✿Aguarde os próximos capítulos...✿

Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

27 outubro, 2025

Uma conversa com Clarinha

Aleatoriamente um toque de poesia



Mãe, podemos conversar?

Sim, meu amor!

Mãe, eu poderia parecer com você, não é? Digo… você é toda beleza, e eu queria ser assim.

Sorri. Fiquei um pouco sem saber o que responder, porque essa palavra beleza tem tantos significados.
Filha, eu não sei exatamente o que é esse “toda beleza” que você quer dizer, mas você tem meus gestos também.

Ela me olhou com aqueles olhos que sempre parecem procurar algo mais.
Lá na escola, quando você me deixa, todos ficam admirando tudo em você. E eu fico muito feliz, porque a minha mãe se destaca diante dos professores e das minhas colegas de classe...

Suspirei, sentindo um misto de ternura e surpresa.
Meu amor, sabe quando a mamãe desce do carro pra te deixar lá dentro? O meu coração pede isso. Quero ficar com você mais um pouquinho… é porque te amo tanto, que todos os segundos com você, meu anjinho, são especiais.

Voltei pra casa pensativa.
Fiquei lembrando das palavras da Clarinha, tão pequenas e tão grandes ao mesmo tempo.
Talvez a beleza que ela vê em mim não esteja no espelho, mas no amor que a acompanha todos os dias  no abraço antes da escola, no beijo apressado, no cuidado silencioso.

E percebi que, sem perceber, ela já é muito parecida comigo.
Não pelo rosto, mas pelo coração.

Mais tarde, quando a casa finalmente silenciou e o barulho do dia se dissolveu no escuro, fui até o quarto da Clarinha. Ela dormia profundamente, abraçada ao ursinho que já perdeu uma orelha, mas continua sendo seu melhor amigo depois de mim. Fiquei parada ali por alguns instantes, só observando. Há algo de sagrado nesse momento em que uma mãe contempla o sono da filha é como se o tempo parasse e o amor respirasse em silêncio.

Toquei de leve os cabelos dela e me lembrei da conversa da manhã.
“Toda beleza”… repeti baixinho.
E sorri, porque entendi.
O que ela via em mim não era vaidade, era afeto. Era o brilho de quem se esforça para estar presente, mesmo cansada. Era o perfume do cuidado, o gesto simples de quem ama com inteireza.

A beleza que Clarinha enxerga não mora na aparência mora na forma como o amor se manifesta.
E é curioso… porque nós, mães, passamos tanto tempo tentando ensinar os filhos, e são eles que acabam nos revelando o que realmente importa.

Beijei sua testa e sussurrei:
“Se um dia quiser parecer comigo, que seja nesse amor, filha. Nesse amor que não tem medida, nem fim.” Apaguei a luz e saí devagar, sentindo uma paz mansa me acompanhar até o quarto.
E lá dentro de mim, algo me disse que Deus também deve nos olhar dormindo  com o mesmo tipo de amor: calado, inteiro, eterno.


Fernanda

Reflexão:
Às vezes, Deus se revela nas pausas.
Não é no grande milagre, nem nas respostas apressadas, 
mas naquele momento simples em que o coração respira.
Ele se faz presença no silêncio das manhãs, 
no som dos passos que voltam sozinhos, 
na luz mansa que toca o rosto e diz:
 Eu estou aqui.

4 comentários:

  1. Pero qué bonito lo que te dice tu pequeña niña, ¿sabes? ella te ve con los ojos del corazón. Así te ve. Con amor. Y siempre serás la más guapa de todas las madres, la madre ejemplar y única. Y eso es lo más bonito de la vida. Cuando los hijos nos admiran y nos encuentran tan bellas porque nos adoran con el corazón.

    Me ha encantado esta entrada, querida Fernanda, tan tierna, y adorable como tu hija, que es como tú.

    Un placer disfrutar de tus entradas. Que tengas una feliz semana.

    Besos enormes.

    ResponderExcluir
  2. Nanda, querida amiga... me emocionou muito o teu texto!... A Clarinha é um Anjo do Céu!... E tu és uma mamãe amorosa com o coração transbordante de ternura.
    O amor da Clarinha por ti, é um sentimento natural e ao mesmo tempo imenso. Não precisa de grandes palavras nem de gestos complicados. Vive nas pequenas coisas: num abraço apertado ao acordar, num desenho cheio de cor, feito para ti, ou num "te amo mamãe" dito sem motivo.
    Para a Clarinha, Tu és o primeito lar- aquele lugar onde tudo é seguro e o mundo faz sentido. És quem transforma lágrimas em risos, medos em coragem e noites escuras em noites de luz e conforto. O amor que a Clarinha sente por ti é instintivo, inocente, puro e verdadeiro; não pede nada em troca, apenas a tua presença e o carinho que conhece desde o primeiro instante de vida.
    Nos teus olhos, a Clarinha encontra o reflexo dessa ternura. E, no seu coração, tu ocupas o espaço mais bonito - aquele onde mora o amor, a ternura, a confiança, o cuidado, a gratidão...
    O amor da Clarinha por ti é, a forma mais pura de amor: não conhece condições, não entende de tempo, e permanece mesmo na pureza das palavras simples que tudo dizem!...
    E tu... és uma mamãe linda sim!...

    Um carinhoso abraço para ti minha amiga!

    ResponderExcluir
  3. Clarinha ,bem orgulhosa da beleza da mamãe Nanda e vê em ti a beleza que nela existe também! beijos praianos às duas lindas por dentro e fora! chica

    ResponderExcluir
  4. Boa tardinha de paz, querida amiga Fernanda!
    Tudo beleza por aqui, mas o final... ah! que final deslumbrante!
    "O amor calado, inteiro, eterno."
    São bem poucos os que amam assim...
    De tão profundo, chega cala até as entranhas... medula, coração, membros...
    total, tudo entra no rol do amor, nada fica de fora.
    Eterno, no mundo efêmero, só mesmo o amor de mãe.
    A fila anda de forma estupida e irracional.
    Querida, bom saber que mais dois seres vão caminhando no caminho da beleza rara...
    Deixo dois beijinhos na tarde abençoada.
    Beijinhos fraternos


    ResponderExcluir

depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)