Diário
Exausta.
Ontem fiquei o dia de plantão para largar às sete da noite,
mas acabei ficando até as 7 da noite deste domingo.
Estou um pouco cansada, 😥 mas tudo certo.
As crianças sentiram falta, mas André compensou.🥰
E esta tudo certo! Há aprendizado em tudo e poesia também.
Mesmo na exaustão, sinto que cada minuto tem seu sentido. Cada plantão me ensina paciência, cada hora a mais me lembra da importância de valorizar o tempo ao lado de quem amamos. E mesmo quando o cansaço pesa no corpo e no coração, há um sopro de poesia no simples fato de existir, de continuar, de aprender com o dia que passou, e com a promessa de que amanhã haverá novos sorrisos para meus pequenos e abraços para minha família.
Exausta, sim. Mas ainda assim, inteira.
Depois de um bom banho,
e um desabafo, vou descansar😉
Boa noite!
Fernanda
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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)