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07 novembro, 2025
Binário
20 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)

Boa noite de paz, querida amiga Fernanda!
ResponderExcluirEntro, com sua licença, no entremeio do seu poema e teço junto com suas nuances.
Posso?
Sigo a sua ordem do post... fico no meio do seu 0 e 1...
0,5 poema poderoso
0,5 poema iluminado
0,5 poema carinhoso
0,5 poema decidido
0,5 poema noturno
Vou encontrando também meu meio termo de vida...
Sei que me entenderá... ah! se sei...
Tenha um final de semana abençoado!
Beijinhos fraternos
Roselia, minha querida!
ExcluirPode sim, e com toda a alegria do mundo!
Teu jeito de entrar nos versos é como quem chega de mansinho e acende mais uma luz no poema.
Adorei esse teu 0,5 de tudo porque é justamente no meio, nesse ponto suspenso entre o zero e o um, que a alma se revela inteira.
Te entendo, sim… ah, se entendo.
Que o teu fim de semana seja doce, sereno e cheio de poesia desse tipo que mora nas entrelinhas da vida.
Com carinho 🙏🏻😘
Adorei o teu poema e a interação da Roselia, colocando o meio termo... Ficou DEZ! Entre O e 1 muito pode haver!!1 beijos às duas, lindo fds!chica
ResponderExcluirChica ,
ExcluirFico feliz que tenha gostado do poema e sim, Roselia e deu um brilho maior ao Binário. Roselia é dez! e sempre encontra esses caminhos luminosos entre o zero e o um.🥰
Entre uma pausa e outra, a vida se enche de significados… e de amigas queridas como vocês, que tornam tudo mais bonito.
Beijos com carinho e um fim de semana cheio de poesia e luz!🙏🏻😘
Realmente, o amor é a base de dinâmica para tudo.
ResponderExcluirAbraço de amizade.
Juvenal Nunes
Juvenal,
Excluirque alegria teu comentário verdadeiro, é exatamente isso: o amor é o eixo, o pulso, o que move e sustenta tudo o que realmente vale a pena. Sem ele, até o mais belo gesto perde cor; com ele, até o pequeno se torna sagrado.
Agradeço tua presença e tuas palavras.
🙏🏻
Olá Fernanda.
ResponderExcluirLindo poema esse.
Muito criativo também.
Entendi sua mensagem.
Eu sou adepto da ideia de que o dualismo não é a melhor solução.
Existem muitos pontos cinzas entre o branco e o preto.
Começando de cinzas bem claros, até os mais escuros.
Seu texto é muito bom para refletirmos sobre isso.
Tenha um ótimo final de semana.
Olá, Andre
ExcluirFico muito feliz que tenha gostado do poema e mais ainda por ter captado a essência da mensagem. Também acredito que a vida raramente se explica em extremos; ela se desenha nesses tons intermediários, onde o claro e o escuro se misturam e revelam nuances que só a alma atenta percebe.
Gostei dessa tua visão, tão ponderada, tão humana. Os “pontos cinzas” são mesmo o território da compreensão e talvez também da compaixão.
Obrigada pela leitura e pelo olhar reflexivo. Que teu fim de semana seja leve.🙏🏻
Me ha parecido muy original este poema, querida Fernanda, y además, con él nos das a entender sobre el dualismo en la vida.
ResponderExcluirPorque existe noche y día, sonrisa y lágrima. Todo forma parte de la vida. Incluso en la nada existe un punto de algo. Incluso, todo puede tener su intermedio. No todo es negro, no todo es blanco. No todo es lágrima, ni todo es sonrisa. También está el silencio.
Muy buena tu publicación, es un placer reflexionar contigo, cada uno desde como nos llega desde nuestro interior ,
Que pases un feliz fin de semana, Fernanda.
Besos enormes.
Querida María,
ExcluirSim, o dualismo é apenas o primeiro degrau da compreensão: a vida é feita dessas passagens sutis entre o claro e o escuro, entre o riso e o pranto, entre o som e o silêncio. É nesse “entre” que moram as maiores revelações.
Gostei muito da tua frase: “Incluso en la nada existe un punto de algo.” É tão verdadeira! Há sempre uma centelha, mesmo nas pausas. O silêncio, como não é ausência é presença em repouso.
Obrigada pela delicadeza do teu olhar e por essa troca bonita, que me faz sentir acompanhada na reflexão.
Te deseo también un fin de semana lleno de calma, luz y ternura.
Con cariño,🙏🏻
E aí a gente se enche de coragem e vai com medo mesmo, viver cada dia, porque a vida segue sempre em frente, ela não dá uma paradinha ali do lado, esperando a nossa vontade de ir com ela.
ResponderExcluirUm grande abraço.
Perfeito, Fabiano
Excluiré isso mesmo a vida não espera, ela chama. E a coragem, muitas vezes, nasce justamente do medo.
🙏🏻
Eu gosto das dualidades que temos por aí. Amor - ódio, forte-fraco, seco-molhado, duro - mole, doce- amargo...e tantos outros. Mas como você bem sugere nesse lindo poema filosófico, a vida não cabe só nas polaridades. A vida vai se fazendo através de pontos infinitesimais.
ResponderExcluirEduardo,
Excluirque comentário lindo e sensível! Sim… a vida escapa das bordas, não se deixa prender nas extremidades. Ela pulsa nesses intervalos sutis, nos tons que existem entre o claro e o escuro exatamente nesses pontos infinitesimais que você mencionou com tanta precisão poética.
Fico feliz que tenha sentido assim o texto.
Um abraço com carinho e gratidão pela leitura atenta,
🙏🏻
Que linda forma de postagem. Amei também da interação de Rosélia e Chica. Parabéns pela postagem. Um bom final de semana.
ResponderExcluirNal,
ExcluirFico muito feliz que tenha gostado da postagem e também das trocas com as meninas, Rosélia e Chica é tão bonito quando as palavras criam laços entre corações.
Obrigada pelo carinho e pela presença!
🙏🏻
Vi agora esse poesia/poema. Nem sei classificar.
ResponderExcluirInteressante a dualidade.
Eu estudava num cursinho pré vestibular e tinha um Professor que vivia recitando: "todo dia 26 eu comemoro a insensatez por ter deixado a mulher que mais amei".
Eu achava lindo. E depois descobri que é uma poesia (ou trecho de poesia) de Carlos Drummond de Andrade no livro Lição de Coisas.
Beijo,
Beijo,
Liliane,
ExcluirAdorei essa história e que encanto esse verso de Drummond, tão cheio de saudade e lucidez. Ele tinha esse dom raro de transformar a dor em poesia, de dar beleza até ao arrependimento. Fico feliz que o meu texto tenha te levado a essa recordação tão rica em sentimento.
Obrigada por compartilhar!
Um beijo grande, com carinho, 🙏🏻😘
Oi, Fernanda! A vida acontece entre o interstício entre um e outro. Baita poema. Abraço!
ResponderExcluirObrigada Luciano!
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