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12 outubro, 2025
Quando ainda está claro
Um comentário:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Boa noite de domingo, querida amiga Fernanda!
ResponderExcluirLi seu poema com o mesmo sentimento que senti uma certa vez num dia chuvoso, aliás mais de uma vez, mas me inspira muita saudade...
O chão molhado, os respingos... nas folhas, na calçada, na rua formando poças...
A interiorização que o cheirinho bom de chuva ´provoca nos sentidos é fenomenal e amorosa.
Mas... me dá MUITA saudade de um monte de gente querida que se foi... sem me pedir nenhuma licença e... dói.
Entendo o que sente ao chegar em casa com o corpo úmido... em meu caso, de lágrimas que se juntam às gotas... eu até gosto de caminhar na chuva pelo calçadão, assim ninguém vê minhas lágrimas que escorrem...
Tenha uma nova semana inundada de bênçãos, querida!
Beijinhos fraternos com gostinho de terra molhada.