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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

12 outubro, 2025

Quando ainda está claro

Aleatoriamente um toque de poesia


Gosto de caminhar  quando ainda está claro.
Há algo de sereno nesse fim de tarde em que o dia começa a se despedir devagar, sem pressa, como quem espera a noite chegar de mãos dadas com o silêncio.

A chuva me anima. As gotas escorrem silenciosamente pelas janelas das casas, como se o Céu acariciasse o vidro. O som é leve, quase uma canção.
E do lado de fora, a rua parece imersa em uma nova estação, o ar muda, as cores se dissolvem, o tempo abranda.

Caminho devagar, sentindo o cheiro de terra molhada e o vento fresco que sopra entre as árvores. É nesses instantes que a vida me parece mais bonita: quando não acontece nada de extraordinário, mas tudo é essencial. Há uma paz simples em chegar em casa assim com o corpo um pouco úmido, o coração tranquilo e a alma lavada de chuva.



Fernanda

19 comentários:

  1. Boa noite de domingo, querida amiga Fernanda!
    Li seu poema com o mesmo sentimento que senti uma certa vez num dia chuvoso, aliás mais de uma vez, mas me inspira muita saudade...
    O chão molhado, os respingos... nas folhas, na calçada, na rua formando poças...
    A interiorização que o cheirinho bom de chuva ´provoca nos sentidos é fenomenal e amorosa.
    Mas... me dá MUITA saudade de um monte de gente querida que se foi... sem me pedir nenhuma licença e... dói.
    Entendo o que sente ao chegar em casa com o corpo úmido... em meu caso, de lágrimas que se juntam às gotas... eu até gosto de caminhar na chuva pelo calçadão, assim ninguém vê minhas lágrimas que escorrem...
    Tenha uma nova semana inundada de bênçãos, querida!
    Beijinhos fraternos com gostinho de terra molhada.

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    1. Querida Roselia,

      que mensagem mais sentida e bonita…
      Suas palavras têm o mesmo perfume da chuva misturam ternura, lembrança e aquele silêncio que só quem sente saudade conhece. Também me toca essa imagem das lágrimas se confundindo com as gotas, porque há uma delicadeza profunda em transformar dor em poesia. Um beijo com carinho, e que esta nova semana venha leve, perfumada e cheia de paz.

      😘🙏🏻

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  2. Lindo texto que surge de uma caminhada ao final do dia e também gosto do cheirinho da chuva, o barulhinho dela e do pisar sobre folhas...Enfim, a natureza nos preenche o dia!
    beijos praianos, chica

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    1. Chica querida,

      Você tem razão a natureza realmente preenche nossos dias com poesia simples: o som da chuva, o cheiro da terra molhada, o toque das folhas sob os pés… tudo isso é um abraço do mundo na gente.

      Beijos 😘🙏🏻

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  3. Caminhar devagar, sentindo o cheiro de terra molhada e o vento fresco que sopra entre as árvores. É quando tudo lhe parece mais bonito e essencial. Que maravilha de texto. Tão sentido, tão simples, tão belo.
    Tudo de bom para si.
    Um beijo.

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    1. Graça querida,

      que comentário mais sensível 🤗
      Há tanta beleza nesse olhar que valoriza o simples o vento, a terra molhada, o caminhar sereno. É exatamente nesse ritmo calmo que a vida revela o essencial. Um beijo com carinho e admiração por sua delicadeza nas palavras.

      😘🙏🏻

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  4. Gosto de chuva. De chuva miudinha, benfazeja. Gosto quando a sinto lá fora e abro a janela e sinto o cheiro a terra molhada. Gosto de a sentir a molhar-me a roupa, os pingos percorrendo os meus cabelos, o tempo nublado e o ar fresco e afagar-me as narinas. Talvez porque na minha terra chova pouco e é quase um milagre quando a chuva vem e cai dos céus num convite a aceitá-la como visita que sabe ser desejada.
    O seu texto trouxe-me esse cheiro e o caminhar ao pôr do Sol, com os últimos raios a aquecer-nos e a segredar coisas que envolvem o coração.
    Beijinhos
    Olinda

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    1. Olinda querida,

      que comentário lindo!
      Você descreve a chuva com tanta ternura que quase dá pra sentir o cheiro da terra e o frescor do vento nas entrelinhas. Essa imagem da chuva como visita desejada é pura poesia um convite ao sentir, ao recolhimento e à gratidão pelas pequenas bênçãos da natureza.
      Beijinhos com carinho e admiração por sua sensibilidade tão luminosa.
      😘🙏🏻

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  5. O médico me mando caminhar.
    Minha esposa me manda caminhar.
    Minha mãe me manda caminhar...
    Mas eu tenho uma preguiça montada no lombo que acabo descumprindo as ordens de todos eles.
    Mas em um momento de contemplação como esse do texto, aí sim caminhar vira uma coisa bacana.
    Sem compromisso.
    Isso só faz bem.

    Um abração minha amiga Fernanda!!

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    1. Andre,

      seu comentário é ótimo leve, divertido e cheio de verdade! 😄
      É mesmo assim: quando a caminhada deixa de ser obrigação e vira contemplação, tudo muda. A preguiça até dá licença, e o passo vira prece.
      Um abraço carinhoso, meu amigo, e que venham muitas caminhadas assim sem pressa e com alma!

      🙏🏻

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  6. Muito bonito! Os meus parabéns!

    A tua opinião é muito importante, por isso gostava de pedir 3 minutos do teu tempo, para responderes ao questionário de consulta e satisfação sobre o meu blog. É muito simples, basta clicares aqui.
    Obrigada!

    Bjxxx,
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  7. Olá Fernanda,
    Estava a ler-te e a sentir uma serena pranquilidade e uma paz linda, neste final de tarde que está a despedir-se. Estou a olhar pela janela e vejo o sol, com o seu maravilhoso fogo crepuscular, prestes a mergulhar nas águas do mar. É um espetáculo breve... mas fascinante!...
    Ainda mais, porque estou ouvindo Beethoven enquanto escrevo!
    É bom sentir essas sensações. Também gosto de ver as gotas de chuva escrevendo poemas imaginários nos vidros da janela. Como eu digo no meu livro, as coisas banais, trazem sempre consigo a complexidade das sensações que sentimos...

    Grato pelas belas palavras que me deixaste.
    Um abraço minha amiga!

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    1. Olá Albino!


      que comentário mais lindo.
      Consegui imaginar a cena o sol se despedindo, Beethoven ao fundo e essa serenidade que envolve o instante. Suas palavras têm o dom de transformar o simples em sublime, de mostrar que a beleza está justamente nas pequenas coisas, nas que tocam a alma sem alarde.
      Um abraço cheio de luz e gratidão por essa delicadeza poética que partilha sempre.

      🙏🏻

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  8. Fernanda,
    Eu até antes d apandemia,
    gostava mesmo de correr.
    Não como os corredores profissionais,
    mas ao invés de caminhar, ou andar
    rapido, mas correr sem pressa de
    chegar mas com ritmo. Resolvi muitas
    questões da minha vida durante uma
    corrida, porque limpava meu celebro,
    assim por dizer. Depois do periodo da pandemia, quando liberados para conviver,
    eu já não conseguia mais correr sem ficar
    morrendo. Então caminhar é e sempre será meu prazer. Caminho, ceinho, ou a tardinha e no verão a noite e na volta em
    todas as caminhadas dou uma entrada no mar e volto pra casa renovada. Hoje não caminho mais para pensar, pelo contrario,
    caminho para não pensar em nada, não uso fones e não gosto de caminhar acompanhada. Faço questão de não parar
    para cumprimentar ninguém, mas olho, escuto e sinto tudo ao meu redor por onde vou passando.
    Adorei vir aqui hoje, começando a minha semana.
    Boa Semana!
    Bjins
    CatiahôAlc.

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    1. Cátia,

      que relato!
      Adorei como você descreve a corrida e a caminhada como caminhos da alma antes para pensar e resolver, hoje para simplesmente sentir e estar presente. Há algo de profundamente poético em caminhar sozinha, sem pressa, observando e escutando o mundo ao redor, como se cada passo fosse uma meditação em movimento. Obrigada por compartilhar essa experiência tão verdadeira e inspiradora. Um beijo carinhoso e uma semana cheia de leveza!

      🙏🏻

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  9. Oi, Fernandinha, eu adoro chuva, vento não muito forte, e isso para ficar em casa, lendo, pensando e colocando no papel com aquele barulhinho de chuva. Para sair gosto de sol, e dia fresquinho. Verão quente não!
    Lindo como descreves uma volta com dia claro, assim também gosto. Não sou amiga da noite, para ficar em casa sim...E com um pôr do sol daqui é lindo, deves conhecer por fotos, pôr do sol do rio Guaíba...
    Uma feliz semana, querida, com muita paz por aí!
    Beijinho!

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    1. Taís lindona,

      que comentário cheio de sensibilidade!
      Adorei como você compartilha seus encantos com o tempo e com a natureza a preferência por dias claros e fresquinhos, a paz de ler e escrever ao som da chuva, e a alegria silenciosa de observar um pôr do sol como o do Guaíba. Sua descrição transmite cuidado e atenção aos detalhes do cotidiano, e isso nos aproxima do prazer simples de viver cada instante com consciência e delicadeza. É bonito perceber como você valoriza momentos de quietude, de introspecção, e como consegue relacioná-los à beleza natural à sua volta. Seu texto inspira serenidade e nos lembra que a felicidade muitas vezes mora em pequenos gestos e em estar presente.

      Beijinho carinhoso e uma semana repleta de paz e luz!
      Minha doce e linda amiga😘🙏🏻

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)