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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

11 novembro, 2025

Adultério

Aleatoriamente um toque de poesia
Textos reflexivos, em homenagem ao Natal

Introdução:
Jesus nunca falou do adultério apenas como uma quebra entre dois corpos.
Ele falou da alma que se desvia de si mesma, do amor que se contamina pelo engano, da verdade que se troca por aparência. Quando se inclinou e escreveu na terra, diante da mulher acusada, Ele não estava julgando o erro, mas revelando a cegueira dos que se acham puros.
Quis mostrar que o adultério começa muito antes do ato começa quando o olhar se corrompe, quando a palavra deixa de ser sincera, quando o coração trai o que sente e o que promete.
O ensinamento de Jesus não foi sobre condenação, mas sobre recomeço, sobre a possibilidade de voltar à verdade do amor depois de se perder no caminho.
________________

Texto: A Mulher e as Pedras

Jesus um dia foi questionado sobre uma mulher apanhada em adultério. Queriam que Ele a condenasse.

O sol ainda nascia quando trouxeram a mulher.
Arrastada, descomposta, cercada por olhares de fúria e dedos prontos para acusar.
Diziam: “Foi apanhada em adultério!” e o eco da palavra soava como sentença.

Queriam ver o que Jesus faria.
O mestre, que pregava o amor e o perdão, agora tinha diante de si a lei, a multidão e a mulher de cabeça baixa, tremendo entre o medo e a vergonha.

Ele não respondeu de imediato.
Apenas se abaixou e começou a escrever na terra.
O pó levantava com o vento, o murmúrio crescia e Jesus, calado, escrevia.

Insistiram: “Mestre, Moisés mandou apedrejar. E Tu, o que dizes?”
Então, Ele ergueu o olhar, e sua voz cortou o tumulto com a serenidade dos que veem o coração humano por dentro:

“Aquele que dentre vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra.”

O silêncio caiu como chuva sobre a raiva.
Um a um, foram deixando as pedras no chão.
Os mais velhos primeiro talvez porque sabiam o peso do erro, e depois os mais jovens, até restarem apenas Jesus e a mulher.

“Mulher, onde estão os que te condenavam? Ninguém te condenou?”
Ela respondeu: “Ninguém, Senhor.”
E Ele disse:

“Nem Eu te condeno. Vai, e não tornes a pecar.”

Não houve discurso. Não houve castigo. Houve compaixão.
Jesus sabia que o adultério é apenas um espelho rachado de uma alma que perdeu o caminho.
Sabia também que, entre a culpa e o arrependimento, há uma jornada que só o amor é capaz de conduzir.

Naquela manhã, a lei cedeu lugar à misericórdia.
E o pó onde Jesus escrevera ficou marcado, não com o nome de quem errou, mas com o gesto de quem perdoa.

Porque o adultério pode ser a queda
mas o perdão é sempre o recomeço.

O adultério não é só o que se faz entre corpos.
É tudo o que se adultera o que se falsifica dentro do coração.
Adulterar é trair o que é puro, é distorcer o amor, a verdade, a própria consciência.

Há quem adultere o afeto quando promete o que não sente.
Quem adultere o tempo quando vive fingindo pressa para não se escutar.
Quem adultere a fé quando diz “Senhor, Senhor”, mas não perdoa nem o irmão da casa ao lado.

Adulterar é mentir ao coração, é vender o silêncio da alma por um instante de ilusão.
E Jesus sabia disso.
Por isso, quando olhou para a mulher, viu mais que o pecado, viu a humanidade inteira, com suas quedas e disfarces, com o medo de ser descoberta e o desejo profundo de ser acolhida.

Naquele olhar, Ele não enxergou apenas uma transgressão, mas todas as adulterações da vida:
os amores por conveniência, as palavras sem verdade, as promessas feitas por medo, os gestos sem coração.

E o que fez Jesus diante disso?
Perdoou.
Não para absolver o erro, mas para mostrar que o perdão é o único elo entre o que fomos e o que ainda podemos ser.

Porque só quem é capaz de olhar para dentro de si e reconhecer suas próprias adulterações entende o peso e a beleza dessa frase:

“Vai, e não tornes a pecar.”

O adultério, no fundo, é o distanciamento de si mesmo.
Mas o perdão é o retorno lento, humilde, luminoso àquilo que é verdadeiro em nós.



Fernanda

Queridos amigos:

Hoje compartilho com vocês a introdução de uma nova crônica que venho amadurecendo.
 “Quando Jesus falou do adultério”.
Mais do que tratar do pecado em si, o texto busca compreender o que realmente Jesus quis ensinar: que o adultério é tudo aquilo que adultera a alma, que desvia o coração da verdade, e que o perdão é sempre o convite para o recomeço.

Gostaria muito de saber a opinião de vocês:
👉 Como vocês interpretam essa passagem?
👉 O que Jesus quis revelar ao dizer “aquele que estiver sem pecado, atire a primeira pedra”?
👉 E, para vocês, o que significa adulterar hoje em nossos gestos, palavras e afetos?

Deixem nos comentários o que sentiram ao ler esse início.
Será uma alegria construir essa reflexão juntos.

2 comentários:

  1. Boa tarde de Paz, querida amiga Fernanda!
    Um post e tanto...
    Vou lhe confessar uma coisa:
    NUNCA traí.
    Não é da minha natureza. Não foi porque é 'pecado ' nem nada similar. Nunca senti vontade. Gracas a Deus! Sentiria peso na consciência. Não foi por falta de oportunidade tampouco.
    Sei que tem mulher e homem que traem com toda naturalidade pelos mais diversos motivos.
    O que sinto de verdade é que quem ama não trai.
    Creio ser impossível, se há AMOR...

    A passagem bíblica da Samaritana me lê, mesmo não tendo sido mulher prostituida (pela Graça de Deus).
    Gosto tanto dela que, ao criar o primeiro blog, coloquei no template a imagem da passagem em questäo.
    Para mim, ela é claríssima.
    -Senhor, eu não sou digna de atirar a primeira pedra (nem a última), mas dizei uma só palavra e serei salva.
    Sinto o extremo gesto da Misericórdia Divina.
    Se não temos um pecado X, temos um Y...
    Assim que, primeiro devemos olhar para nosso nariz, depois, para o nosso de novo e de novo...
    Deus é a MISERICÓRDIA INFINITA.

    Adultero em relação a mim muitas vezes, quando penso mais nos outros a ponto de me prejudicar à saúde e outros.
    Adultero quando sou egoísta.
    Adultero quando não sou grata a Deus o suficiente.
    Adultero quando sou conivente com a sociedade corrupta a fim de ganhar vantagem pessoal.
    Ah! Amiga, têm tantos adultérios que estamos Incluidos como sociedade... que não deveriamos nos ater ao pé da letra como fazem muitos ao ler a Palavra de Deus e acaba até se mutilando para não errar no alvo (pecar)...
    A questão é como você disse acima Aqui no post:

    "Há quem adultere o afeto quando promete o que não sente.
    Quem adultere o tempo quando vive fingindo pressa para não se escutar."

    Como você foi feliz e Inspirada ao escrever tais parágrafos...
    Menina, Deus te usa para mexer em feridas abertas da sociedade.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos fraternos



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    Respostas
    1. Querida Roselia

      Suas palavras são um testemunho vivo daquilo que Jesus realmente quis ensinar que o adultério ultrapassa os limites do corpo e alcança as regiões mais sutis da alma. Também acredito, como você, que quem ama de verdade não trai nem o outro, nem a si mesmo, nem a Deus.

      E é lindo o modo como você amplia o sentido: adulterar é desviar-se da própria essência, é perder o eixo da gratidão, da sinceridade, da compaixão. Todos, em algum momento, nos vemos nesse perfil que revela não a culpa, mas a necessidade de voltar à verdade.

      A passagem da mulher samaritana e a do adultério se encontram na mesma luz: a da misericórdia.
      Jesus nunca buscou a perfeição buscou o reconhecimento do que somos, com nossas falhas e nossa fome de amor.

      Obrigada pela leitura tão sensível e por deixar o coração falar. Que o Cristo continue nos ensinando a olhar sem julgar e a amar sem medidas.
      🙏🏻😘

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)