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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

12 agosto, 2025

Lar

Aleatoriamente um toque de poesia


Lar não é o lugar onde a chave gira, mas onde o peito descansa.

Passei anos achando que lar era endereço. Rua tal, número tal, campainha que toca e cheiro de café vindo da cozinha. Depois pensei que fosse uma pessoa: alguém que me olhasse como quem enxerga a alma, me abraçasse como quem segura um mundo inteiro nos braços. Mas não era só isso.

Descobri, com o tempo, que lar é um estado de acolhimento. É onde a gente pode tirar os sapatos, os medos, as máscaras. É onde o riso vem fácil e o choro não precisa de tradução. Onde a gente pode ser inteiro, mesmo nos pedaços.

Lar é o que sobra quando a visita vai embora, quando a cidade silencia, quando a notificação do celular não apita. Lar é o que fica quando tudo o que era urgente perde a importância.

Às vezes, o lar é um canto da casa que só a gente conhece aquele que pega o sol de manhã e parece escutar nossos pensamentos. Outras vezes, o lar mora num gesto: um pão quente partilhado, um silêncio confortável, um “chegou bem?” dito sem pressa.

Tem dia que o lar é a gente quem cria. Com almofadas no chão, plantas resgatadas da rua, músicas que falam por nós. E tem dia que o lar é alguém. Alguém que não pergunta onde você esteve, mas pergunta como você está. Alguém que não exige presença, mas oferece presença. Que não impõe teto, mas estende colo.

Lar é onde a alma se ajeita, mesmo depois de ter vivido muitos abalos.
É o que nos reencontra, mesmo quando a gente se perde.

E se hoje você se sente sem casa, sem rumo, sem ninguém…
cuida de você com a ternura de quem monta um lar por dentro.
Um dia, alguém entra  e reconhece.




Fernanda

Ouvindo:My Friend the wind🎵
Demis Roussos

2 comentários:

  1. Lar, de fato é onde a alma se ajeita. Lugar onde tudo podemos. Lugar em que nossos quereres se desamarram e libertos Lugar onde nos despimos das ansiedades, da pressa e irritações e no lar, ! "felicidade é um agora sem pressa nenhuma", como li por aí, ou também este "a felicidade tem vários nomes: lar é o meu favorito"! Beijo!

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  2. Que linda definição e expressão do que é um lar...
    Nele nos sentimos bem, aconcehegados, seguros! Lar ,seja onde for, como agora aqui na praia, é um cantinho nosso onde após um dia de sol, cansados, descansamos e ,como na cidade, logo após o banho colocamos nossos "pixamas",rs...Nada melhor!
    beijos praianos, tudo de bom,chica

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)