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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

23 agosto, 2025

A Menina e Seu "Olhar"

Aleatoriamente um toque de poesia


A menina não sabia que carregava um segredo.
Não era nos cabelos, nem na pele mas no olhar.
Havia nele algo que não se explicava: um lampejo de quem já tinha chorado e, ainda assim, guardava a coragem de sorrir.

O olhar da menina não pedia licença. Ele acontecia.
E quem ousava encontrar-se com ele, ficava marcado  não pelo que via, mas pelo que sentia.

Porque a verdade é que o olhar não falava dela.
Falava do mundo.
E talvez fosse isso que a tornava tão misteriosa: ser reflexo da menina e ser adulta ao mesmo tempo.




Fernanda

10 comentários:

  1. Boa tarde de sábado, querida amiga Fernanda!
    Estou descansando após um café...
    Vou lhe contar algo:
    Quando eu tinha 16 anos, escrevi no meu diário com toda convicção que já era adulta. Bem assim: eu já sou adulta.
    Ai, meu Deus!
    Era tão menina, não sabia nada da vida. Estava no ultimo ano do curso Normal no colégio religioso.
    Enfim, hoje em dia, não me esqueço daquele momento!

    Fui lendo aqui e fiquei com o coração embargado...
    "Um lampejo de quem já tinha chorado e, ainda assim, guardava a coragem de sorrir."
    Vamos sorrindo, amiga?
    Deus merece nosso melhor sorriso.
    Tivemos ou temos um 'menino' que, ao olharnos olho no olho, nosso rosto sorri...
    É um segredo guardado a sete chaves.
    Tenha um final de semana abençoado!


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    1. Querida Rosélia,

      Que lembrança bonita a sua! Como é curioso esse ímpeto da juventude em querer ser adulta logo, quando na verdade ainda éramos tão meninas, acreditando já ter o mundo nas mãos. Também me reconheço nesse retrato. A vida foi nos ensinando, com lágrimas e risos, que a verdadeira maturidade chega aos poucos, quase em silêncio, e sempre acompanhada de novos recomeços.
      E sim, amiga, vamos sorrindo mesmo quando o coração carrega marcas, mesmo quando a saudade aperta. Um sorriso, nesses instantes, é um gesto de fé e de coragem, como você bem disse. Que Deus continue a iluminar seus dias e encher de alegria o segredo guardado no seu coração.

      😘

      Com carinho,

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  2. O olhar. Quem terá notado a sutileza desse olhar com duas faces? Nele repousa uma mitologia que explica o mistério desta Clarice, que revive a de Capinan. E essa pequena história nos envolve como se fosse uma névoa antiga que se afigura na menina e nos traz uma sombra ou uma luz, depende do nosso culto à “mitologia” inscrita nos lampejos desvelados: do choro e do sorriso, enquanto pressuposto filosófico do viver usado como um anteparo. A verdade é que um olhar nos diz muito quando estamos é possível traduzi-lo ao modo de uma prova do humano.
    Abraços, querida Nanda!

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    1. Eros querido,

      Que comentário rico e sensível, cheio de camadas e nuances! Ele percebe o olhar como uma “mitologia” viva, algo que carrega história, emoção e complexidade uma ponte entre o passado e o presente, entre o choro e o sorriso, entre o humano e o quase divino. A comparação com Clarice e Capinan sugere que o olhar da pessoa em questão carrega literatura, música, poesia e profundidade existencial, como se cada gesto tivesse ecos de outras expressões artísticas e de vida.
      A frase final é linda: “A verdade é que um olhar nos diz muito quando estamos é possível traduzi-lo ao modo de uma prova do humano.” Ali há a percepção de que o humano se revela não só em palavras, mas na sutileza das expressões, e que captar isso é quase uma experiência filosófica.
      Amei!

      🥰😘

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  3. Olá MaFe.
    Existem olhares que dizem muito né?
    Numa musica do Zé Ramalho tem a seguinte frase:
    Pares de olhos tão profundos, que amargam amargam as pessoas que fitar.
    Essa frase, nessa música sempre me encabulou.
    Tem uma foto também, que ficou famosa na internet, de uma menina afegã, que também é marcante:

    https://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/26/internacional/1477488115_583228.html

    Tem mais uma frase de uma música da banda Zero que diz:
    Os olhos falam e eu escuto, não tente me enganar.

    Sua postagem me transportou para vários lugares, vários olhares, vários momentos.
    Um abraço minha amiga!

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    1. Oi André,

      É verdade… existem olhares que falam mais do que qualquer palavra. A força deles às vezes amarra, às vezes liberta. Fico pensando nos pares de olhos que você citou o Zé Ramalho, a menina afegã, a banda Zero e como cada um carrega um mundo inteiro, um tempo, uma história que nos toca de maneira única.
      Seu comentário me faz perceber que olhar é atravessar mundos, reconhecer dores, alegrias e mistérios em silêncio. É bonito saber que minha postagem conseguiu despertar esses lugares e esses olhares em você.
      Um abraço cheio de afeto,

      🙏🏻😘

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  4. Se é verdade que o olhar é a janela da alma, o que poderia tal janela revelar?

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    1. Oi Eduardo,

      Se o olhar é realmente a janela da alma, ele revela tanto quanto conseguimos enxergar. Há olhares que sussurram segredos, outros que iluminam caminhos; alguns carregam dores antigas, enquanto outros transbordam esperança. Cada olhar é único, e o que ele nos mostra depende também de quem observa da atenção, da sensibilidade e da disposição de receber.
      Talvez a beleza esteja justamente nesse mistério: jamais podemos fechar totalmente a janela, nem controlar o que ela nos permite ver.

      Um abraço cheio de afeto,
      🙏🏻😘

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  5. Olá, Nandinha, tenho te lido à noite, estressada das obras por aqui, mas hoje e domingo são dias de folga, então aqui estou, e com saudades.
    Esses olhares de meninas que amadurecem cedo, são reveladores, são de maturidade e uma certa vivência.
    Umas amadurecem bem antes, outras...dentro da normalidade.
    E bota olhar certeiro nisso, amiga!
    Um olhar que julga! E julga porque sabe ver e refletir sobre as coisas.
    Muito lindo e sábio o que li agora...
    Beijinho, vou dar uma olhada no que já li aqui e deixar minha apreciação!
    Um feliz fim de semana!
    Meu carinho, querida amiga!
    🌹🙏💥

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    1. Oi, Taís querida!

      Que bom te ler, ainda mais nesses dias de folga, quando podemos respirar um pouco e nos reencontrar. Sinto sua saudade e te envio a minha de volta, cheia de afeto.
      Você tem toda razão: há olhares que amadurecem cedo, que trazem a experiência da vida antes do tempo, e há olhares que simplesmente acompanham o ritmo da normalidade. E esses olhares certeiros, que julgam com conhecimento e sensibilidade, são de fato fascinantes eles nos ensinam tanto sobre o mundo e sobre nós mesmos. Fico feliz que tenha gostado do que leu. Que seu fim de semana seja leve e cheio de pequenos encantos.

      Beijinho com carinho,
      😘🙏🏻

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)