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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

13 agosto, 2025

Ritual da Janela Acesa

Aleatoriamente um toque de poesia

Deixo a janela entreaberta.
A madrugada entra sem pressa,
com cheiro de coisa antiga e esperança nova.

Acendo o abajur.
A luz amarela é abrigo para o que não tem nome,
para o que senti e não contei a ninguém.

Escrevo com a mão trêmula da saudade.
Saudade do que fui, do que tive,
e do que ainda vive em mim, mesmo partido.

Chamo o amor.
Não aquele que grita, mas o que fica.
Amor que sustenta, mesmo ferido.
Amor que me olha pelos olhos do outro
e me ensina.

Respiro coragem.
Não a que enfrenta, mas a que permanece.
A coragem que ajoelha, que reza sem saber palavras,
que espera sem perder o coração.

Aceito a resignação 
não como desistência,
mas como sabedoria de não forçar o rio a correr pra trás.

Chamo também a humildade,
que me ensina a descer do orgulho
e habitar o chão das coisas simples.

A bondade chega devagar,
com cheiro de pão, com colo de vó,
com mãos que não julgam, apenas seguram.

Escrevo até rir.
Até que o riso me cure um pouco do peso.
Até que o riso me devolva o corpo leve
e o coração compassado.

E quando não sei mais o que dizer,
abraço o caderno.

E no silêncio entre uma palavra e outra,
sinto: o Senhor do alto também me lê.
E entende.
Mesmo o que não consegui escrever.

Um comentário:

  1. Com certeza o Senhor do Alto sabe do que escreves e te aplaude como eu! Lindo sempre,Nanda!
    beijos praianos, boa noite, com a luz da janela bem acesa, chica

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)