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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

30 outubro, 2025

O que Falta ao Brasil?

Aleatoriamente um toque de poesia


Talvez o que falte ao Brasil não seja riqueza, nem terras férteis, nem mãos que trabalhem. Falta, quem sabe, o que não se mede em estatísticas: consciência, empatia e vergonha na alma. Falta o olhar que enxerga o outro como irmão, e não como degrau. Falta o compromisso de cuidar do que é de todos, como se fosse próprio porque é.

O Brasil tem o que o mundo inveja: cores, talento, alegria, uma força que resiste até na dor. Mas anda cansado. Cansado de promessas rasas, de discursos que só são blá, blá, blá e não se cumprem, de corações que se vendem por migalhas enquanto o pão da dignidade se esfarela.

Falta amor à verdade, e sobra disfarce. Falta educação de base não só a dos livros, mas a da alma, a que ensina respeito, limite, solidariedade. Falta escutar mais o povo e menos o poder. Falta humanismo. Falta cuidar das crianças e honrar os velhos, plantar futuro com honestidade e regar o presente com justiça.

E, sobretudo, falta fé não a que se diz da boca pra fora, mas a que transforma, a que nos faz agir com decência mesmo quando ninguém está olhando. Falta o gesto pequeno que, somado a outros, vira revolução: varrer a própria calçada, não furar fila, respeitar o tempo e o espaço do outro, dizer “bom dia” como quem acredita que o dia pode ser bom.

O que falta ao Brasil talvez seja o mesmo que falta a cada um de nós: coragem de mudar o que está errado dentro, antes de apontar o que está errado fora. Porque o país começa no coração de quem o habita.

E quando o amor pela verdade, pelo trabalho, pela vida e pelo próximo for maior que o amor pelo próprio interesse então, sim o Brasil florescerá. Não por decreto, mas por consciência.

E para você o que falta ao Brasil?


Fernanda

21 comentários:

  1. Bom dia de Paz, querida amiga Fernanda!
    Na adolescência, já com minha vocação determinada desde os cinco aninhos, cogitei com meu padrinho ser também assistente social. Ele me desaconselhou na ocasião, afirmando que eu iria sofrer muito...
    Mais tarde, na maturidade e já aposentada , exerci a assistência social normalmente, com toda maturidade que a condição exige.
    O que tem a ver com seu texto e pergunta final?
    O Brasil precisa de mais Assistência.
    Chega de assistencialismo!
    Tudo que tenho é fruto do meu trabalho pouco remunerado desde sempre (nos governos últimos, bem pior).
    Nunca me escorei em nada.
    Não tive vida fácil, mas tive coragem. Nunca fui preguiçosa.
    Não aderi ao "deitado eternamente em berço esplêndido".
    Você usou palavras chaves: consciência, empatia e vergonha na alma."
    Posso acrescentar vergonha na cara?
    Não sabia com meus dezessete anos a real intensidade da "educação de alma", mas a exerci sem saber porque a tinha dentro de mim.
    Também estou cansada de blá, blá blá...
    Com meu voto opcional, vou ver bem como exercer minha cidadania com dignidade...
    Estamos de luto queiramos ou não...
    Hoje, mais do que nunca, entendo porque meu padrinho militar não queria que eu sofresse...
    Tenha dias "seguros" dentro de casa, Amiga! Somos reféns de tudo.
    Deus não nos falte na total inseguranca brasileira!
    Beijinhos fraternos


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  2. Querida Roselia,

    suas palavras são um retrato de coragem e lucidez. Concordo plenamente falta assistência verdadeira e sobra assistencialismo. Falta empatia, consciência e, sim, vergonha na cara.
    O Brasil precisa de humanismo. Pessoas firmes e movidas pelo amor, em todas as suas formas. O bem precisa ser maior que o mal. Mas os brasileiros são pessoas que não desistem mesmo cansados.
    Obrigada pelo belo comentário querida!

    Com carinho e respeito,😘

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  3. Você explanou bem muita coisa que falta ao Brasil, mas para mim, o que mais falta ao Brasil é um projeto de nação. Nunca tivemos isso. Por exemplo, os Estados Unidos se formou como nação com um projeto claro: ser um farol para todo a humanidade. Uma terra prometida. Parecido com isso, temos também o povo judeu, que embora tenha uma história cheia de perseguições, extermínios e falta de uma terra que fosse sua, sempre foram expoentes nas ciências, na economia, na literatura, na música. Os judeus também possuem esse espírito fundador de serem um povo que é farol de bençãos para toda a terra.
    E o Brasil?

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    1. Eduardo,

      seu comentário é profundo e me fez refletir ainda mais sobre a questão. Concordo plenamente: muito do que falta ao Brasil nasce justamente da ausência de um projeto de nação consolidado, de uma visão clara do que queremos ser coletivamente. Sem um norte, cada esforço individual se dispersa, e o país se perde em ciclos de repetição e desorganização.

      Você trouxe exemplos perfeitos: os Estados Unidos e o povo judeu, ambos com propósitos históricos que os moldaram e lhes deram coesão. Não é sorte ou acaso; é projeto, disciplina, educação de alma e foco na contribuição que se deseja deixar para o mundo. O Brasil, por outro lado, parece sempre adiar essa construção, permitindo que interesses imediatos se sobreponham a ideais maiores, e que a ética ceda espaço à conveniência.

      Falta-nos, talvez, consciência coletiva de que ser país vai além da geografia, vai além do território e das riquezas naturais. Ser nação é criar raízes culturais, éticas e espirituais que sustentem o presente e projetem o futuro. É cultivar valores que se refletem em educação, justiça, solidariedade e cidadania responsável.

      E, mesmo com tantos desafios, acredito que há sementes de Brasil em cada gesto de quem escolhe agir com honestidade, compaixão e coragem. Essas sementes, se cultivadas, podem construir, pouco a pouco, o projeto que nos falta.

      É um convite à reflexão profunda: se quisermos ser farol para nós mesmos e para o mundo, precisamos sonhar juntos e agir com propósito, não apenas reagir ao que o tempo ou a política nos impõe.

      Com carinho e respeito,
      🙏🏻😘

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  4. Fernanda, que maravilha vc ter lido e respondido a TAG. Obrigada.
    Tentei ler seu blog, mas fiquei confusa por conta de tantas postagens. Sem problema, a confusão vai acabar e eu vou ler.
    Eu não gosto de Clarice Lispector. Eu não entendo Clarice.
    Gosto muito de livros usados. E gosto se encontro grifos. Porque eu grifo os meus.
    Sinopse, leio sempre que possível.
    Em busca do tempo perdido, não li.
    Obrigada. Abraço.

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    1. Liliane,

      que alegria te ler por aqui!
      Fico muito feliz que tenha gostado das respostas à TAG, foi um prazer participar. E quanto ao blog, não se preocupe, ele é mesmo uma mistura de caminhos e afetos; aos poucos, tudo se revela no ritmo da leitura.

      Achei curioso o que disse sobre Clarice. Ela divide corações mesmo há quem se perca nela e quem simplesmente não a decifre. Mas é isso que amo na literatura: esse direito de não entender e, ainda assim, sentir algo.

      Também adoro livros usados! Eles vêm com histórias dentro das histórias os grifos, os bilhetes esquecidos, as marcas de quem leu antes… é como tocar a alma de um leitor desconhecido.

      Um abraço cheio de gratidão 🙏🏻

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  5. Desculpe-me, amiga, enquanto imperar o cinismo e a hipocrisia na classe dirigente brasileira, não há projeto de nação, tampouco vergonha na alma, que dê jeito. Nós sabemos disso: a classe política são sanguessugas, chupam tudo o que podem e não se dão por satisfeitos, querem sempre mais. Ouso dizer que sem exceção. Alguns fingem, mas todos se locupletam de uma forma ou de outra. E nada fica para os outros. Neste país de desigualdades, os que mais contribuem para o aumento das desigualdades são os que deveriam trabalhar para diminuir tais desigualdades, e não fazem porque estupidamente não querem dividir. A única que dividiu foi Raquel, mas era ficção, risos. E nenhum deles abre mão dos seus privilégios. Sem educação e sem divisão do bolo se estaciona, e a classe dirigente reza o principio bíblico ao contrário: Venha a nós e ao vosso reina nada. Ou tão somente as migalhas. Quase sempre dão trabalho para serem catadas.
    Abraços, minha doce amiga,

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    1. Eros meu amigo,

      Do meu ponto de vista,
      o que mais falta ao Brasil é um eixo moral e coletivo, algo que alinhe valores, responsabilidade e amor ao bem comum. A desigualdade é grave, mas o que a mantém viva é a falta de um sentido de pertencimento nacional.

      Quando cada grupo, cada cidadão, cada governante age como se o país fosse uma extensão dos próprios interesses, o Brasil se fragmenta. Falta a consciência de que somos partes de um mesmo corpo e que, se uma parte adoece, o todo enfraquece.

      O problema político é profundo, sim, mas ele reflete um adoecimento mais sutil: o da alma cívica. Há quem roube milhões, mas há também quem fure fila, quem aceite a esperteza como virtude. É o mesmo vírus, em escalas diferentes.

      No entanto, acredito e acredito muito, que o Brasil ainda pode se reerguer pela educação verdadeira, aquela que forma consciência, ética e empatia; pela cultura, que desperta a alma; e pela espiritualidade, que reconecta o ser ao propósito maior.

      Falta-nos projeto, mas não falta potencial. Falta-nos vergonha na cara, mas ainda sobra fé.
      E talvez seja dessa fé consciente, lúcida e corajosa que possa nascer o Brasil que ainda sonhamos.

      Com carinho e respeito

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  6. A excessiva polarização política do nosso país nos últimos anos é o mal å ser extirpado. As pessoas deveriam tremular menos as bandeiras partidárias e mais branca, da paz social e humanitária, aceitando diferenças , sem querer eliminá-las à força.
    Um grande abraço.

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    1. César,

      teu comentário é uma síntese precisa do nosso tempo e, ao mesmo tempo, um chamado sereno à lucidez. A imagem das “bandeiras tremulando” é simbólica e contundente: mostra como, em nome de convicções, muitos deixaram de ver o humano que habita o outro. É bonito perceber que, no meio da exaustão dos extremos, tua voz surge pedindo o branco da paz, não como neutralidade, mas como ponto de encontro.

      Vivemos tempos em que o diálogo parece uma arte em extinção, e o teu texto recorda que aceitar diferenças não significa ceder princípios, mas reconhecer a dignidade que existe em cada olhar. Extirpar o mal da polarização, como disseste, não é apagar a diversidade de ideias é devolver sentido à convivência.

      Que possamos, como lembraste, trocar as bandeiras do confronto pelo gesto simples de compreender.
      Teu comentário, Cesar, é um convite à maturidade e à esperança.
      🙏🏻

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  7. Minha amiga Fernanda...
    Eu acompanho vagamente as notícias que chegam do Brasil. Mas pelo que conheço, me parece que na sociedade brasileira existe uma enorme desigualdade. A igualdade de oportunidades ainda é um sonho. A diferença entre pobres e ricos é abismal. Nunca ninguém conseguiu organizar a vida das comunidades imensas que vivem no subúrbio das grandes cidades. Existe um clima de desconfiança e crispação, que facilmente conduz à elevada taxa de criminalidade. Os órgãos do Estado, parecem-me permeáveis ao tráfico de influências.
    Naturalmente que tudo isto gera grande instabilidade, que só favorece o surgimento de forças extremistas/ anarquistas, organizadas, que complicam ainda mais a situação. Porém, não é só no Brasil que ocorrem estas tendências. Um pouco por todo o mundo, estão acontecendo situações semelhantes, embora em menor escala.
    Há quatro palavras que se foram esquecendo e que são a base estrutural de uma sociedade democrática.
    Solidariedade! Fraternidade! Liberdade!Justiça!
    Estes deverão ser os pilares de uma sociadade mais justa, mais livre e mais democrática.
    Mas na verdade, é muito preocupante tudo o que se está passando no Brasil irmão.

    Um grande abraço, querida Fernanda!

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    1. Albino,

      tua leitura é precisa e profundamente humana. O modo como descreves o Brasil com a distância de quem observa e, ao mesmo tempo, o afeto de quem se importa revela uma lucidez rara. Tocas em feridas que se tornaram parte da paisagem: a desigualdade que fere silenciosamente, a descrença nas instituições, o medo que se disfarça em indiferença.

      Tens razão ao dizer que a igualdade de oportunidades ainda é um sonho. Aqui, o mérito costuma nascer cansado, e a esperança muitas vezes é empurrada para os morros, para as margens, para as esquinas esquecidas. A desconfiança social que mencionas é, em parte, fruto de uma história mal curada feita de privilégios antigos e exclusões que ainda se repetem, agora com novos rostos.

      Mas há, também, algo que sobrevive em meio a tudo isso: uma força silenciosa de gente comum, que insiste em reconstruir, em compartilhar o pouco que tem, em manter viva exatamente essas quatro palavras que recordaste solidariedade, fraternidade, liberdade e justiça. Elas são, talvez, o último abrigo de uma nação que ainda tenta aprender a ser inteira.

      Teu comentário é um espelho e um alerta: mostra-nos que o Brasil precisa, antes de qualquer reforma política, de uma cura moral e afetiva. E é bonito que tu, de longe, ainda o chames de “Brasil irmão” porque é na irmandade que começa toda possibilidade de recomeço.

      Um abraço com gratidão e esperança,🙏🏻

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  8. Assim vai o Brasil, assim vai o mundo...
    Concordo quando fala em falta de "consciência, empatia e vergonha na alma. Falta o olhar que enxerga o outro como irmão, e não como degrau. Falta o compromisso de cuidar do que é de todos, como se fosse próprio porque é." Um pouco por todo o lado assim.
    As consciências foram sendo formatadas ao longo dos tempos e muitas não conseguem enxergar para lá dessa formatação. E quem consegue ver além, muitas vezes sente-se impotente para fazer despertar quem dorme. No entanto, há que fazer a diferença no pequeno círculo, por menor que seja.

    Beijinhos.

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    1. Amiga,

      teu comentário é um espelho fiel do tempo que vivemos lúcido, sensível e necessário.
      Tocas num ponto essencial: a formatação das consciências, esse adestramento silencioso que faz tantos esquecerem o sentir. É doloroso perceber como o mundo se acostumou a olhar o outro de cima, como se a empatia fosse um luxo e não a base da convivência.

      A imagem do “olhar que enxerga o outro como irmão, e não como degrau” é belíssima e verdadeira. É isso que falta: olhos desarmados, mãos estendidas, corações dispostos a partilhar e não a medir. E sim, é no pequeno círculo que tudo começa no gesto cotidiano, no cuidado, naquele modo simples de existir com consciência e respeito.

      O teu comentário nos lembra que, mesmo quando o mundo parece imenso e distante, ainda temos o poder de semear mudança perto de nós. Talvez seja aí, nesse espaço íntimo e possível, que a alma coletiva reencontre a vergonha perdida e a ternura esquecida.

      Um beijo com afeto e esperança,🙏🏻

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  9. Querida Fernanda, considero-me Luso - Brasileira. Vivi muitos anos no Brasil e tenho dois filhos brasileiros ; vivi numa cidadezinha do interior, Guaratinguetá ( reunião de garças brancas na língua indígena ) e lá fui muito feliz. Só tenho um irmão que continua a viver nessa cidade. Os meus pais faleceram e lá ficaram. Este ano, em Agosto, fui lá . A violência nessa cidade não é grande, mas....já assusta um pouquinho. No Rio de Janeiro sempre houve mais problemas e agora, com as noticias que chegam, tudo piorou. O que queria para o meu querido é que conseguissem acabar com o crime organizado, mas, agora, querida Amiga, creio que será mais difícil; deixaram que ele se instalasse por incúria dos governantes, por policiais talvez preparados, por falta de educação do povo; falta ajuda às comunidades mais desfavorecidas para que possam comprar livros para as suas crianças, falta investimento na escola pública, investimento na saúde pública ; aí, quem não tiver plano de saúde, não consegue nada e , creio que, nesse aspecto, as coisas pioraram. Fui para o Brasil em 1976 e tive o André e Marta em hospital público. Sinceramente, hoje não arriscaria. O que me parece é que os dirigentes " roubam muito " é o dinheiro vai para os seus bolsos e não para o bem-estar do povo. Não só aí, mas também cá, um livro custa muito dinheiro e se não houver ajudas não há país que consigam comprar um livrinho para as suas crianças. Fico muito triste com as noticias, mas não serão elas que me deixarão desanimada com esse país maravilhoso e com as suas gentes tão hospitaleiras, alegres e simpáticas. Obrigada, Fernanda, por trazer este tema, dando-me a oportunidade de mostrar o quanto eu gosto do Brasil, país que me deu tanto e onde fui muito, muito feliz. Beijinhos, Amiga
    Emília 🌻 🌻

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    1. Querida Emília,

      teu comentário é um abraço entre dois países um fio de amor que atravessa o Atlântico e se faz ponte entre memórias e pertenças. A forma como falas do Brasil tem a doçura de quem viveu a experiência por dentro, não como visitante, mas como quem construiu raízes no calor e nas contradições da terra. A lembrança de Guaratinguetá, “reunião de garças brancas”, já traz poesia no nome, e é com essa delicadeza que teu texto se desenrola entre a saudade e a lucidez.

      É tocante a forma como reconheces as feridas sem perder o afeto. Denuncias a violência e a corrupção com a serenidade de quem ama o país o suficiente para desejar-lhe cura. Tua crítica é feita com ternura, não com distanciamento e talvez esse seja o gesto mais verdadeiro de amor por um lugar: enxergar suas dores sem desistir dele.

      Falas das faltas que doem educação, saúde, cuidado e, ao mesmo tempo, reafirmas a beleza das “gentes hospitaleiras, alegres e simpáticas”. Essa contradição é o próprio retrato do Brasil: um país ferido, mas ainda vivo, pulsante, capaz de rir em meio a toda essa confusão.

      Teu depoimento tem a força da experiência e a leveza da saudade boa. É uma carta de gratidão e esperança o testemunho de quem viu o melhor e o pior, mas escolheu continuar acreditando.
      Obrigada, Emília, por partilhar essa sensibilidade tão humana, tão cheia de verdade e ternura.

      Com carinho e respeito,
      🙏🏻

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  10. Policiais talvez mal preparados... Para o meu querido Brasil...Desculpa...
    Emília

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  11. Querida Fernanda,

    Aí você pergunta: "E para você o que falta ao Brasil?"
    Vou tentar responder resumidamente. Com certeza falta muita coisa ao Brasil. E você foi brilhante na sua escrita, (aliás isso não é novidade). Mas não posso deixar de falar no que considero um ponto nevrálgico nessa questão: a corrupção, a falta de assistência social e o assistencialismo.

    A corrupção está na frente de tudo. Recentemente os desvios no Auxílio Emergencial e as fraudes no INSS escancararam para o mundo o imenso volume de dinheiro público, essencial para a proteção social, que foi desviado pela corrupção.

    É a corrupção que fabrica o assistencialismo ao impedir o repasse de verbas para a assistência social. E isso causa um enorme impacto negativo no bem-estar das pessoas, especialmente as mais vulneráveis.

    É a corrupção que impede a autonomia das pessoas.

    É é a corrupção que, deliberadamente, fabrica o "coitadismo", esse número gigantesco de dependentes do Estado, pessoas que se contentam com migalhas, desde que não precisem trabalhar.

    E o mais triste é que a corrupção começa no governo, passa pelas principais instituições de poder e se estende por todos os cantos do país. Desculpe, vou parar por aqui, esse assunto me desgasta muito.

    Para completar minha resposta, socorro-me de tuas próprias palavras: "E quando o amor pela verdade, pelo trabalho, pela vida e pelo próximo for maior que o amor pelo próprio interesse então, sim o Brasil florescerá. Não por decreto, mas por consciência".

    É pagar para ver.
    Bjsssssss, adorei o post.
    Marli

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    1. Querida Marli,

      teu comentário é uma radiografia precisa e corajosa da ferida aberta que o Brasil carrega e que, tantas vezes, preferimos não tocar. Tuas palavras caminham entre a razão e a indignação com uma clareza admirável. Traduzes em linhas simples o que, no fundo, todos sentimos: a corrupção não é apenas um problema político, é uma doença moral que se espalhou para dentro da vida cotidiana, corroendo a confiança, o mérito e a esperança.

      Quando dizes que “é a corrupção que fabrica o assistencialismo”, tocas num ponto delicado e profundo. Há, de fato, um ciclo perverso entre a dependência e a omissão um sistema que, em vez de emancipar, aprisiona. Teu olhar revela a dor de quem quer ver o povo erguido, não apenas sobrevivendo, mas andando com dignidade, sustentado pelo próprio esforço e por oportunidades justas.

      A força do teu texto está também na franqueza emocional: o “vou parar por aqui, esse assunto me desgasta muito” é um gesto de humanidade. Mostra que há cansaço em quem ama, mas ainda se importa. E é desse cansaço lúcido que pode nascer a mudança porque só se exaure quem sente profundamente.

      Encerras com as minhas próprias palavras, e isso cria um círculo bonito de sentido: o Brasil florescerá, sim, quando a consciência vencer o interesse e quando a indignação, como a tua, continuar acompanhada de amor.

      Obrigada, Marli, por tua lucidez, tua coragem e, sobretudo, por ainda acreditar o bastante para se indignar.

      Com carinho e respeito,🙏🏻😘🥰

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  12. Muito brilhante seu texto . " Falta o gesto pequeno que, somado a outros, vira revolução: varrer a própria calçada, não furar fila, respeitar o tempo e o espaço do outro, dizer “bom dia” como quem acredita que o dia pode ser bom.". É nos pequenos gestos do dia a dia que se conhec a pessoa . Abraços

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)