Enquanto caminhamos entre os sonhos que cultivamos em silêncio, existe sempre um chão firme que nos sustenta: a realidade. Não é que os sonhos sejam ilusórios ou sem importância ao contrário, eles são a matéria-prima da esperança, o sopro que mantém a alma acesa. Mas é na realidade, no agora concreto, que Deus nos coloca as lições mais preciosas, os sinais mais sutis e os caminhos mais verdadeiros.
Muitas vezes, confundimos fé com fuga. Acreditamos que sonhar alto é suficiente para que o mundo se dobre diante dos nossos desejos. Mas a fé verdadeira é diferente: ela não nos isenta da vida como ela é, nem nos retira da terra para viver no abstrato. Fé é justamente a coragem de enxergar o que e…
Enquanto caminham os sonhos, a realidade é onde Deus nos aponta
Enquanto os sonhos caminham dentro de nós, leves como pássaros que nunca se cansam de voar, a realidade se mantém firme, como a terra que sustenta nossas raízes. É nela que Deus nos fala, não em discursos distantes, mas em gestos concretos, em presenças silenciosas, em vínculos que nos ensinam a amar.
E se há um lugar em que essa lição se torna viva, é na família.
A família é o nosso elo mais profundo no amor. Não é feita de perfeição, mas de aprendizado. É no convívio com aqueles que nos conhecem sem máscaras que descobrimos quem somos de fato. Eles testemunham nossas quedas, mas também celebram nossas pequenas vitórias. São as pessoas que, muitas vezes sem palavras, nos lembram de onde viemos e para onde podemos ir.
Quantos de nossos sonhos foram primeiro alimentados no seio familiar? Um olhar de encorajamento, um abraço que cura, um conselho dado na hora certa tudo isso é realidade palpável, mas também é sopro divino. Deus se mostra nesses gestos simples, no pão repartido na mesa, na oração feita em conjunto, no riso que quebra um silêncio pesado.
Por vezes, sonhamos com grandes realizações: viagens, conquistas, mudanças. No entanto, a realidade que Deus nos aponta está também nas pequenas coisas: sentar ao lado de quem amamos, ouvir sem pressa, perdoar quando dói, apoiar quando a vida pesa. É nesses atos discretos que o amor cresce, ganha corpo e se torna eterno.
E mesmo quando a família nos desafia porque nenhum elo humano é feito apenas de doçura Deus continua nos ensinando. A paciência diante das diferenças, a resiliência frente às dificuldades, a sabedoria de saber quando falar e quando silenciar. Tudo isso faz parte da escola do amor.
O sonho de todo coração é viver em plenitude. Mas a plenitude não nasce de cenários imaginados: ela floresce no terreno real, adubado pela convivência e regado pelo cuidado mútuo. O lar é o campo onde mais se prova que a fé não é apenas esperança distante, mas prática diária de amor.
Assim, Deus nos chama a olhar para nossa família como um reflexo de Sua própria paternidade. Ele nos deu irmãos, filhos, pais, companheiros, para que aprendêssemos, passo a passo, a linguagem do amor eterno. A família é o ensaio mais próximo do que significa amar como Ele ama: sem condições, sem reservas, com entrega.
Portanto, que os sonhos caminhem, sim mas que os olhos não se fechem para a realidade que pulsa em cada encontro com os nossos. Pois a família é o lembrete diário de que não caminhamos sozinhos, de que somos parte de uma rede viva de afeto, e de que o amor, quando cultivado em casa, é capaz de transbordar para o mundo inteiro.
Enquanto os sonhos nos elevam, a família nos ancora no amor. E é nesse equilíbrio que Deus nos aponta o caminho certo: seguir adiante, mas sempre lembrando onde está o nosso elo mais verdadeiro.😜
Fernanda
O casal da família é a raiz silenciosa que sustenta todos os ramos, onde o amor se aprende, se compartilha e floresce a cada dia.🥰
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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)