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26 agosto, 2025
Entre o Rio e a Margem
16 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Boa noite de paz, querida amiga Fernanda!
ResponderExcluirO horizonte nos revela uma parte bonita do amor...
Saímos da margem dele...
O rio é a fluência linda dos sentimentos em evidência ainda que serena...
Assim eu sinto seu poema, uma revelação bonita do sentimento nobre que embala todo ser humano sensível que emana a parte mais inesquecível do guardado do lado esquerdo do peito.
Que a fronteira do amor coincida com o melhor de nós!
Viver um toque de poesia aqui agora faz da minha noite mais serena ainda.
Digo até com uma pitada de esperança.
Tenha dias novos abençoados!
Beijinhos fraternos
Querida Roselia,
Excluirque beleza de comentário! As palavras chegaram como um rio manso que se deixa ouvir na noite. Gostei da imagem do horizonte que se abre e do amor que flui como água serena é exatamente assim que sinto também: uma correnteza suave que nos embala e nos leva ao melhor de nós.
Receber seu carinho tão sensível é como reencontrar a poesia no coração do outro. Obrigada pelo carinho, pela esperança que colocas em cada frase e pela ternura que nunca falta em ti. Que teus dias também sejam banhados de bênçãos e serenidade.
Beijinhos fraternos,
Olá, amiga Fernanda, gostei muito deste seu belo poema,
ResponderExcluirbelo e inspirado poema.
Parabéns!
Uma boa semana, com muita paz e saúde.
Um beijo, amiga.
Olá, querido amigo Pedro!
ExcluirFico muito feliz que tenha gostado do poema, suas palavras de incentivo me alegram e me animam a continuar escrevendo e partilhando sentimentos por aqui. Obrigada pelo carinho sempre tão generoso.
Desejo também a você uma semana abençoada, cheia de paz, saúde e momentos bons. Um beijo fraterno, amigo!
🙏🏻
Ofereces-nos hoje mais um maravilhoso texto querida Fernanda.
ResponderExcluirDetenho-me muitas vezes nos insondáveis segredos das margens de um rio, que o tornam prisioneiro dos seus limites, num abraço interminável, sem que possa saber-se se é o rio que deseja ser abraçado, se as margens que o querem abraçar. Talvez haja uma vontade cúmplice que os torna prisioneiros um do outro… e assim, permanecem numa volúpia constante entre carícias e murmúrios, num desejo constante de se tocarem, machucando-se, torturando-se, como as línguas se torturam num beijo quase enlouquecido. Amam-se. Intensamente. Sem palavras, sem limites, sem que tenham de se atormentar sequer com um beijo de despedida. Ali estarão sempre, sempre, amando-se, naquele abraço eterno… interminável.
Um carinhoso abraço.
Querido Albino,
Excluirque maravilha de leitura poética a tua! Transformaste meu texto num reflexo de imagens ainda mais intensas e belas. Essa metáfora do rio e das margens em abraço eterno me tocou profundamente é como se tivesses revelado a essência secreta do que escrevi. Admiro a forma como encontras ternura até mesmo na volúpia, mostrando que o amor pode ser prisão e liberdade ao mesmo tempo. Lindo demais, meu amigo! Obrigada pelo carinho e pela poesia que trazes sempre contigo.
Um abraço fraterno e grato,
🙏🏻😘
É, Fernanda...talvez seja isso.
ResponderExcluirAcredito Eduardo!
ExcluirAbraço amigoo!
Eita MaFe... dessa vez você fez uma viagem.
ResponderExcluirMas foi de muita sensibilidade, imaginação e amor!
Tava inspirada.
Comparar o amor ao movimento de um rio, nunca iria passar pela minha cabeçona oca!
E olha que aqui passa tanta coisa, que você nem imagina.
Gostei muito.
Você é uma poetiza!
Parabéns!!!
Eita, André!
ExcluirVocê sempre me faz sorrir com esse jeito leve e divertido de comentar. Que bom que gostou da minha ‘viagem’ às vezes a imaginação me leva mesmo por caminhos de rio, de vento, de nuvem… e eu só sigo. Fico feliz que tenha sentido sensibilidade e amor nas palavras, porque é exatamente disso que nascem os versos.
E olha, a tua ‘cabeçona oca’ rsrsrs é das mais cheias de poesia que já conheci! Obrigada pelo carinho, amigo querido. Você me anima e me inspira sempre.
Um abração cheio de gratidão!🙏🏻
Oi, Fernandinha, entre marteladas aqui, (ainda não acabou a obra}, mas consigo ver a beleza deste poema, a natureza nos ensinando sempre, hein amiga? Que lindo ficou, fui imaginando tudo... Que inspiração, Nanda!! Você é completa!
ResponderExcluirEspera aí... estou levantando para te aplaudir!
Boa quarta, querida amiga!
Beijinho.
Oi, Tais querida!
ExcluirQue delícia receber teu comentário no meio das marteladas da obra 😅. Mesmo assim, com barulho e correria, tu encontras tempo e carinho para me ler isso vale ouro pra mim. A natureza é sempre mestra, não é? Basta a gente se permitir olhar e já vem inspiração.
Ri aqui imaginando tua cena: parando tudo para me aplaudir, lindona! 😂 🙏🏻😘Obrigada pela generosidade e pelo incentivo de sempre, tu tens um coração enorme.
🙏🏻😘
Ensinamentos que só a introspecção á beira do rio trazem.
ResponderExcluirUm abraço
Verdade Cesar! Obrigada amigo!
ResponderExcluirComo água do rio beirando às margens e as margens tocando as águas do rio nesta simbiose quase perfeita, escorre sua sensibilidade, plasmando um poema que carregado de significação e beleza.
ResponderExcluirTudo bem equalizado para transfigurar o amar, o que me fez lembrar da música de Capinan e Edu Lobo (letra do primeiro e música do segundo):
(...)
Mas o tempo é como um rio
Que caminha para o mar
Passa, como passa o passarinho
Passa o vento e o desespero
Passa como passa a agonia
Passa a noite, passa o dia
Mesmo o dia derradeiro
Ah, todo o tempo há de passar
Como passa a mão e o rio
Que lavaram teu cabelo (...)
Outro abraço, Nanda!
Querido Eros,
ExcluirQue comentário mais lindo e cheio de sensibilidade! A forma como você entrelaçou meu poema às águas do rio e trouxe a lembrança dessa canção tão profunda me emocionou de verdade. Há algo de mágico quando a poesia encontra a música ambas se completam e ecoam dentro da gente como o próprio movimento do tempo que corre, inevitável, mas também cheio de beleza.
Obrigada por essa partilha delicada, que deu ainda mais vida ao meu texto. Recebo seu abraço com carinho e retribuo outro, cheio de gratidão.
Com afeto,
🙏🏻😘