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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

04 setembro, 2025

O que você não vê

Aleatoriamente um toque de poesia


Ela passou por mim com pressa. Olhar baixo, fones de ouvido, semblante duro. Nem respondeu meu “bom dia”. Por um segundo, minha amiga falou: “Nossa! Que falta de educação!”. Mas antes que a crítica tomasse forma inteira, lembrei a ela, que eu também já atravessei dias assim em que sorrir dói, e conversar exige uma energia que não se tem.

A gente se acostuma a medir os outros pela régua do que vê. Mas ninguém carrega crachá com as dores do dia. E por trás de um gesto seco, pode morar uma perda recente. Um luto invisível. Um medo que ninguém percebe. Uma batalha que ainda não teve nome.

Tem gente que está cansada, mas levanta. Que está triste, mas sorri por educação. Que está desmoronando, mas continua entregando relatórios, lavando roupa, postando foto com filtro bonito. E a gente, do lado de cá, julga. Porque é fácil olhar de fora e supor. Difícil é carregar a mochila que não é sua.

Tem mãe que chora no banho pra não assustar os filhos. Tem jovem que parece forte, mas dorme mal há meses. Tem idoso, que fala demais porque ninguém escuta. Tem gente que se veste de raiva porque tem vergonha de mostrar o medo.

O mundo anda rápido demais pra que a gente repare no outro com calma. Mas e se a gente desacelerasse um pouco? Se, ao invés de julgar, a gente perguntasse: “Tá tudo bem?” E se, ao invés de concluir, a gente escutasse?

Talvez a moça do fone de ouvido tenha perdido alguém. Talvez esteja doente. Ou talvez só esteja esgotada. Não importa. O que importa é que ela é mais do que aquele instante em que passou por mim, ou por você sem responder.

Julgar é fácil. Exige só um olhar rápido.
Compreender, não. Exige presença.

E o mundo está precisando desesperadamente de presença.



Fernanda

5 comentários:

  1. Muito bom prestar atenção nas coisas assim, pensar no outro, no que pode estar acontecendo antes de julgar! Mas assim, na maioria das vezes, não acontece! Primeiro o julgamento aparece e com ele a nossa classificação da pessoa(esnobe, chata, antipática,etc...)...Pena! Adorei! beijos, chica

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  2. Fernanda, tem pessoas que são maus humoradas e mal educadas por natureza. Carregam dentro de si não se sabe que peso. Outras, estão assim exatamente por causa do peso, mas tudo o que querem é voltar a ser mais leve.

    abraços.

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  3. Olá, Fernanda.
    É comovente a maneira pela qual você discorre sobre procurar sentir os sentimentos do próximo sem julgamentos precipitados, buscando compreender os motivos que o leva, em muitas ocasiões, a se mostrar distante, sem a cordialidade natural que deve haver entre as pessoas.
    Indubitavelmente, se houvesse sempre a compaixão necessária, os relacionamentos humanos transformariam o mundo apenas por essa mudança de mentalidade.
    Aqui fico maravilhado com sua demonstração de tão profundos sentimentos solidários e levanto-me para aplaudi-la.
    Efusivos parabéns, tenha dias abençoados, felizes e fique com meu terno abraço.

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  4. Que reflexão bonita! É sempre bom parar um momento e pensar sobre a vida e os nossos sentimentos.

    Com amor,
    Daniela Silva 🦋
    alma‑leveblog.blogspot.com — espero pela tua visita no meu blog

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  5. Boa tarde de paz, querida amiga Fernanda!
    Por aqui, céu azul, sol firme fresco...
    E aí!
    Lendo aqui, na serenidade do lar, vejo-me em seus escritos com toda comoção.
    Há quem passe pelas nossas dores como um trator desenfreado... não importa nada conosco. Muitas vezes, sacia sua sede egoísta em nós e nos deixam ao léu da desolação. Quantas vezes não vivemos assim ao longo da nossa vida?...
    Depois de nos doarmos a tantos com todo o nosso ser, nos vemos sós, sem a mínima consideração.
    Tem idoso, que fala demais porque ninguém escuta.
    Tem toda razão...
    E têm os que escrevem 'demais' pela mesma razão. Sei que sabe.
    "Tem gente que está cansada, mas levanta. Que está triste, mas sorri por educação. Que está desmoronando, mas continua entregando" ... TUDO DE SI.
    Os valentes de espírito, fortalecidos pelo Deus Altíssimo. É Ele que dá toda força a enfrentar de pé os insensíveis.

    "Julgar é fácil. Exige só um olhar rápido.
    Compreender, não. Exige presença."

    Presença interesseira tem até demais, mas a que se refere aqui está escassa, Amiga.
    Um post bonito e aconchegante de quem sabe da área emocional devastada do ser humano atualmente.
    Recebe meu coração caloroso, tem muitos ao seu redor, bem sei, mas um a mais não é demais.
    Tenha um entardecer abençoado!
    Beijinhos fraternos



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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)