existem caminhos. E quase todos passam pelo olhar.

Olhar atento, desses que acompanham sem sufocar.
Olhar que enxerga além da bagunça no quarto e da nota na prova e vê ali uma alma em formação, um coração aprendendo a pulsar no ritmo do mundo.

Ajudar um filho a crescer com alegria e confiança não é sobre ensinar tudo. É sobre ensinar que ele pode aprender. Não é proteger de todo tropeço é mostrar que levantar também é uma arte. Não é evitar que ele chore é segurar a mão enquanto o choro vem, e lembrar que não se está só.

É muito comum querer criar filhos fortes. Mas mais bonito ainda é criar filhos confiantes. Filhos que saibam que não precisam ser perfeitos para serem amados. 
Que possam errar sem desmoronar. Que entendam que ser vulnerável não é fracasso, é humanidade.

Alegria, aliás, nasce mais do que se permite do que do que se impõe. 
Criança alegre é aquela que foi escutada, mesmo quando falava coisas sem sentido.
É aquela que teve tempo de brincar, de sujar, de rir alto.
É aquela que foi acolhida quando estava chata, cansada ou birrenta e mesmo assim, foi tratada com dignidade.

Confiança se constrói quando o mundo interno da criança é levado a sério.
Quando ela não é ridicularizada por seus medos, nem ignorada em suas perguntas. Quando os pais não sabem tudo e dizem que não sabem mas topam descobrir juntos.

No fundo, tudo começa no vínculo. 
Um filho precisa saber que tem um lugar onde pode ser exatamente quem é. Onde será olhado com ternura, mesmo quando erra. 
Onde não precisa provar nada para ser merecedor de amor.

É isso que fica.
Mais do que os conselhos, as regras e as broncas, o que permanece é a memória emocional:

“Eu era visto.”
“Eu era escutado.”
“Eu era amado.”

E quando uma criança guarda isso dentro de si, ela cresce… Com alegria.
E com uma confiança que nem o tempo consegue apagar.

Eu, Fernanda, me criei nas ruas. Não havia ninguém que me dissesse: vai por aqui, cuidado ali, volta antes que escureça. Não tinha colo esperando no portão, nem lanche pronto sobre a mesa. Tinha vento, poeira, barulho de gente apressada, e um céu que me cobria por inteiro esse, sim, nunca faltou.

Aprendi cedo que a vida cobra até quando a gente não tem troco. E que o certo e o errado não vinham em livros, mas em consequências. 
Eu observava. Sempre fui boa em observar.
Via quem mentia e depois andava com o rosto pesado.
Via quem ajudava e parecia ganhar um brilho diferente nos olhos. Via o errado causando dor nos outros e em quem fazia.
E o certo, mesmo que discreto, trazendo uma alegria leve, daquelas que duram o dia todo.

A alegria foi meu norte, mesmo quando tudo era ausência. Descobri que confiar não era não ter medo, mas continuar mesmo com medo.
E descobri também que toda criança precisa de um adulto que diga: “Vai ficar tudo bem”, mesmo que o mundo esteja desmoronando por dentro.

Hoje, quando escrevo sobre como ajudar um filho a crescer com alegria e confiança, não falo como quem leu num livro de psicologia. Falo como quem andou sozinha por calçadas largas demais para uma criança miudinha. 
Falo como quem sabe o que é se levantar sem mãos estendidas, mas com fé nas pernas que tremem.
Falo como quem escolheu amar mesmo sem ter sido amada do jeito que sonhava.

E agora você.
Você que talvez tenha uma casa cheia de filhos ou um só coração sob tua responsabilidade.
Você que já se perguntou se está acertando, se está falhando, se está dando conta.

Deixa eu te dizer com a sinceridade de quem aprendeu na pele:
Seu filho não precisa de perfeição. Precisa da sua presença. Precisa do seu olhar quando ele fala do que ninguém mais entende.
Precisa que você o veja inteiro até quando ele parece quebrado.

Educar é um gesto de fé.
É plantar sementes que só brotam lá na frente, às vezes anos depois, e mesmo assim continuar regando. E é bonito demais ver um filho crescer e saber:
“Eu fui abrigo. Eu fui certeza . Eu fui direção .”

E essa certeza, ah…
Essa é a alegria mais confiável que existe.



Fernanda


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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)