Eu, Fernanda,
acredito que o bem se manifesta de maneiras silenciosas e sutis, muitas vezes além da nossa compreensão imediata.
Acredito que cada dificuldade, cada desafio, carrega em si a semente de crescimento e evolução.
Acredito que confiar na sabedoria de Deus é permitir que a vida nos molde com paciência, amor e ternura, mesmo quando o caminho parece incerto.
O bem verdadeiro não se mede em conforto ou reconhecimento; ele se sente no coração que aprende a perdoar, a amar e a caminhar com serenidade.
E eu acredito que, ao cultivarmos essa confiança, descobrimos a plenitude da alma, a paz interior e a certeza de que cada passo é guiado pelo amor divino.
Encontro algumas pessoas no meu caminho que duvidam da existência de Deus.
Não há o que dizer quanto a isto, visto que todos têm direito à escolha, então está tudo certo.
Mas basta fitar o ser humano para compreender que ele não se faria sozinho.
Cada gesto, cada sentimento, cada lágrima e cada riso revelam a mão do Criador.
E que pena é para aquele que se diz ateu não perceber que também é uma poesia divina,
uma obra única que reflete luz, complexidade e amor em sua essência.
Basta olhar ao redor, ouvir o vento, sentir a vida pulsando,
para perceber que nada aqui é por acaso.
Somos versos vivos no grande poema do Universo,
e cada alma carrega em si a assinatura do Criador.
Fernanda
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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)